Thanks a Million 03/08/2024
"Pardo, paisano e pobre"
Um livro que fala bem mais do que simplesmente a cultura baiana ou as religiões africanas, que era o que eu esperava de começo, ele evolui à algo que é extremamente pertinente até os dias de hoje, incrível.
Para quem tinha literalmente 0 noção da cultura baiana e africana no geral, esse foi um livro bem difícil de ser lido, ele demora pra engatar, mas quando engata, rapaz, uma das melhores leituras que eu ja tive o prazer de insistir.
Um respiro de ar novo pra quem está acostumado com livros/filmes exaltando a figura da pessoa de alma alva, moral sem dúvidas, núcleo familiar tradicional e etc. Pedro Archanjo como já diz no título, é Pardo, paisano, pobre, mulherengo, cachaceiro, feiticeiro e um dos melhores seres humanos ficcionais que eu ja vi. (Tirando a parte de povoar o mundo, ficar com mulheres muito jovens tendo lá seus 60 anos, mas são os anos 60 né, quem sou eu pra julgar).
Essa fase de Jorge Amado me surpreendeu muito, sem medir palavras ou a criatividade, conseguiu criar um universo extremamente imersivo, ao ponto de eu realmente acreditar que Pedro existiu.
A solução do problema racial ser a mistura completa é algo extremamente interessante e inteligente, algo que no Brasil é praticamente lei.
Se até hoje o espírito de vira-lata continua no Brasileiro, depois de 60 anos dessa obra, não sei o que vai tirar.
"Bote filho nisso camarado, não se acanhe, estrovenga poderosa, pastor de donzelas, sedutor de casadas, patriarca das putas, Pedro Archanjo, com umas e outras, povoou o mundo, meu bom" - essa é a melhor frase deste livro.