Nádia C. 30/04/2018 “Não sou vítima, eu escolhi a militância”O livro é quase todo narrado em primeira pessoa, e o que não está, é tão próximo da autora, que acredito que é como se fosse ela também. Cada história de alguma mãe de um desaparecido político, cada esposa, filho, filha, parente que perderam tantos entes queridos para esses dois regimes cruéis, é um pouco de Maria Pilla, é um pouco eu e você, que sente sempre precisar ter estado lá. Porém, Maria conta tudo isso secamente, sem adjetivos, sem nada além do que aconteceu, como jornalista, no cerne da profissão, ela resolveu escrever os fatos. O tom nada poético de Maria beira um documento policial, e por conta disso, o livro é acusado de frio. Vi algumas pessoas dizendo não ter "sentido" as histórias, e eu me pergunto: o que mais é preciso dizer para sentir a dor da crueldade de um escritor que é perseguido e leva 52 tiros? Se Maria Pilla escreve "morreu com 52 tiros", não preciso de nada mais para saber da pervesidade de 52 tiros. Os números, o ato, o ano, as razões, já são por si só a violência, sem adjetivos.
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