Tirza

Tirza Arnon Grunberg




Resenhas - Tirza


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Ladyce 30/09/2015

Imprevisível
Há muito tempo não leio um autor que demonstra tamanho domínio de seu texto como Arnon Grunberg. Ele brinca com o leitor sem que este o perceba. Ele nos envolve, nos seduz, nos puxa pela mão, mostra o que quer, esconde o que não precisa ser contado. Brinca. Cria. Joga xadrez conosco. Não percebemos a manipulação. Muito pelo contrário, queremos mais. Queremos mais de tudo, e as páginas são lidas com sofreguidão. O que as embala é uma sensação de que algo está para acontecer, algo será revelado a qualquer momento. A tensão é semelhante a de um filme de Alfred Hitchcock. Não se trata de uma história de uma centena de páginas. São 464 páginas em que o autor constrói aos poucos, deliberadamente, detalhes das personalidades envolvidas na narrativa, fazendo-nos íntimos dos membros da família Hofmeester. Ficamos familiarizados principalmente com Jörgen Hofmeester, pai de duas meninas, marido de uma artista plástica que entra e sai de sua vida à vontade, editor de ficção estrangeira de uma casa editorial em Amsterdã, homem em idade próxima à da aposentadoria, que mora num bairro da cidade de fazer inveja aos amigos, que possui uma casa de veraneio, que junta economias e as investe na Suíça, um homem, que tenta, porque tenta, sem colocar quaisquer barreiras, fazer aquilo que é certo e esperado dele. E, no entanto, há uma tensão imensa dentro desse pai de família. Tudo nele é quase obsessivo, mas sob controle. A perfeição é sua meta quer na cozinha, onde aprende a cozinhar quando sua mulher o deixa para “se encontrar”, quer no controle financeiro de sua vida, com a intenção de deixar um patrimônio sólido para as filhas.

Tirza é o nome da filha caçula de Jörgen Hofmeester, sua filha preferida, aquela que completa 18 anos e está pronta para entrar na universidade. Para comemorar essa passagem decide viajar pela África, e uma festa colocará o ponto final na vida anterior e marcará o início de sua nova aventura. Seu pai prepara a festa com cuidado, fazendo, ele mesmo, os quitutes, arranjando as bebidas. Durante esses preparativos aprendemos sobre a família. Sobre a mãe, as meninas, Ibi, a irmã que já não mora na Holanda e, sobretudo, conhecemos Jörgen. Apesar de um tanto fora da norma, nossa identificação com ele é inevitável. Conhecemos seus desejos, seus desapontamentos. Sua absoluta solidão. Há humor nessa narrativa, muito humor, porque entendemos sua visão do absurdo. Ocasionalmente a vida parece caótica e surreal, mas o humor vem mesmo das situações cotidianas, daquelas pequenas decisões que não dão certo, das expectativas frustradas,de sua inépcia social.

Mas, há sempre a sensação de algo oculto. Há uma expectativa subjacente. Uma perturbação que nos deixa alerta. Há a sensação de que algo já aconteceu, mas não sabemos o que, há um ponto cego: incesto? Violência no casamento? O que? É como se tivéssemos sido as rãs numa panela com a água quente e não percebemos que a água ferveu. Esse mistério, essa dúvida só se esclarece nas últimas páginas. E é surpreendente. Um final estarrecedor. Imprevisível. Vale todas as horas dedicadas à leitura.

Este está, para mim, entre os melhores livros lidos neste ano e tem tudo para estar entre os meus favoritos de todos os tempos. É impossível discuti-lo sem revelar mais do que deveria. Mas recomendo sem constrangimento sua leitura para todos os leitores.
Nanci 30/09/2015minha estante
Ladyce,
Conheci o Arnon, mês passado, em São Paulo. Fiquei impressionada e encantada com tudo que ouvi - sobre sua experiência de vida e seus livros. Seu senso de humor, perspicácia e inteligência se sobressaem - Tinha certeza de que Tirza é um grande livro & adorei sua resenha apaixonada. Em breve, quero comentar minha leitura com você.


Ladyce 01/10/2015minha estante
Que bom. Estou louca para poder conversar com alguém. Essa foi a minha sugestão de leitura para o mês de outubro no grupo de leitura. Mas Stoner venceu, e Tirza, não ganhou NENHUM voto. Mas eu ainda não havia lido. Faltou paixão na minha defesa do livro. Não que a seleção -- Stoner -- não tenha sido boa, mas tenho a impressão de que TIRZA é um livro mais universal. Veremos.


Nanci 13/10/2015minha estante
Ladyce,

Que livro surpreendente. Ainda estou zonza. Depois de desvendar o motivo dessa tensão imensa que nos acompanha o tempo todo, e de descobrir o que esteve sempre a ponto de cair sobre nossa cabeça (mas que não pude adivinhar), olho o pobre Jorgen em retrospectiva, para chorar, de novo, por ele, pelos outros, e por todos nós, homens civilizados. E sobra uma vontade enorme de xingar o Arnon Grunberg por ter escrito um texto que é tão perturbador - quase abusivo.


ElisaCazorla 13/10/2015minha estante
Puxa, com essa resenha apaixonada sua e da Nanci é impossível não desejar ler este livro!!


Ladyce 15/10/2015minha estante
Nanci, ao final, voltei para reler algumas e passagens. Para descobrir a construção do texto. Tenho que tirar o chapéu para o autor. E a escolha do ponto de vista foi perfeita. O ponto de vista do pai. Como me identifiquei com ele muitas vezes... Para continuar com a conversa temos que usar o in-box. Porque não vale a pena explicar coisas para quem não leu. Vou procurar outros livros do Arnon. bj


Ladyce 19/10/2015minha estante
Elisa, vale a pena ler. É surpreendente.


DIRCE18 12/02/2016minha estante
Esta resenha e os comentários feitos me deixaram não só com vontade de ler esse livro , como também lê-lo com urgência


Eloiza Cirne 10/05/2016minha estante
Recomendado por Ladyce e Nanci... A leitura urge.




Nana 02/10/2017

Incrível!!!
Este livro é fascinante e o mesmo tempo assustador. O protagonista Jorgen Hofmeester (que é pai da Tirza) é um homem sombrio, controlador, violento em alguns momentos e que vive preocupado com as aparências, com o que os outros estão pensando sobre ele.
A leitura é tensa e incômoda o tempo todo, além de ficar sempre uma sensação de ter algo oculto! Existe um clima doentio, cheio de rancor e ressentimentos naquela família.
É um livro pesado, com um protagonista detestável e, na verdade, todos os personagens são detestáveis. Mas apesar das atitudes absurdas do Jorgen, não consegui odiá-lo. Senti sim, muita raiva dele em alguns momentos, mas em outros senti pena, pois ele nos mostra tanta infelicidade na vida, que ficou claro que ele é uma vítima da sociedade. Um homem fracassado que aos poucos foi perdendo tudo, inclusive a dignidade e a razão.
Foi uma leitura excelente e que vai ficar na minha cabeça por alguns dias!
MANINHA BLOOM 02/10/2017minha estante
Vale a pena?


Cissa 02/10/2017minha estante
Lendo sua resenha fiquei com vontade de ler. Lá vai meu rico dinheirinho... rsrs


Nana 02/10/2017minha estante
Maninha, pra mim valeu muito a pena, é um dos melhores livros que li. Mas gosto é muito pessoal, e ele tem o estilo de escrita que mais gosto que fala sobre comportamento humano.


Nana 02/10/2017minha estante
Cissa, como vc gostou do estilo da Elena Ferrante, acredito que vá gostar deste, pois apesar de não ter nada a ver um com outro, este autor tem aquela mesma verdade que tem os livros dela.


Cissa 02/10/2017minha estante
Ah, então vou gostar mesmo. Obrigada pela dica. Vou mandar bala no meu cartão de crédito. Não resisto.


Nana 02/10/2017minha estante
kkkkkkk




Monique | @moniqueeoslivros 26/05/2022

Tirza
{Leitura 24/2022 - ?? Holanda}
Tirza - Arnon Grunberg

É incrível como os livros têm o poder de mexer com você. Roland Barthes dizia que um texto de fruição é "aquele que põe em estado de perda, aquele que desconforta (talvez até um certo enfado), faz vacilar as bases históricas, culturais, psicológicas do leitor". Não tivesse Barthes vindo antes de Grunberg, eu diria que essa definição é sobre Tirza.

Tirza é um livro que realmente desconforta. O protagonista, Jörgen Hofmeester, é um homem de meia-idade, editor de livros, com duas filhas jovens e uma esposa que os deixou para viver um amor da adolescência. O livro começa com ele preparando sushis para a festa de formatura da filha mais nova, Tirza. Também por esses dias, sua esposa volta para casa depois de três anos.

Em meio a esses conflitos familiares, vamos conhecendo um pouco mais sobre essa família. Pai, mãe e filhas, todos eles complexos e inquietantes. Uma dica para a leitura pode ser a de prestar atenção ao narrador, já que o livro é todo narrado em terceira pessoa, e há um distanciamento importante aqui, feito com maestria.

E embora tenha quase 500 páginas, esse é um livro em que você não consegue vislumbrar o que vem a seguir, não importa em qual parte você esteja. O leitor tateia em completa escuridão, de mãos dadas com o narrador, o único que parece saber alguma coisa ali.

Tirza é uma leitura bem profunda e altamente psicológica. O cotidiano de Hofmeester vai se revelando aos poucos, mas já de cara compreendemos que, por trás de toda a aparente normalidade, tem alguma coisa que nos incomoda ali. A gente só não sabe o quê.

Não há como passar imune a essa leitura. Não há identificação com os personagens, mas ao mesmo tempo eles são tão próximos de nós que isso assusta. E nos faz vacilar, como tão bem compreendia Barthes. Além é claro, do final, que é surpreendente e inquietante.

Se você tiver oportunidade de encontrar esse livro (com o "sumiço" da Rádio Londres, está bem difícil de encontrá-lo), não deixe de o ler. Jörgen Hofmeester e sua família são daqueles personagens que a gente não esquece mais.
.
Texto citado:
BARTHES, Roland. O prazer do texto. 4° ed. São Paulo: Perspectiva, 2008.
Mari Pereira 26/05/2022minha estante
Adorei a resenha!


Monique | @moniqueeoslivros 26/05/2022minha estante
Obrigada, Mari! Realmente é como tu disse, um baita livro!


Mari Pereira 26/05/2022minha estante
Inesquecível né!
O que eu mais gostei foi essa sensação de pessoas muito perturbadas mas ao mesmo tempo aparentemente muito "normais e civilizadas". Acho que o autor foi genial em colocar em xeque uma ideia de civilização branca europeia que às vezes se sustenta só pela aparência, privilégios, poder e esteriótipos.


Monique | @moniqueeoslivros 26/05/2022minha estante
Sim, com certeza, essa ideia de que não nos identificamos com eles mas ao mesmo tempo estão muito perto de nós. O que eu mais gostei foi do narrador, a "condução" da história foi de um jeito bem interessante.




Lendo no mato 13/04/2021

Jörgen Hofmeester, que personagem!!
Li esse livro alguns meses atrás e protelei enormemente em fazer uma resenha. Não por ele ser ruim e ser difícil falar sobre, mas muito pelo contrário. É difícil falar dele por ele ser bom demais. Por ele tratar de coisas muito íntimas de qualquer um. Medo de virar um Jörgen Hofmeester! ?

Jörgen Hofmeester é, ou pelo menos tenta, ser um pai de família exemplar. Esposa, duas filhas, emprego de respeito, casa bem localizada. O que há de melhor na burguesia holandesa.

Isso é só para vocês desenharem na cabeça de onde parte a vida de Jörgen Hofmeester. Um dos melhores personagens que já vi, li, conheci. Com o tempo você vai conhecendo, rindo e se abismando/assustando com o ser humano chamado Jörgen Hofmeester (que nome sensacional!).

E que ser humano é esse sujeito. Estranho, abusivo, bizarro, deslocado, monstruoso.

Tirza é o nome de uma de suas filhas. A queridinha dos papai. Uma relação familiar que vai se mostrando mais e mais estranha e aterrorizante. ?

Só leia.
Ana 13/04/2021minha estante
Nossa! Deu até medo de ler. Ele é uma espécie de assassino psicopata? ?


Lendo no mato 14/04/2021minha estante
Não. É bem bizarro. É um pai super hiper exageradamente protetor. É pra incomodar mesmo. São várias reações familiares estranhas. Livro muito bom mesmo.


Ana 17/04/2021minha estante
Você disse que é bizarro, aí que fiquei mais curiosa. Hahaha... ?


Lendo no mato 18/04/2021minha estante
Hahaha
É um personagem estranho/diferente/bizarro e que só vai ficando mais estranho com o passar do livro...tem alguma psicopatia ali, mas não é dessas simples de matar os outros só não hehe




DIRCE18 23/03/2016

Qual a verdadeira intenção, eis a questão.
Como fui previamente advertida, achei que nada no livro Tirza poderia me surpreender. Ledo engano. No início do primeiro capítulo ( o livro constituído de três capítulos: I O aluguel, II O Sacrifício e III- O Deserto) até que a leitura correu sem sobressaltos e houve momentos que me identifiquei com Jörgen . Pareceu-me que ele fora acometido de um mal que eu julgava ser exclusivo das mães: a tal síndrome do ninho vazio, síndrome que se manifesta quando nossos filhos "alçam voo". Até então, tudo parecia dentro da normalidade, afinal, Jörgen fora obrigado a ser pai e mãe das suas duas filhas: Ibi ( a sobrevivente) e Tirza ( a super-dotada rainha do sol) , já que a sua esposa destrambelhada abandonara a família. Senti um misto de simpatia e compaixão por aquele pai que perde totalmente o controle quando flagra sua filha Ibi ( adolescente ainda) , em uma situação no mínimo chocante. Compreensível. Pais não estão preparados para um golpe dessa natureza. Mas como dizem por aí : desgraça pouca é bobagem. Ibi abandona a faculdade de Física e muda-se e abre uma pousada juntamente com um negro ( Com um negro!!!! Nossa! Que trágico! Que horror! ironia minha, claro ) e como não bastasse Tirza está prestes a viajar para África com seu namorado muçulmano ( Céus!!!). A essa altura do campeonato ops!- da leitura- , comecei a notar que quem precisava de acompanhamento psicológico era Jörgen . Tudo nele era excessivo: a dedicação à culinária, o seu amor por Tirza e a sua necessidade de ter tudo sob controle. Controle... nada mais irônico. Jörgen era um descontrolado patológico, se é que algum descontrole pode ser saudável. Não é possível ter tudo sob o controle e Jörgen se torna um homem totalmente inadequado ,como diria Drummond, se torna um gauche e não é de estranhar o fato de ele culpabilizar o namorado de Tirza pela nuvem negra que pairou sobre sua cabeça.
No terceiro capítulo, ao ver Jörgen se debruçar de cuidados pela menina que era obrigada a se prostituir, me perguntei se eu não estava fazendo uma leitura equivocada. Não. Não estava. O desfecho é simplesmente bizarro.
Não sei bem o porquê, mas esse livro me trouxe à mente o filme Beleza Americana. Talvez porque , assim como no filme, a intenção do escritor tenha sido criticar uma sociedade hipócrita. Qual a intenção, eis a questão.
Gostei do livro? Tentação de abandoná-lo não me faltou, mas Arnon Grumperg - o escritor- envolve o leitor de tal forma ( principalmente no terceiro capítulo) fazendo com que essa tentação dê lugar a uma leitura frenética , pois a ansiedade para descobrir se Jörgen encontraria sua filha se torna incontrolável . É... não é muito difícil perder o controle, só que o meu descontrole não prejudicou ninguém, já o descontrole de Jörgen implicou em verdadeira tragédia. Pela trama daria 3 estrelas, mas em razão do meu descontrole, opto por 4 estrelas
Patsy Z 23/03/2016minha estante
Dirce, adorei a resenha! :)


Manuella_3 23/03/2016minha estante
Adoro suas resenhas. Sei exatamente o que vou encontrar no livro e vou com calma. Não segue o apelo dos leitores mais entusiasmados. Não tem dó ou pudor em dar três estrelas para um super estrelado.


Lica 01/09/2016minha estante
Adorei sua resenha!
Meu exemplar chegou hj, ansiosa! Rses


DIRCE18 01/09/2016minha estante
Boa leitura, Lica.




Mari152 27/06/2021

Segui para a leitura de Tirza sem fazer quase nenhuma ideia do que se tratava, então, fui bastante surpreendida não apenas pelo 'plot twist' realmente inesperado, como por toda a trama, construída ao redor de relações bastante complexas de uma família de classe média (aspecto que ganha relevância na colocação de temas como independência financeira, exploração de pessoas em situação de fragilidade econômica, oposição entre valores eurocêntricos e muçulmanos) na Amsterdã nos idos da primeira década do ano 2000.
Dizendo de forma bem direta e informal: que rolê bizarro!
O livro vai se adentrando, aos poucos, a casa de Jorgen Hofmeester, que próximo dos 60 anos de idade, tem um bom emprego, uma ótima casa "na mlehor rua de Amsterdã", mas que simplesmente não sabe como lidar com a esposa, com as filhas, com a neurótica relação com dinheiro e status, com o que acha que é esperado de si, e como não poderia deixar de ser, com as próprias emoções.
É interessante que o livro se passa basicamente em dois tempos bem distintos: metade (ou mais; seguramente umas 200 páginas) se concentra em uma festa na casa de Hofmeester, com uma pausa insólita que conduz à parte restante do livro, na qual acompanhamos o desenrolar de uma viagem inesperada do protagonista. A mudança de cenário tem um impacto profundo não só na trama, como também na própria forma de contar a história (e um dos melhores trechos do livro é justamente o momento em que Hofmeester reflete sobre a contraposição desses tempos-espaços).
Embora haja essa marcação bem distinta de momentos, o livro traz ainda vários flashbacks, através dos quais as relações entre o pai, a esposa e as filhas vão sendo reveladas, sempre de forma tensa, tornando crescente o mal estar da leitura, e mais próxima a sensação de que seja lá como for terminar a história, algo vai dar muito, muito errado.
Enfim... é um livro que causa impacto, mas sobre o qual é difícil dizer: gostei ou não gostei. É um livro bem construído, e que é difícil largar, ainda que a contragosto.
Viviane @resenhasdaviviane 27/06/2021minha estante
Acabei de colocar esse livro na minha lista de leituras!


Mari152 27/06/2021minha estante
Pois então, é um livro bem impactante!




janagcm 19/07/2020

não gosto de você, não sinto verdade em você
Então... Queria começar fazendo uma reclamação contra os comentários que colocaram na contracapa do livro: "COMICAMENTE SINISTRO e implacável" (The NEw York Times); "começa como uma comédia cáustica no estilo de Woody Allen...". Gente, em momento nenhum desse livro eu vi algum resquício de algo cômico, irônico, sarcástico.
Nossa relação com o personagem é tipo aquele meme: Não gosto de você, não sinto verdade em você, acho você, sim, incoerente, você está onde te convém...
O autor quer exatamente nos passar esse incômodo, criar esse personagem antipático, podre e nos levar nessa história seguindo esse caminho meio psicótico...Tudo bem, eu entendi, mas pra mim, pessoalmente, a leitura não foi legal. Talvez a experiência tenha sido contaminada porque, nessa época de isolamento, a impaciência e o estresse estão presentes em mim, e aí como leitora isso influenciou na minha impossibilidade de me conectar. Só pensava no quão absurdo e antipático era tudo aquilo, fiquei impaciente com tudo e só terminei porque me disseram que o final era surpreendente (realmente me surpreendi).

Resumo da ópera: realmente é bem escrito, a história é interessante e o autor consegue passar o que quer. Mas, pra mim, leitura passa também pela nossa experiência pessoal no processo, e pra mim não foi legal.
Luana 08/08/2020minha estante
Também li por agora em meio ao isolamento social e compartilho do seu sentimento. Talvez lendo em outro momento e em outro contexto eu teria melhor experiência. Mas gostei de ter passado por esse livro mesmo assim. Ainda preciso de alguns dias para digerir melhor toda a história e ver se com o tempo ela cresce mais dentro de mim.


Ferferferfer 12/12/2021minha estante
Estou no começo do livro e já estou com a mesma opinião. Não sei até que ponto é interessante construir personagens odiáveis e, pior ainda, o narrador, que passa um pano danado para as besteiras ditas.




Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

Tirza, Arnon Grunberg - Nota 10/10
Uma das grandes surpresas desse ano! Nessa obra, considerada como o maior sucesso do autor holandês, o leitor se depara com Jörgen Hofmeester, um homem aparentemente comum, com um trabalho bem sucedido, uma esposa atraente e filhas educadas! O que poderia ser uma vida calma e feliz acaba, na verdade, se tornando uma vida repleta de acontecimentos traumáticos. De fato, após ser abandonado pela mulher, perder seu emprego, presenciar uma cena constrangedora envolvendo uma das suas filhas, Jörgen desenvolve uma obsessão paterna por Tirza,
sua segunda filha, e passa a se comportar como um perturbado, controlador e instável! Tive a sensação de que a qualquer momento Jörgen poderia cometer alguma loucura e virar sua vida de cabeça para baixo... O livro realmente prende o leitor, que não sabe o que encontrará nas próximas páginas! Fiquei impressionado como o autor conseguiu construir um personagem que me incomodou tanto... Jörgen é realmente detestável! Na verdade, não é apenas ele, mas todos da sua família, um alimentando a "loucura" do outro! Um romance psicológico excelente, um dos melhores que já li!!!

site: https://www.instagram.com/book.ster
simone.b.xavier 19/04/2020minha estante
Maravilhoso!


Ferreira.Souza 14/12/2020minha estante
gostei
gostei ,achei genial o capítulo 03 da primeira parte , porém o livro as vezes cansa




Letícia 23/07/2018

Angustiante!!!
Nesse romance dividido em 03 grandes parte: O Aluguel, O sacrifício e O deserto, vamos acompanhar a estória de uma família, onde o pai, Jörgen, um editor de livros, tem duas filhas, Ibi e Tirza. Passou por vários atropelos na vida, e agora tem uma festa de despedida de sua filha caçula que vai partir em uma viagem pela África, com seu namorado marroquino antes de voltar para começar a faculdade.

Jörgen passava anos economizando dinheiro com o aluguel da parte de cima da sua casa, em um banco na Suíça para garantir o futuro de suas filhas, Ibi morando na França com o namorado e dona de pousada e a sua preferida Tirza, a caçulinha! Nesse meio tempo, o dinheiro simplesmente desaparece, ele culpa o mundo pós-11 de Setembro. Se vendo dispensado do trabalho e seu o seu fundo monetário, resta cuidar da casa, do jardim e de Tirza. Mas com o retorno da sua esposa, que tinha abandonado a família, ele tem essa pedra no meio do caminho, mas segue como se ali ela não estivesse.

Grunberg vai construindo a narrativa com o passado e o presente entrelaçados, com pitadas de humor e sarcasmo e por assim dizer, um humor refinadamente negro. Há também uma angústia que nos acompanha na evolução da narrativa, algumas questões ocultas surgem e não são solucionadas, mas isso não compromete toda a construção do enredo.

De suspense em suspense vamos acompanhando a trajetória de Jörgen e seus dilemas na busca incessante de sua própria salvação.

Com um final inesperado (apesar de que no meio da narrativa, eu já aguardava por um final nessa linha), o autor nos convoca a pensar sobre nós mesmo, a humanidade e por assim dizer, a família.

Deixo aqui dois trechos de alguns que marquei no texto:

"O que ele descobriu, sim, é que quanto menos o outro existia, mais era fácil de suportar." p.147

"Não é esta, afinal, a única missão do ser humano? É preciso se tornar o que os outros desejam ver em você." p.411

Recomendo a leitura!

site: http://www.minhastempestades.com.br/2018/07/tirza-arnon-grunberg.html
Sha 24/07/2018minha estante
Esse livro é demais!! um dos meus favoritos!!!!


Ladyce 26/11/2018minha estante
Você sabe, vivendo no mundo acadêmico lá nos EUA, a gente conhece muitos Stoners. Realmente angustiante.




Tah_baddauy 22/09/2020

Talvez um dia eu volte para opinar sobre esse livro, mas no momento estou desnorteada.
Karina.Agra 22/09/2020minha estante
E a nota, hein? Estou curiosa!




Claudia Cordeiro 18/06/2016

Nota real, 4,5 .....
Final surpreendente. Livro que choca, incomoda a cada pág..
Simone de Cássia 20/06/2016minha estante
Pois é, o difícil é ter que chegar ao final pra chocar... rs rs




Gabriela 17/09/2015

Resenha em vídeo
Esse livro foi tão impactante que faltaram palavras pra explicar o que senti....

site: https://www.youtube.com/watch?v=Y1EwfBNSYME
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Tatinha 22/09/2024

Eu só não abandonei o livro pois li junto de uma amiga e ela seguia na frente e me incentivava. Vários sentimentos ruins e nojentos! O final me surpreendeu, confesso! Mas ainda bem pois o livro era bem chato de acompanhar a loucura do cara! Kkkkkkk
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Laís 28/05/2017

Genial!
Tirza não é o único livro do holandês Arnon Grunberg, mas é considerada sua grande obra prima. Com uma escrita fluida e extremamente instigante, esse romance tem tudo pra te fazer roer as unhas de ansiedade.

Hofmeester é editor desde que se lembra. Seu trabalho não é algo que lhe de grande prazer, porém lhe da oportunidade de ter uma vida boa. É isso que importa para ele - as aparências.

Eis o cenário em que o livro se inicia: sua esposa, depois de três anos sem dar noticias, certa noite reaparece em sua porta. Uma de suas filhas, Ibi, já saiu de casa faz uns anos, pois nunca se deu bem com o pai. E Tirza, a sua rainha do sol, esta prestes a embarcar em uma viagem rumo à África com o seu namorado. Em meio a encontros e reencontros entre os familiares, Tirza e Hofmeester habitam a vida um do outro de uma forma, no mínimo, peculiar.

Desde o inicio, você nota um comportamento estranho nos personagens. O autor os desenvolve com tanta maestria, que ficou difícil não me envolver na loucura de cada um deles. Durante a leitura, passei a me questionar se era isso ou aquilo, criei teorias na minha cabeça e esperei, suando frio, as respostas. Mesmo muito intrigada em descobrir mais, foi perceptível certo incomodo.

O livro é o retrato de uma família que possui sua própria funcionalidade. A loucura de um é alimentada pela loucura do outro. Não foi uma leitura fácil, embora tenha sido muito prazerosa. Com a narrativa em terceira pessoa, Grunberg me prendeu completamente – só sosseguei quando terminei.

Tirza é, acima de tudo, uma obra que discursa sobre a loucura do ser humano. Sobre os seus reais desejos, medos e paixões. Fala sobre aquela vontade que você não quer aceitar, mas existe dentro de você, reprimida pelas regras da sociedade.

Hofmeester é controlador, obcecado, neurótico. E o mais incrível é que, durante a leitura, você passa a ser também. O autor criou um cenário tão impecável que, mesmo quando você termina o livro, a história permanece com você. Fazia um tempo que eu não me deparava com um personagem tão incrível e louco.

site: https://www.instagram.com/_maniadelivro/
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Alexandre Melo @livroegeek 30/05/2017

A obscura natureza humana escancarada em Tirza
Escrever sobre Tirza não é uma tarefa fácil. Arnon Grunberg em pouco mais de 500 páginas, brinca com os leitores, nos jogando de um lado para o outro, e fazendo com que mergulhemos no intimo de seus personagens. É o que acontece em Tirza, sua obra-prima, um livro que conta com diálogos longos, mas que nos surpreende de maneira singular visto a profundidade da natureza humana (e às vezes a animalidade) existente neles.

O protagonista imaginado pelo autor desta vez é Jörgen Hofmeester, um editor de literatura estrangeira, da classe média, já beirando os 60 anos de idade, que vive em uma residencia em um lugar - segundo ele - privilegiado da cidade. Mora com sua filha mais nova, Tirza - que dá nome ao livro, e aluga o andar superior de sua casa para investir no futuro da jovem. Jörgen foi abandonado pela esposa, que decidiu ficar com um cara mais jovem, numa casa-barco; e sua filha mais velha, Ibi, já saiu de casa, indo morar com o namorado na França. Ele é aquele tipo de cara certinho, cordial, obcecado pela sua rotina, perfeccionista, (um tanto quanto mão-de-vaca), além de ser devoto incondicional de sua caçula. Jörgen entretanto, esconde nas entrelinhas uma personalidade que só vamos descobrindo acompanhado sua rotina. A trama começa com os preparativos para a festa de formatura e despedida de Tirza, que irá viajar para África com o namorado marroquino. Nesse momento, Hofmeester reencontra sua ex-esposa, que volta para casa, momento em que teremos muitos diálogos onde conhecemos mais sobre o passado da família.
O livro é repleto de surpresas, mas na mesma medida, muita tensão. Por meio de Jörgen e sua personalidade enigmática, Arnon brinca com nosso senso de moralidade tocando em situações de encesto, pedofilia, violência contra mulher, loucura, transtornos obsessivos compulsivos, traição, e obsessão, mesmo que não consumados, ou às vezes apenas insinuados, fica na mente nosso medo de que algo assim aconteça nas próximas páginas. (às vezes até acontece...)
Não desejo tocar muito no enredo da trama, mas em resumo Tirza traz aquela narrativa bem característica de seu autor: sempre há algo oculto para ser descoberto, há sempre comportamentos interditados pela moralidade, cria-se incessantemente um incomodo no leitor, mas há sempre vontade de ler mais e mais. Tirza é um livro pesado, daqueles que te deixam ruminando por dias a seguir, mas recomendo com certeza.

Veja resenha completa no nosso site.

site: http://www.doqueeuleio.com.br/2017/05/tirza-arnon-grunberg-resenha-radio-londres.html
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