Rebentar

Rebentar Rafael Gallo




Resenhas - Rebentar


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Mariliza.Baptista 28/04/2024

Apesar de sensível, uma quebra de expectativas
"Rebentar", livro escrito pelo cuidadoso e sensível Rafael Gallo, trata da história de uma mãe que toma a difícil decisão de encerrar a busca por seu filho desaparecido aos 5 anos de idade. Rafael descreve todo o percurso de muitos anos de uma mulher que passou a viver em função da procura e de qualquer fio de esperança por um reencontro com seu filho.

Com muita delicadeza, o autor desenvolve uma narrativa dos sentimentos e pensamentos da protagonista, combinados com situações da vida que aconteciam apesar da sua dor e que ela nem sequer se atentava. Sempre em alerta e presa no momento em que soltou a mão do seu filho para sempre.

Apesar de ser uma história muito rica em detalhes e desenvolvida com todo o cuidado para que o leitor pudesse acessar da maneira profunda o sentimento da perda e da eterna dúvida sobre o que aconteceu, percebi que, para mim, a leitura foi um tanto arrastada e cansativa. Posso afirmar que amo ouvir e ler histórias com profundidade, mas acredito que o autor possa ter pecado na repetição de situações e em diálogos pouco desenvolvidos.

Ainda assim, a leitura faz refletir sobre o processo de luto daqueles que não estão (ou que não sabemos se estão) mortos. É uma visita ao conformar-se com a realidade e perceber nela a possibilidade de caminhar, apesar de tudo.
Alê | @alexandrejjr 28/04/2024minha estante
Belo texto, Mariliza, parabéns!


Mariliza.Baptista 28/04/2024minha estante
Muito obrigada, Alê!




Maria - Blog Pétalas de Liberdade 29/10/2015

Recomeçar
Felipe era um garotinho de 5 anos quando desapareceu enquanto estava numa galeria com a mãe. Durante os 30 anos seguintes, Ângela, a mãe, tentou de todas as formas reencontrá-lo. Agora, depois de 3 décadas, ela não quer mais continuar sua busca. E é sobre essa renúncia que fala Rebentar.

Durante 30 anos, a vida de Ângela se resumiu à busca por Felipe. Ela e o marido não tiveram outros filhos, gastaram tudo o que podiam seguindo pistas, contrataram um restaurador para manter a casa exatamente igual ao que era quando o filho desapareceu. Todas as manhãs poderiam ser o começo do dia em que reencontrariam Felipe, todas as noites o casal ia dormir tendo perdido o filho mais um dia.

"Na verdade, não há infinitas mortes nem infinitas vidas, nunca ouve: o que resta, no lugar da criança desaparecida, é uma anulação constante entre vida e morte - polos opostos de um mesmo vazio sem contornos. Os pais e o filho para sempre habitando esse vão: morrendo vida afora, vivendo adentro de uma morte que não se consuma." (página 26)

Após uma série de acontecimentos, Ângela se deu conta de que jamais poderia recuperar Felipe, não o Felipe de trinta e poucos anos, mas o Felipe por quem ela esperava desde que ele se foi, o menino que voltaria para o segundo quarto da casa, aquele que permaneceu do mesmo jeito por décadas.

Ângela decidiu encerrar as buscas, sair da associação de famílias em busca de pessoas desaparecidas, tirar o nome do filho do cadastro de desaparecidos, mudar de casa, voltar a trabalhar. Sua decisão traria consequências não só para ela, mas também para o restante da família e para tantas outras pessoas que estiveram envolvidas com o caso de alguma forma.

Tive que intercalar a leitura de Rebentar com outro livro, pois ele é uma leitura vagarosa, onde as coisas ficam muito mais no campo dos pensamentos do que da ação. No início, cheguei até a pensar que havia me distraído e estava lendo o mesmo trecho mais de uma vez ou que o autor é que havia se distraído e escrito a mesma coisa novamente, mas não era isso, Rafael Gallo opta por repetições buscando reafirmar algumas ideias, o que torna a leitura mais lenta. Não é um livro que prende o leitor ou o enche de esperanças, desde o início percebemos que a volta de Felipe não é o foco e nem algo que provavelmente vá acontecer. O livro não fala sobre o reencontro de uma mãe com um filho, e sim sobre o reencontro de uma mulher com a vida, sobre a difícil tarefa de seguir em frente quando a sociedade espera que se permaneça no mesmo lugar.

"- Digamos, por exemplo, que a gente tivesse se separado no meio do caminho. Ou mesmo que um dos dois tivesse morrido e o outro sobrado, viúvo. Se eu tivesse ficado, por exemplo, e depois de você ter morrido eu decidisse fazer outra coisa da minha vida, tocá-la pra frente sem esperar mais reencontrar o Felipe, provavelmente as pessoas achariam isso normal. Mas se você fizesse a mesma coisa, todo mundo ia te tachar de... sabe-se lá o quê. Iam dizer que você ficou louca depois que eu morri. Que na hora que você mais deveria ter cuidado da busca pelo Felipe, já que era a única dos pais viva, é que o deixa para trás de vez. É tudo muito mais difícil pra você. Ainda mais nesse mundo machista." (página 138)

Num geral, eu gostei do livro, por abordar um assunto importante que é o desaparecimento de crianças. Hoje mesmo, infelizmente, inúmeras podem estar se separando de suas famílias, e quais são os caminhos para reencontrar uma criança desaparecida? Quando é a hora de seguir em frente, de desistir das buscas? É preciso realmente desistir? Conhecendo a história de Ângela, me solidarizei com ela, entendi suas atitudes. Quando um ente querido morre, há um corpo para enterrar, um corpo do qual se despedir na maioria dos casos, há pelo menos a certeza do fim. Quando alguém desaparece, há apenas o vazio, a incerteza que pode se disfarçar de esperança. E essa esperança incerta pode doer mais que a certeza do fim.

"- Você não pode perder a esperança assim, Ângela.
- O problema é que a esperança não é feita só desse sentimento bonito que todo mundo fala. A esperança tem também um avesso que acaba comigo, Suzana." (página 85)

Outros dois pontos que gostaria de destacar no livro são o fato de o marido de Ângela ter continuado ao lado dela após o desaparecimento de Felipe, a relação dos dois traz um pouco de luz para uma história tão sofrida. O segundo ponto me fez pensar sobre o tratamento dado aos casos de desaparecimento de crianças e adolescentes de famílias pobres, sei que Rebentar é uma obra de ficção, mas será que esses casos são tratados com a mesma atenção que os acontecidos em famílias de classe econômica mais alta?

"Meninos desaparecidos de famílias pobres eram classificados como viciados, malandros, foragidos no crime; as meninas, se já tivessem passado dos onze anos, eram quase sempre tidas como 'putinhas' ou fugitivas que estavam com algum namorado na casa dele, num motel ou em qualquer sítio desabitado." (página 70)

Eu gostei da capa do livro, ela tem uma textura quase aveludada. A diagramação está boa, com margens, espaçamento e letras de bom tamanho, as páginas são amareladas e o livro está bem revisado.

"Uma grande porção de cada pessoa é um lugar onde se está só, completamente só." (página 103)

site: http://www.petalasdeliberdade.blogspot.com.br/2015/10/resenha-livro-rebentar-rafael-gallo.html
Alê | @alexandrejjr 25/04/2023minha estante
Parece o meu tipo de livro! E tenho a impressão que vou achar um baita romance!




@wesleisalgado 28/11/2022

Duas estrelas é regular no Skoob mas na verdade faltou muito pra isso.
Esse livro sofre exatamente do mesmo problema do tijolo/bomba UM DEFEITO DE COR. Ali pelo menos era uma escritora negra, usando a voz de uma escrava. OK dá pra tentar emular. Aqui é um escritor homem de 30 e poucos anos usando a voz de uma mulher de 50 e poucos anos que perdeu o filho há 30 anos e olha, algumas partes me constrangeram de tão pedantes e sem identidade.

O autor em momento nenhum conseguiu ter veracidade ou me convencer da voz e do sofrimento de Ângela, vide a história ser em primeira pessoa. Simplesmente não estava lá pra mim, e não sabia o que era pior, as cenas e diálogos de novela das seis ou os monólogos da protagonista que eram infindáveis e descrentes para mim.

Parecia um texto lido pelo google talk, igual foi com UM DEFEITO DE COR. E curioso, o escritor ganhou alguns prêmios e eu estou (oi?!). Se eu fizesse uma lista de piores do ano, com certeza esse livro estaria nela. Quase 400 páginas que não acabavam.
Claudia Cordeiro 28/11/2022minha estante
400 pág? Eu costumo abandonar entre 50 e no máximo 100...




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Rosiene5 28/10/2024

A vida de quem espera
É um livro melancólico, denso e com minuciosos detalhes do cotidiano e psicológico de uma mãe que perdeu o filho pequeno em uma galeria há 30 anos, porém o livro não gira em torno do fato, o desaparecimento de Felipe, mas do sentimento da mãe que teve uma vida roubada por esse trágico acontecimento. O sentimento que tive ao ler esse livro foi o mesmo que tive ao ler o Deserto dos tártaros, o tempo não para, apesar da nossa espera por algo extraordinário. Ele muda as paisagens (a loja de brinquedo não existe mais) coloca outras personagens onde o papel era nosso (outras crianças seguram a mão dos pais na escola) O tempo segue em um fluxo sem fim e quem vive a esperar, perde-se a vida. O drama do livro é fechar um capítulo sem uma resposta. Como colocar um ponto final em uma vida que vive em suspense? Embora não tenhamos passado por uma situação exatamente como Dona Ângela, quantos de nós não vivemos em reticências?Medo de abandonar, de desistir de uma certa ideia ou sonho, porque ainda pode dar certo e no final o tempo passa e a vida se foi. Esse foi aprendizado que absorvi dessa obra de Rafael Gallo.
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Lurdes 17/09/2024

"Ninguém poderá falar que eu desisti dele; passei trinta anos da minha vida tentando ter o Felipe de volta, sem dar importância a nada além disso."

A dona desta fala é Ângela, mãe de Felipe, que tinha apenas 5 anos quando desapareceu.

Em uma hora estava de mãos dadas com ela, após soltar sua mãozinha por um breve instante, ele simplesmente desaparece.

Este é um dos maiores medos das mães: perder seu filho, não vê-lo nunca mais, não saber se está vivo ou morto, se passa/passou por algum tipo de sofrimento. Acho que todas as mães já tiveram algum sobressalto com um filho, aquele instante em que o perdemos de vista e o desespero nos tira o ar (eu mesma, já levei um susto assim) para, logo em seguida, respirar aliviada, ao localizá-lo e poder abraçá-lo novamente.

Este é o tema de Rebentar, de Rafael Gallo que acompanha alguns meses na vida de Ângela, passados 30 anos do desaparecimento de Felipe. Neste momento Ângela, exausta, decide abandonar as buscas por seu filho.
Suas esperanças já foram desfeitas, ela sabe que nunca mais reencontrará aquele menino.
Mesmo que se encontrassem hoje, ele já seria um homem, um desconhecido.
Uma vida dedicada a esta busca que a afastou de qualquer outro objetivo.
Na história, Ângela seguiu ao lado de seu marido, Otávio. Cúmplices da mesma dor, sobreviveram juntos à perda, o que geralmente não acontece.
Enquanto junta seus cacos e tenta algum tipo de recomeço, muitos sentimentos contraditórios a perseguem.
Mesmo quando resolvem reformar a casa, cadê coragem para desmontar o quarto de Felipe, mantido quase como um santuário?
Ao descobrir que Isa, sua sobrinha, tão próxima e amada, está grávida, cadê força para compartilhar de sua alegria?

Uma narrativa construída dia após dia.
Às vezes repetitiva? Sim, claro!

Não poderia ser de outra forma, tendo em vista as circunstâncias.
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Thais645 30/08/2024

Esperava mais
Me interessei pela sinopse do livro, algo tão diferente do que estamos acostumados a ver.
Uma mãe que após 30 anos buscando seu filho desaparecido, decide desistir dessa busca e seguir com sua vida.
Apesar de uma ideia boa o livro não foi bem executado, não consegui ter conexão com a personagem principal, não consegui sentir a dor dela através das palavras do autor.
Acredito que se o livro fosse um pouco menor, e mais direto poderíamos aproveitar mais, porém após mais de 300 páginas, já não tinha mais ânimo para continuar, apenas terminei pois já estava acabando mesmo.
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Airton Alcântara 27/12/2023

Imersão na dor
A sorte é que li não tendo filhos.
O autor coloca o leitor dentro da dor de uma mãe que teve um filho desaparecido e que sofre com isso há 30 anos.
Livro muito forte e sensivelmente bem escrito.
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N0gueir4 06/09/2023

Nunca há nada garantido na literatura
Tomei conhecimento do autor ao escutá-lo em um podcast. Alguns dos assuntos do episódio eram crise e desistência da literatura/escrita. Corri para ler "Réveillon e outros dias" e achei sensacional. Logo na sequência li "Rebentar". A personagem principal do romance também é alguém que está considerando desistir da busca pelo filho desaparecido. O autor nos leva ao longo da narrativa a vivenciar as agruras da espera dessa mãe por alguma resposta, bem como a possibilidade que a vida lhe apresenta no sentido de seguir em frente, deixando o passado para trás e desistindo de sua busca. A escolha das palavras e a maestria da narrativa nos obriga a não apenas ficar como espectadores (ou seríamos expectadores?), mas também nos arrasta pelas memórias da protagonista, pelos locais que visita e que evocam as lembranças de sua perda, além de nos permitir vivenciar sua busca na construção de um presente e de um futuro que insistem em não se descortinar, ora por sua própria culpa, ora pelos obstáculos que vida impõe.
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Faluz 03/09/2023

Rebentar - Rafael Gallo
O desaparecimento sem solução é um eterno ciclo de perda, não existe um fim realmente. Sempre presente uma faísca de esperança de possibilidade uma necessidade até mórbida e exigente de acreditar numa possibilidade que não se realiza.
Rafael Gallo discorre com maestria esse pulsar de "vazio", de ænadaæ que se sustenta por uma possibilidade queda muito deixou de existir.
Delicado e triste.
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Angelica75 17/01/2023

Chato demais.
Livro muito chato, um tema interessante mas, pelo apresentado, poderia ter sido contado em 100 páginas. Conheci o autor em uma mesa da FLIP 2022, convidado pois com outro livro, ele ganhou o Prêmio Saramago. Confesso que tenho receio de começar a ler RafaelGallo novamente. Achei muito piegas a escrita, um tema emocionante que não me comoveu em nada.
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Noelia 29/11/2022

O tema do livro me impactou e me motivou a ler mas a desenvoltura do livro me decepcionou. Em alguns momentos parecia que não estava tendo continuidade, senti falta de uma emoção ou de plot realmente emotivo. Acredito que talvez se o livro fosse menor, teria atingido uma nota maior.
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Luiza.Thereza 10/10/2015

Rebentar
Há trinta e seis anos, Angela perdeu seu filho em uma galeria durante uma tarde de compras. Há trinta e seis anos ela dedica sua vida à única tarefa de encontrá-lo.

Mas agora, depois de trinta e seis anos praticamente parada no tempo esperando o retorno de seu filho, ela quer se lembrar que ela e o marido ainda possuem algum tempo no mundo, quer se lembrar que possui o direito de ter uma vida.

Não se trata de uma desistência. Felipe, que tinha cinco anos quando fora perdido, não pode ser recuperado. O Felipe que se perdera, se ainda estivesse vivo, seria agora um homem feito, e o elo que o ligaria aos pais, as lembranças (os valores que estes sempre passam as suas crias) não poderia mais ser criado.

E é essa trajetória de redescoberta da vida que Rafael Gallo descreve em "Rebentar". É o passo a passo de uma mãe de um filho perdido que segue de volta para o presente, buscando um futuro em que a ausência do filho não norteie todas as suas ações.

site: http://www.oslivrosdebela.com/2015/10/rebentar-rafael-gallo.html
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naju 19/01/2022

esperava muito mais
não vou mentir ao dizer que é um livro extremamente linear. simplesmente o plot, ou qualquer emoção durante a leitura é inexistente. basicamente, é o retrato de uma mãe que perde seu filho e quer seguir em frente; por ser um tópico extremamente sensível, houve muito respeito com esse assunto, mas também não teve desenvolvimento! a verdade é que o livro poderia ser reduzido em uma centena de páginas e poderia ser narrado em primeira pessoa, dando o que os leitores tanto querem: uma história que prende e cativa do começo ao fim, o que não foi o caso.
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