O Fio da Navalha

O Fio da Navalha W. Somerset Maugham




Resenhas - O Fio da Navalha


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Carla.Parreira 10/10/2024


O Fio da Navalha (William Somerset). Eliot Templeton é descrito como um americano sofisticado e socialmente habilidoso em Paris, onde se tornou conhecido por suas conexões aristocráticas e por ser um amante das artes. Eliot se destaca por sua aparência elegante e charme, desde suas roupas até seus modos refinados. Ele manteve um estilo de vida que lhe permitiu frequentar a alta sociedade, onde utilizou seu conhecimento sobre arte para negociar negócios discretos. Embora a sociedade tenha suas desconfianças em relação a ele, a habilidade de Eliot de agradar e de se adaptar às exigências da elite francesa é notável. A narrativa explora a vida social de Eliot, sua busca por conexões e a capacidade de se envolver com figuras influentes, enquanto simultaneamente se faz amigo do narrador. A amizade se desenvolve gradual e naturalmente, refletindo sua ambivalência em relação ao sucesso do autor como escritor, ao mesmo tempo que demonstra a superficialidade das interações sociais na sociedade que Eliot tanto admira. Eliot experimenta uma transformação espiritual, incluindo sua conversão ao catolicismo, que complementa sua vida social e o aproxima ainda mais da elite europeia. A narrativa prossegue com o encontro de Eliot com o narrador em Chicago, onde se entrelaçam histórias sobre suas famílias, os amigos e a sociedade americana que parece confusa e inquieta para Eliot. Enquanto o narrador compartilha detalhes de sua vida, incluindo descontentamentos com a própria situação familiar, a discussão se desvia para as novas amizades dos filhos de Eliot, que se entrelaçam com os jovens americanos. O caráter e a ambição de Larry, um dos jovens mencionados, despertam a preocupação sobre seu futuro e suas ambições, mas ele se encontra em uma encruzilhada, refletindo as incertezas da vida contemporânea. A relação entre Isabel e Larry toma forma em meio às interações sociais, destacando a complexidade dos sentimentos envolvidos, com a pressão sobre Larry para encontrar um emprego e se estabelecer. O narrador observa as dinâmicas entre os jovens e as famílias, enquanto um novo emprego sugere esperança e mudança.
As conversas ao redor da mesa ao longo do jantar revelam a vontade de plotting na vida destes jovens, particularmente Larry, que luta com a expectativa de conseguir um emprego e a pressão para se afirmar. A história continua com as inter-relações entre os personagens, cujas vidas se entrelaçam com as complexidades do ambiente social e as expectativas pessoais que se chocam com a realidade de suas experiências. Larry havia se recuperado totalmente, mas a passagem do tempo e suas incertezas sobre o futuro o levaram a recusar várias ofertas de emprego. O noivado com Isabel era algo esperado, dado o quão próximos estavam, e sua mãe, apesar de gostar de Larry, alertava que ele precisava assumir responsabilidades. Durante uma conversa, o Dr. Nelson expressou sua preocupação sobre a falta de ambição de Larry, percebendo mudanças em sua personalidade desde que voltara da guerra. Ninguém sabia ao certo as razões para Larry estar tão reservado sobre suas experiências. Isabel também estava angustiada com a indecisão de Larry e com a pressão da família para que ele encontrasse um propósito. Enquanto isso, a discussão sobre o futuro deles se intensificava, especialmente sobre a possibilidade de um casamento imediato e de Larry aceitar um emprego. A proposta de um piquenique, planejada por Elliot, se tornou um momento tenso, pois ambos sabiam que a relação dependia de Larry assumir um novo rumo em sua vida. Após algumas interações, o clima entre eles se tornava mais complicado, especialmente quando Larry revelou seus planos de se deslocar para Paris, algo que deixou Isabel em um estado de incerteza e tristeza. Ela prometeu esperar, mas as circunstâncias de sua passividade frente à vida de Larry a preocupavam. Durante um encontro em Marvin, conversas profundas revelaram as inseguranças e dilemas existenciais que Larry carregava, fazendo com que Isabel se sentisse impotente em sua situação. Larry, por sua vez, começava a ver a vida de uma maneira mais ampla, refletindo sobre sua experiência na guerra e a fragilidade da vida. Ele expressou suas dúvidas e incertezas, e o que parecia ser um desejo de escapar da pressão da sociedade. Isabel, esperançosa, tentou confortá-lo, mas encontrou resistência em seu desejo por liberdade. No final, a ideia de Larry partir para Paris era recalcada em uma busca de autoconhecimento e compreensão, enquanto Isabel enfrentava o desafio de aceitar que poderia ter que esperar por um amor que parecia não estar pronto para assumir um compromisso. A tensão entre a ânsia de liberdade e a necessidade de conexão emocional permanecia latente, refletindo a complexidade de seus sentimentos e as expectativas que a sociedade impunha a ela. Larry era um aviador nato, adaptando-se rapidamente ao ambiente de combate, onde desenvolveu uma amizade cômica com um colega mais baixo que ele. Essa amizade se fortaleceu em Paris, onde, em meio às aventuras, enfrentaram uma intensa batalha aérea. Após um confronto, Larry observou seu amigo, gravemente ferido, perder a vida de maneira abrupta, deixando-o perplexo e reflexivo sobre a fragilidade da vida. Depois disso, a vida de Larry seguiu em Paris, onde parecia mais distante de suas responsabilidades. Enquanto isso, Isabel, preocupada com sua falta de planos, questionava suas decisões em continuar o noivado. A mãe de Isabel, ansiosa por ver a filha estabelecida e sabendo da condição de saúde que enfrentava, pressionava-a sobre como seria o futuro e o que faziam em Paris. Mesmo distantes, queimava-se um desejo por Larry, mas as expectativas de Isabel em relação ao futuro e à sociedade contrastavam com a busca de Larry por autoconhecimento e respostas existenciais. O relacionamento deles começou a ficar tenso, com Isabel antecipando um chamado à realidade que Larry parecia evitar. Durante um dos encontros, Larry expressou suas inquietações sobre o sentido da vida, questionando se existia um propósito ou apenas um ciclo de incertezas. Isabel, por outro lado, ansiava por uma vida mais convencional, repleta de eventos sociais e estabilidade, argumentando que a vida em Chicago era, de fato, mais palpável e concreta. O contraste se intensificou quando Isabel revelou seu desejo de uma vida social agitada, repleta de eventos e riquezas, enquanto Larry seguia seu caminho, imerso em busca de conhecimento. A conversa culminou em um momento de tensão emocional, onde Isabel entregou o anel de noivado, simbolizando uma ruptura entre suas visões de futuro. Embora ambos se comportassem com uma retórica civilizada, a dor da separação permeava o ar. Na sequência, Isabel ao receber Larry em casa, se viu cercada por uma atmosfera social exuberante. A presença de suas amigas americanas, com suas posturas artificiais e sua busca constante por uma aparência impecável, destacou ainda mais a energia fresca de Isabel. A admiração por seus trajes luxuosos despertou nela uma nova consciência de identidade e desejo, ao mesmo tempo em que refletiu sobre as exigências que a sociedade impôs, tornando evidente a busca por pertencimento em uma vida que não estava mais disposta a compartilhar com Larry. Essa dinâmica entre a busca por autenticidade e as pressões sociais se intensificou, refletindo, dessa forma, a luta interna de Isabel em equilibrar seus próprios desejos com as expectativas que a rodeavam. Isabel estava imersa em um mundo que lhe parecia civilizado e encantador, sentindo a emoção de compartilhar experiências com suas amigas em Paris, onde o ambiente era deslumbrante com móveis de valor inestimável e um ar de sofisticada elegância. Essa nova realidade a impressionava, especialmente quando comparava ao simples quarto de hotel que dividira com Larry, onde ele não via falhas. Após a saída das visitas, Isabel, sozinha com sua mãe, comentou sobre a adaptação de suas compatriotas em Paris, revelando sua admiração por elas e a condição de Luiza, que não mudara tanto. O diálogo com sua mãe revelou a decisão de Isabel de não continuar seu noivado com Larry, uma informação que sua mãe não levou a sério. Eles discutiram o desejo de Larry por seguir em frente, planejando uma viagem à Grécia ao invés de retornar aos Estados Unidos. Isabel, com o coração em conflito, não queria discutir o assunto com sua mãe, mas a dor da separação era evidente. Isabel reconheceu que a vida social em Londres poderia ser uma distração, especialmente diante de um jovem da embaixada que estava interessado nela. Larry, por sua vez, continuava sua vida despreocupada, mostrando-se firme em suas decisões e mantendo uma amizade cordial com Isabel, sem demonstrar tristeza ou arrependimento pelo rompimento. Ao mesmo tempo, havia a preocupação de sua mãe sobre como eles poderiam agir em público não sendo mais noivos. O desejo da mãe de Isabel era que ela se estabelecesse com alguém que tivesse posses e relacionamentos, e sugeriu que Isabel deveria esquecer Larry. Na próxima fase de suas vidas, Isabel e sua mãe se mudaram para Londres, esperando encontrar novas oportunidades e distrações. Isabel parecia estar bem, alegre e revitalizada, participando de eventos sociais e se misturando com os elegantes da alta sociedade, enquanto Larry, após o rompimento, decidiu trabalhar em uma mina de carvão para descobrir mais sobre si mesmo. O trabalho manual foi um contraste com sua vida anterior e serviu como uma forma de reavaliar suas prioridades e o que realmente desejava da vida. Coste, um antigo oficial de cavalaria polonês, passou a ser seu companheiro de trabalho, trazendo uma relação amistosa e complexa, com seus próprios segredos e histórias. A adaptação de Larry ao novo trabalho não foi fácil, mas ele conseguiu chegar a um entendimento sobre seu novo eu. O desejo de compreensão era algo que Larry levava consigo, explorando a vida e as suas nuances, com o peso do rompimento de seu relacionamento com Isabel sempre presente em seus pensamentos, enquanto Isabel navegava pelo glamouroso, mas superficial, mundo de Londres, tentando encontrar sentido entre festas e compromissos sociais. O colapso financeiro trouxe uma onda de pânico e incerteza, e logo chegou ao conhecimento de todos a gravidade da situação. Hélio, por estar envolvido nos investimentos de Harry Martin, imediatamente se preocupou com as repercussões que a crise traria para suas finanças e negócios. Os amigos e conhecidos de Hélio no meio social começaram a temer o pior, com rumores de falências e colapsos financeiros se espalhando rapidamente. Ele acompanhou a situação com apreensão, observando como aqueles que antes ostentavam riqueza e prestígio agora se mostravam inquietos e inseguros. Muitos dos aristocratas e industriais que costumavam frequentar seus jantares agora hesitavam em sair ou fazer novos compromissos financeiros. A atmosfera era de desânimo, e Hélio, que sempre se orgulhara de sua habilidade em navegar nos altos e baixos do mundo dos negócios, sentiu-se perdido diante da magnitude da catástrofe. Enquanto isso, Isabel, casada com Grey, preocupava-se com as implicações que a crise traria para a vida confortável que levava. Ela ainda mantinha alguma correspondência esporádica com Hélio, mas sua vida agora estava muito atrelada às expectativas sociais e às obrigações familiares. A aparente estabilidade de seu casamento estava sendo testada por essas novas realidades financeiras, e Isabel começava a se dar conta de que as cerimonias e festas que haviam tão alegremente passado poderiam não mais ser viáveis. Grey tentava manter a calma e a confiança, buscando alternativas para proteger seus interesses, mas a pressão estava aumentando. Os desafios financeiros começaram a criar tensão entre casais, e o equilíbrio que antes existia começou a desmoronar sob o peso das incertezas. Os meses que seguiram ao colapso foram difíceis para muitos. Hélio observou os frutos do seu trabalho e os investimentos feitos ao longo dos anos diminuindo drasticamente. Ele viu amigos e conhecidos perderem suas fortunas, e o glamour do círculo social que costumava frequentar se desvanecer enquanto a realidade se impunha com mais força. Em meio a tudo isso, Hélio refletia sobre suas escolhas e sua vida. As interações sociais antes prazerosas agora eram carregadas de uma tensão palpável. O que antes era leve e despreocupado agora se transformara em um teatro da ansiedade, onde todos se perguntavam quando ou se as coisas voltariam a ser como antes. Enquanto a sociedade lidava com as consequências da crise, Hélio sentiu também o peso de suas próprias perdas e a necessidade de se reinventar. A certeza de que o velho mundo havia mudado para sempre tornava-se cada vez mais clara, e a busca por um novo significado em meio ao caos tornava-se sua nova realidade. Hélio, preocupado, pensou que seria apenas uma fase, mas as falências se espalharam, e a queda dos negócios de Harry Martin acentuou a tragédia. A teimosia de Harry misturada à precipitação de Grey culminou em perdas irreparáveis. Quando finalmente o impacto da crise se fez sentir, Hélio ficou surpreso ao perceber que seu estado financeiro não era tão ruim quanto imaginara, mas logo foi informado sobre a morte de Harry e a ruína de Grey. Enquanto a depressão financeira se agravava, Grey, teimoso e previsivelmente otimista, tentou estabilizar os negócios, mas suas tentativas frustradas resultaram em colapso. Sua enorme fortuna evaporou, e sua saúde se deteriorou rapidamente, levando a um ataque cardíaco repentino. Com a morte de Grey, a responsabilidade caiu sobre Hélio. A luta de Grey para manter a dignidade acabou custando-lhe a vida, e seus filhos enfrentavam um futuro incerto, sem a herança que esperavam. Isabel, agora sem seus bens, viu-se à mercê da situação, com suas joias vendidas e apenas a plantação na Carolina do Sul a lhe restar. Apesar das dificuldades, ela se mostrava otimista, afirmando que Deus providenciaria. A realidade, no entanto, era dura e obrigou a família a se afastar do estilo de vida luxuoso ao qual estava habituada. Hélio percebeu a deterioração do ambiente em Riviera, com muitos imóveis à venda e hotéis vazios. O desemprego aumentava e o comércio lutava para sobreviver, enquanto os mais ricos tentavam manter suas aparências. Em meio a isso, Hélio encontrou Isabel, agora uma mulher mais madura e elegante, moldada pelos desafios. A conexão entre eles parecia restaurar-se, e compreendia-se que a vida deles nunca mais voltaria aos moldes de antes. A presença de novos amigos e o contato frequente entre Hélio e Isabel trouxeram um alívio ligeiro, mas o peso da realidade ainda pairava sobre eles. Isabel compartilhou as dificuldades que enfrentavam em Paris, mencionando que Grey ainda lutava contra as consequências do colapso, vivendo em estado de exaustão. Ao mesmo tempo, ela expressava otimismo, mesmo diante da perda de tudo que possuíam. O reencontro com o antigo amigo, Larry, trouxe à tona memórias do passado, mas também evidenciou como a vida estava mudada para todos. A confiança que Grey antes exibia agora se mostrava como uma fachada. Quando os dois se encontraram, o clima era ao mesmo tempo alegre e tenso, pois Larry carregava consigo histórias de suas próprias dificuldades, refletindo a incerteza dos tempos. Ao longo dos encontros, observou-se que a aparência das pessoas havia mudado consideravelmente com as provações. Isabel, embora ainda bonita, exibia as marcas da luta engrandecida pela dignidade. Hélio, cada vez mais envolvido nessa rede de relações, percebendo como o passado continuava a moldar o presente, ficou raro sentimento de esperança para o futuro, enquanto tentava encontrar o equilíbrio no novo mundo que emergia. Suzana aceitou o acordo, mesmo ciente das implicações emocionais e dos desafios que um relacionamento assim poderia representar. O homem, casado e com filhos, buscava algo casual, mas a conexão que começou a se formar entre eles era mais do que um simples arranjo. Ele se tornava um frequentador habitual de seu estúdio, apreciando sua arte e a companhia dela. Ao mesmo tempo, Suzana reconhecia que o vínculo tinha suas limitações. A relação oferecia conforto material, mas o aspecto emocional era complexamente marcado pela clandestinidade. Ela se esforçava para encontrar equilíbrio entre sua busca por liberdade e a necessidade de um apoio material. Durante esse período, Suzana também refletia sobre sua identidade como artista e mulher, lutando para definir o que desejava da vida. Tentava não deixar que os homens a definissem ou moldassem seus sonhos. O relacionamento com esse industrial a incentivava a se dedicar mais expressivamente à pintura. A influência dele era palpável, levando-a a explorar novas técnicas e abordagens, resultando em um crescimento artístico significativo. Os encontros entre eles continuavam a fluir, enquanto Suzana navegava entre seu desejo por verdadeira conexão e a dura realidade de sua posição. O homem, embora atraído por sua arte, era igualmente fascinado por sua personalidade forte e independente. A cada visita, uma nova camada de intimidade surgia entre eles, desafiando Suzana a decidir o quanto estava disposta a investir emocionalmente. Com o tempo, a relação evoluiu, e Suzana percebeu que sua felicidade não poderia depender unicamente de um arranjo material. O dilema entre segurança e amor, entre liberdade e compromisso, tornava-se cada vez mais intenso. Essa jornada de autodescoberta rendeu-lhe não só a possibilidade de um futuro diferente, mas também a valorização de sua própria voz como artista. Enquanto isso, comentava sobre suas experiências e desafios com outros artistas e amigos em Paris, criando uma rede de suporte. Esses laços, embora superficiais em alguns aspectos, trouxeram um senso de comunidade e pertencimento que se mostraram essenciais para sua adaptação e crescimento na cena artística da cidade. Através de suas relações, tanto pessoais quanto profissionais, Suzana abordava questões que ressoavam profundamente em sua vida. Essa busca incessante por entendimento e por um espaço onde pudesse expressar sua verdadeira essência marcava não apenas sua trajetória artística, mas também seu desenvolvimento como mulher diante das imposições sociais que cercavam as mulheres na época. Portanto, cada movimento em direção a uma nova obra, cada tentativa de se afirmar no mundo da arte, tornava-se um reflexo de sua própria luta pelo reconhecimento e pela liberdade. Suas experiências com os homens da sua vida a levaram a conclusões significativas sobre amor, desejo e a necessidade de manter seus próprios valores enquanto navegava por um mundo que frequentemente esperava que ela se conformasse a normas tradicionais. Suzana então decidiu alugar um apartamento, estabelecendo um novo lar que refletia sua nova situação financeira e seu desejo de independência. A relação com Van, o industrial, proporcionou a ela não só segurança financeira, mas também a possibilidade de cuidar melhor de sua filha, Odete. Nos primeiros meses, Suzana se adaptou à vida nova, embora o relacionamento fosse marcado por encontros quinzenais. No relato, o protagonista reflete sobre sua vida em Paris durante a primavera, onde desfruta da companhia de amigos e das memórias do passado. Ele descreve suas excursões com Isabel e Grey, como visitarem lugares icônicos e se divertirem juntos. Ele percebe a transformação de Grey, que, embora antes estivesse doente, agora parece mais feliz e saudável, em contraste com a expressão perplexa que tinha em seu primeiro encontro. A tensão emocional surge quando ele nota o olhar de Isabel fixado no pulso de Larry, revelando um desejo intenso e inesperado. Isso provoca um estado de desconforto no protagonista, que observa a situação com estranheza. Larry, por sua vez, passa a ser o centro das atenções, e sua presença traz uma aura de calma e alegria ao grupo. À medida que a narrativa avança, o protagonista resolve levar seus amigos a um setor menos respeitável de Paris, a convite de Isabel, que deseja explorar cabarés. O grupo acaba encontrando Sofie McDonald, uma antiga conhecida, que surge embriagada e escandalosamente vestida. Através das interações, revela-se um passado conturbado de Sofie, marcada pela tragédia da perda de seu marido e filho, que a levou a uma queda no alcoolismo e à promiscuidade. Isabel e Grey discutem o impacto negativo que a vida de Sofie teve sobre ela, questionando a possibilidade de redenção. Larry, por sua vez, parece disposto a ajudar Sofie, tendo a convicção de que ela pode mudar. O protagonista percebe a tensão crescente entre Isabel e Larry, que se preocupa profundamente com a questão de Sofie. Isabel, que tem sua própria visão crítica sobre Sofie, está relutante em aceitar o vínculo que Larry parece querer formar. O clima entre eles oscila entre lembranças do passado e as decisões do presente, com Isabel expressando sua preocupação sobre a escolha de Larry. A interação entre os personagens intensifica-se, levando a debates acalorados sobre amor, sacrifício e a natureza humana. Os diálogos revelam as complexidades emocionais e filosóficas de cada um, enquanto eles navegam pelas consequências das relações passadas e presentes. Essas tensões culminam na decisão de se reunir para um jantar, o que promete trazer à tona mais discussões sobre a vida e as escolhas de Sofie. O encontro é carregado de expectativas, especialmente pela transformação de Sofie e o impacto que sua presença terá sobre Larry e os outros. A narrativa assim se dirige, sem interrupção, para a próxima fase, onde as interações entre os personagens se intensificam, moldando um clima repleto de tensão e intriga que explorará ainda mais os limites do amor e da redenção. Sofie, sentada em um café, revela não ter se casado com Larry, afirmando que não conseguiu se ver no papel de sacrifício que isso exigiria. Ela menciona a dificuldade que sentia quando Larry estava presente, mas que se tornava insuportável na sua ausência. A conversa entre os dois é marcada pela superficialidade, mas por trás das palavras de Sofie, transparece uma dor profunda e uma luta interna contra seus vícios. Ao mesmo tempo, ela expressa uma curiosidade leve, aludindo ao seu passado de um jeito que mistura arrependimento e risada. O encontro entre eles reflete as mudanças na vida de Sofie e, ao mesmo tempo, uma nostalgia pelas experiências que tiveram juntos. A menção a um livro recém-publicado do protagonista traz à tona a conexão anterior entre os dois, mas ao mesmo tempo evidencia a distância que agora os separa. Ao falar de Larry, ela revela o sofrimento contínuo que experimentou, como se estivesse presa em um ciclo vicioso de dependência. A narrativa do protagonista traz à tona sua incapacidade de compreender completamente a situação de Sofie, mesmo que ela tenha sido uma parte vital de suas experiências passadas. O ambiente opressivo de Paris, com seu ritmo acelerado e a festa constante, contrasta com a solidão que ambos enfrentam. Sofie parece estar em busca de uma vida nova, tentando lidar com suas próprias fraquezas, e essa busca a leva a um caminho que a faz perder a esperança. O desdobramento da vida de Elliot continua, retratando um homem que, mesmo doente, se esforça para manter sua elegância e charme, mesmo quando se sente esquecido e desconsiderado pela sociedade que um dia o celebrou. Ele se entristece pela falta de convites e pela perda de place na elite social, e essa tristeza é acentuada ao perceber o desprezo dos que uma vez eram seus amigos próximos. A consulta ao médico revela a gravidade de sua condição, e, apesar do seu humor, ele luta contra o avanço da doença. A festa que se aproxima se torna um símbolo da exclusão de Elliot, reforçando seu sentimento de desespero e de falta de conexão. O protagonista tenta intervir, articulando um plano para garantir a participação de Elliot na celebração, mas mesmo isso é frustrado pelas intrigas sociais que o cercam. O questionamento moral e emocional que permeia a vida de Elliot reflete uma solidão profunda, onde ele se pergunta sobre sua relevância e legado. A conversa com a secretária de Edna revela mais sobre as relações de poder e as artimanhas que existem dentro dos círculos sociais, mostrando que mesmo entre amigos pode haver rivalidade e deslealdade. A cena culmina quando o protagonista se propõe a garantir a presença de Elliot na festa, muito mais como um gesto de compaixão do que por sua importância social. Elliot, em sua fragilidade, mostra-se disposto a confrontar seu destino com dignidade, enquanto aqueles ao seu redor flutuam em um mar de superficialidades. A tensão emocional aumenta à medida que se aproxima a festa e a saúde de Elliot se deteriora. A conexão entre os personagens se torna um fio condutor que perpassa as questões de amor, amizade, o peso do passado e as escolhas que definem suas existências. A narrativa reflete assim a complexidade das relações humanas e a busca incessante por significado em meio à banalidade da vida. Elliot estava gravemente enfermo, e em um momento de profunda intensidade, o bispo apareceu para administrar os sacramentos. O protagonista, observando a cena, sentiu uma mistura de respeito e confusão ao presenciar a cerimônia religiosa e a permeabilidade entre o sagrado e o profano. A cena era marcada pela tristeza e pela aceitação do destino, enquanto Elliot, agora em um estado de euforia e lucidez, falava sobre sua entrada no reino dos céus com um humor peculiar, refletindo sua complexidade em se relacionar com a vida e a morte. Após a morte de Elliot, o protagonista se via envolto em uma série de preparativos para o funeral, seguindo as últimas vontades do amigo com um misto de respeito e desconcerto. A relação de Elliot com seus entes queridos e suas complexas instruções sobre como gostaria de ser sepultado eram um testemunho de sua personalidade extravagante, demonstrando um desejo de manter vivas suas lembranças mesmo após sua partida. O protagonista se lembrava da generosidade de Elliot, que deixara heranças peculiares, incluindo uma biblioteca inusitada e um legado em dinheiro para a igreja. A presença de Grey e Isabel, que chegaram da Itália, trouxe um novo dinamismo à narrativa. Isabel, agora herdeira de uma quantia substancial, encontrava-se confortável na nova realidade que a morte de Elliot proporcionara, mesmo que marcada por uma melancolia tácita. A transição de Isabel e Grey para um novo capítulo em suas vidas significava um retorno à América, mas também um anseio por compreensão e estabilidade emocional. O protagonista refletia sobre os laços que se formaram e se desfizeram, e como o passado ainda ecoava nas interações, além da importância do amor e das conexões humanas em meio ao caos da vida. O reencontro com Larry gerou uma nova oportunidade de explorar filosofias e questionamentos sobre a vida, trazendo à tona o enigma da existência, do propósito e das experiências que moldam o ser humano. As conversas com Larry revelavam uma busca por significado e um desejo de entender o papel de cada um no grande teatro da vida, enquanto as experiências passadas se entrelaçavam com a busca presente, formando um mosaico de reflexões e descobertas. Larry, com suas visões ocasionais sobre a Índia e a vida, trazia à tona a ideia de cura e autodescoberta que o acompanhava; isso refletia a complexidade de seus pensamentos, que não se prendiam a convenções. A experiência de viver na Índia se tornava uma metáfora da transformação pessoal e da luta interna contra os medos que moldam a natureza humana. Assim, a narrativa continua a tecer os fios das vidas cruzadas, explorando a fragilidade da existência, os anseios e a eterna busca por significado, entrelaçando o cotidiano à reflexão profunda sobre a condição humana. As memórias de Elliot, Larry, Isabel e Grey se amalgamam em um padrão intricado, onde cada personagem reflete suas próprias verdades e desafios em um mundo que, mesmo repleto de superficialidades, revela sua essência nas interações mais sutis e significativas. Larry, após encontrar-se com o swami, começou a absorver as complexidades do bramanismo e da meditação. A contemplação das divindades, como Brahma, Vishnu e Shiva, o levou a refletir sobre a realidade e a transcender os limites da compreensão convencional. Em sua busca pela verdade, há uma mudança de perspectiva que germina dentro dele, levando-o a dedicar-se a um profundo estudo do hinduísmo em Varanasi, onde experiências de devoção e rituais o marcaram de forma indelével. Durante suas conversas com os locais, Larry interrogava a natureza da reencarnação e os ensinamentos espirituais que lhe eram apresentados, processando suas crenças em relação ao bem e ao mal. Dizem os hindus que o sofrimento é uma consequência das ações passadas, levando a reflexões sobre o propósito da vida e a transmigração das almas. As ideias de causa e efeito na vida das pessoas, que se entrelaçam em suas experiências, proporcionavam a Larry uma nova compreensão de seu próprio ser. O tempo em Varanasi o permitiu conhecer profundamente as tradições locais, e a prática da meditação revelou-se uma forma de se conectar com a essência espiritual proposta pelo bramanismo. As emoções que acompanhavam as cerimônias e os rituais despertavam nele um senso de pertencimento além do físico, questionando se sua individualidade era não mais que uma gota no vasto oceano do absoluto. Após meses de vivências introspectivas e significativas, Larry decidiu se dirigir ao sul da Índia, em Travancore, para encontrar um guru, Shri Ganesa, que muitos diziam ser um homem de sabedoria profunda. Quando finalmente o conheceu, teve a impressão de que a busca que empreendera poderia culminar em um verdadeiro entendimento de sua própria vida e de suas inquietações. O silêncios ponderado do guru, que irradiava serenidade e desprendimento, deixou Larry profundamente tocado. Diálogos entre os dois revelavam uma filosofia de vida que superava as barreiras da materialidade, evocando compreensão de que a felicidade reside na libertação da individualidade e na entrega ao absoluto. O ensinamento de Shri Ganesa era simples: a libertação do sofrimento humano poderia ser alcançada pela conquista da tranquilidade, e não pela fuga do mundo. Larry refletiu sobre suas experiências, discutindo a complexidade da realidade e a beleza com que cada ser humano se relaciona com sua própria existência. Enquanto o guru o guiava em suas meditações e práticas, Larry extraiu dele a certeza de que a busca pela verdade era, essencialmente, uma jornada pessoal e íntima. O retorno de Larry à vida ocidental encontrou-o em um dilema existencial. Ele estava ciente de suas raízes em meio ao conforto material e à agitação da sociedade, mas a gratificação espiritual que experimentara na Índia o impulsionou a buscar uma nova forma de vida ao retornar à América. A ideia de viver de forma despretensiosa, servindo aos outros e encontrando o equilíbrio entre o corpo e o espírito, tornou-se sua nova visão de vida. O diálogo com o narrador reafirmou as tensões entre o idealismo de Larry e as realidades mundanas. Em suas conversas, ele desafiou a noção de que o dinheiro traz liberdade, sustentando que a verdadeira liberdade é encontrada na entrega ao conhecimento espiritual e na abnegação da egoísta busca por posses materiais. Essa nova compreensão trouxe a ele não só satisfação, mas o desejo de compartilhar essa visão com a sociedade que o rodeava, esperando que sua experiência pudesse servir de inspiração a outros. Em meio a conversas sobre dinheiro, liberdade e idealismo, Larry reafirmou a intenção de voltar à América, não como um vagabundo, mas como um homem consciente de suas escolhas e do impacto que poderia ter no mundo ao seu redor, disposto a adaptar-se e encontrar seu caminho em um ambiente que contradiz tanto suas crenças profundas. Larry decidiu passar o inverno em Samari, onde tinha a intenção de trabalhar em seu livro, que estava escrevendo mais como uma forma de se livrar de suas anotações do que buscando reconhecimento. Ele não se importava em publicar apenas para amigos e conhecedores do seu trabalho. Enquanto isso, o narrador refletia sobre seu encontro com Larry e o peso de sua jornada introspectiva, especialmente após o trágico destino de Sofie, que, agora revelada como uma mulher com problemas sérios, incluindo vícios, tornava a história ainda mais densa e complexa. Meses depois, o narrador se viu em uma situação angustiante ao ser chamado pela polícia para identificar o corpo de Sofie McDonald, uma mulher que conhecera superficialmente em Paris. A revelação de sua morte violenta poderia acabar envolvendo muitas outras pessoas, e Larry, que havia se tornado amigo do narrador, seria diretamente afetado. Este, por sua vez, se sentiu na obrigação de desvendar a verdade sobre o que acontecera. O encontro com a polícia era marcado por uma atmosfera de tensão, onde o inspetor apresentava as informações de forma brusca e direta. Sofie era identificada como uma mulher problemática, com passagens por bares e vínculos com indivíduos de índole questionável. A polícia podia sugerir que Larry poderia ter alguma ligação com a morte dela, especialmente após encontrar sua fotografia no quarto da vítima. O narrador se viu em um dilema, consciente de que deveria proteger seu amigo, mas também temendo que isso pudesse rejeitar as garras da verdade. Após uma identificação desgastante do corpo de Sofie, o narrador e Larry tiveram que lidar com a responsabilidade do enterro, um ato penoso que se tornava ainda mais difícil dada a relação conturbada de Larry com a mulher falecida. Durante esses dias, o silêncio pesado entre os dois homens tornava-se uma forma de partilhar a dor de um passado que os conectava de maneira íntima a uma tragédia recente e à luta interna de Larry em busca de um propósito. Larry, agora determinado a se afastar da Europa, venderia suas poucas posses e viajava para um novo destino na América. Ele falava de sua liberdade de maneira quase exaltada, mas o narrador percebia uma tristeza subjacente em sua ânsia por escapar, como se Larry estivesse se movendo para longe não só de um lugar, mas de experiências e pessoas que o marcaram de formas diversas. O narrador decidiu então visitar Isabel em Paris, uma antiga conhecida de Larry, agora casada e vivendo uma nova vida. Ao encontrá-la, Isabel falava sobre seus próprios anseios e planos, enquanto o narrador se preocupava com a condição de Larry e a forma como o passado ainda pesava sobre todos eles. Isabel, ao ouvir sobre os últimos eventos, envolvia-se em uma narrativa de culpa e responsabilidade, refletindo sobre o que poderia ter sido feito para salvar Sofie, e suas palavras ecoavam a essência dos conflitos internos que Larry enfrentava. Após compartilhar detalhes sobre a vida de Larry, o narrador notou a mudança na expressão de Isabel enquanto ela lutava contra seus próprios sentimentos com relação a Larry e à morte de Sofie. As conversas que se seguiram eram cheias de introspecção e remorso, como se todos estivessem entrelaçados por fios invisíveis de escolhas e arrependimentos. A atmosfera no apartamento de Isabel era carregada de emoção, e o narrador se perguntava se todos estavam condenados a viver seus dias emaranhados por tragédias que poderiam ter sido evitadas, refletindo a complexidade de cada um deles e a inevitabilidade do destino. Susan estava entusiasmada com sua nova carreira como artista, ressaltando um vernissage iminente em Paris, onde a alta sociedade teria a oportunidade de elogiá-la. Ela mencionou que um ministro da educação inauguraria sua exposição, realçando suas qualidades como mulher e artista, enquanto um de seus quadros seria adquirido pelo estado francês para a coleção nacional. O clima no estúdio de Susan era de expectativa e orgulho, à medida que ela mostrava suas obras, que embora imaturas, apresentavam um uso interessante de cores e uma certa elegância. Apesar de sua insegurança, Susan acreditava que suas pinturas refletiam um talento genuíno, e o narrador, admirando uma de suas obras, decidiu comprá-la, o que a deixou extremamente feliz. Eles compartilharam momentos agradáveis, onde a leveza de seus assuntos ajudou a afastar as lembranças pesadas da dor pelas quais passaram. Com o passar do tempo, o narrador se viu imerso na vida de Susan, que estava decidida a se estabelecer na Riviera e viver como uma artista respeitada. No entanto, enquanto conversavam, a sombra de Larry persistia na memória do narrador. Ele imaginava Larry começando uma nova vida na América, onde possivelmente se tornaria motorista de caminhão ou até mesmo de táxi, vivendo de forma simples e distante da fama. Em meio a isso, o narrador refletiu sobre o impacto que Larry teve em sua vida e na de outros, questionando se ele encontraria a felicidade em sua busca por uma vida mais espiritual e menos materialista. Era possível que Larry, mesmo em uma existência comum, pudesse transmitir uma mensagem importante sobre a verdadeira felicidade. O narrador concluiu que, apesar das estranhezas e conflitos da vida contemporânea, as pessoas ao redor de Larry estavam, de algum modo, seguindo caminhos que se entrelaçavam e que, de várias formas, buscavam seus próprios sucessos. Todos, incluindo Elliot, Isabel, Grey, e até mesmo Larry, pareciam ter atingido seus objetivos pessoais, embora de maneiras variáveis e repletas de complexidade. Pensando sobre a trajetória de cada um, o narrador reconheceu que, mesmo com finais diversos, todos conseguiram encontrar um espaço de contentamento em suas vidas, cada um à sua maneira. A vida poderia ser uma narrativa de sucessos, embora o cenário em que se desenrolasse fosse multifacetado e muitas vezes paradoxal. Essas reflexões deixaram o narrador com uma sensação ambígua sobre a satisfação da narrativa que se desenrolara, mas com um entendimento mais profundo sobre as nuances da felicidade e dos relacionamentos.
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Rafael.Ferreira 26/08/2024

Mais Elliot, menos Larry
Estranho. A estruturação e o constante pedido de desculpas sobre a qualidade do que foi escrito pelo próprio escritor/narrador/personagem gera uma certa aflição, um quê de concordância, não uma vontade de defendê-lo.

Destaque positivo para o personagem Elliot, extremamente bem trabalhado, sem dúvidas o mais interessante do livro. Elitismo, acidez, entendimento da estrutura social, esperteza pra ser inserido nela (por isso um cinismo ainda maior, pq ele demonstra saber quando e porque a superficialidade é útil). Ainda assim, cheio de amor e empatia, protetor absoluto dos que ama (provavelmente apenas a família, mas por eles é capaz de tudo). Homossexual (não tá escrito, mas é bem nítido) numa época que não lhe permitia ser. Em síntese, um livro com o foco em personagem tão complexo seria melhor.

Isabel também é bem trabalhada. Vemos com naturalidade o amadurecimento dela. E tudo ao redor dela faz sentido. Infelizmente temos diálogos longos e explicativos com o narrador/escritor, puxando pra obviedade sentimentos conflitantes que, para mim, seria mais prazeroso perceber sozinho.

O Sr. Moughan como personagem surge de forma tímida, realmente como um observador. Mas nos capítulos que desata a ser "divertido" em diálogos com as mulheres (Isabel e Suzanne, principalmente), mostra que se encaixa
perfeitamente no círculo social que antes parecia criticar com humor refinado.

Por fim, Larry. O alter-ego do escritor. Se como personagem o escritor se assume elitista, coloca em Larry todas as qualidades que julga um homem poder ter. E se repete e repete. Tentar fazer desse "homem tão especial" o foco do livro deixa tudo meio bagunçado. Somos repetidamente apresentados ao sorriso encantador, aos olhos negros, rosto cavado, ar de despreocupação. Cansa! Larry não tem profundidade, parece mais uma ideia do que uma pessoa.

Vendo a biografia do autor, percebo que Larry talvez seja uma representação do que ele foi quando mais jovem, mas o endeusamento é tamanho que acredito mais que Larry seja uma criação do que ele gostaria de ter sido.
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Clio0 12/07/2024

Somerset Maugham foi um escritor do século XX que levou muitos acadêmicos à discussões de mesa de bar sobre sua contribuição para a literatura estadunidense. Seus livros intimistas e críticos da natureza humana ainda são um grande ponto de interrogação.

O Fio da Navalha apresenta a luta interna de Larry Darrel para se adaptar a um mundo que ele já não enxerga da mesma maneira. O trauma acarretado pela morte de um amigo vai além de algo emocional, reavaliando estruturas familiares e o próprio futuro.

É um tema pesado, mas o personage Larry foge ao típico drama e sua consciência beira o humor macabro e o deboche.

Recomendo.
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Pavozzo 23/02/2024

"A lâmina afiada de uma navalha é difícil de atravessar, por isso os sábios dizem que o caminho da salvação é árduo"
Em 1946, o crítico americano Edmund Wilson escreveu na revista "The New Yorker" o seguinte: "Nunca consegui convencer-me de que ele (Maugham) fosse nada mais do que um escritor de segunda ordem". Embora sinto-me incapaz de oferecer uma argumentação contrária consistente, sou da opinião de que o crítico exagerara em suas palavras.

Neste livro, obra da maturidade do autor, Maugham consegue reunir três características que são-me muito apreciadas: uma escrita agradável, o desenvolvimento de personagens complexas, e uma história capaz de proporcionar reflexões sobre propósito e o sentido da vida.

Lawrence Darrell é um jovem aviador cheio de gosto pela vida, mas a experiência traumática da morte de um amigo durante a primeira guerra mundial vai transformá-lo completamente: de que adianta lutar tanto, viver perseguindo sonhos e buscando experimentar tudo de bom que a vida tem para oferecer se, no fim, vamos terminar prostrados em uma vala, esperando inertes que os vermes roam as frias carnes de nossos cadáveres? O questionamento levará Larry por uma viagem pelo mundo e pelo interior de si em busca de respostas.

Maugham não se limita ao drama pessoal de Larry - acompanhamos o caminho trilhado por outras personagens em razão de suas escolhas de acordo com os propósitos de vida que cada qual possui: seja este prestígio social, segurança financeira ou uma família. Entretanto, como uma navalha de dois gumes, o que talvez seja mérito na obra acaba também por ser o seu defeito: apesar de Larry ser a razão principal para que essa história nos fosse contada, o autor não consegue trabalhá-lo tão bem quanto Isabel, amiga de infância e noiva de Larry, e Elliott, tio de Isabel.

Repleto de observações espirituosas, Maugham narra aqui uma história de sucessos, na qual todos encontram, no fim, aquilo que buscavam em vida. A questão é: isso lhe fez feliz?
edu basílio 25/02/2024minha estante
que elegância tem o seu relato :-)




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Raquel.Furchinetti 13/02/2024

Amei! Pena que acabou!
Acima de tudo amei a escrita do Somerset Maugham. Nunca tinha lido nada dele antes. O autor detalha personagens, circusntâncias e cenários muito bem, mas sem florear. Os capítulos são curtos e vão puxando um ao outro que você nem percebe. A estória da busca principal, que é a de Larry quanto a espiritualidade e o sentido da vida também é muito legal em contraponto com seus amigos que vivem uma vida de luxo e glamour. Aliás, como vi alguém aqui ,comentar, o livro é uma série de buscas diferentes e a forma como as pessoas vão intergindo com visões de mundo diferentes. Eu simplesmente amei. Deu até uma dorzinha no coração de não mais acompanhar os personagens porque acabamos nos afeiçoando a todos eles.
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Ruan222 18/01/2024

Sentido da vida e vocação
A história que Somerset Maugham nos conta, gira em torno da personalidade de Larry que, ao perder um amigo na guerra ? tendo este dado a vida para salvá-lo ?, se choca com a realidade da morte e decide se livrar de todas as vaidades que o circunda para empreender uma busca sincera pelo sentido real da vida humana (o que aparece para ele, de início, como uma busca por uma resposta satisfatória para o problema do mal). Larry é um personagem enigmático e incompreendido ? isto é assim porque sua vocação está inclinada às coisas próprias do espírito; enquanto os demais, por outro lado, buscam prestígio social, conforto, e os bens que são próprios do mundo sensorial. O livro não nos traz respostas concretas acerca dos dramas que o substancia, mas fornece amostras razoáveis de destinos humanos possíveis, que servem de material para que meditemos acerca de nossa própria jornada pessoal.
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Matheuzices 13/01/2024

Nos levando numa jornada desde o fim da Primeira Guerra Mundial, até o príncipio da Segunda, Somerset cria um romance que se pinta como não sendo um romance. Como se fosse uma história biografica, ele consegue nos transportar para aquela época por conta da quantidade de detalhes que transfera para suas páginas. Seguimos a história de Larry, um piloto de avião da Primeira Guerra e sua insistência em querer achar o significado da fé, o significado da vida, o significado de Deus na vida humana, sua jornada nos leva a época de oura Europeia, mas começamos nos Estados Unidos e terminanmos no lugar mais improvável para um romance escrito nesta época, India. Vemos como a humanidade é profunda e ao mesmo tempo superficial. Posso dizer que foi uma grande supresa ser o primeiro livro de 2024.
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Daiana59 20/11/2023

Inesperado
O que falar desse livro
Não era da minha lista de livros, veio de brinde em uma troca.
No livro é o próprio autor que conta sua história e a da sociedade em que convive, com seus amigos em destaque. Ele da foco em Larry, um de seus amigos e conta sua história de vida em busca da felicidade. Um homem que larga tudo, dinheiro, amor, amigos em busca da felicidade, vai em viagens, trabalhos e livros. E chegamos ao final do livro sem saber se ele realmente encontrou, mas descobrimos um cara diferente e mais leve.
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JJFelix 30/09/2023

"Dotado de profunda força interior. Larry Darnell acredita que a verdadeira felicidade está na essência das coisas.
Assim, renuncia ao longo de sua existência a todas as oportunidades de adquirir posição social, prestígio e riqueza e decide correr o mundo à procura
da sabedoria e da purificação da alma.
Essa incansável busca --- fio condutor
de um enredo que leva Larry a conviver
com personagens multifacetadas e influenciar o destino de muitas vidas --- é narrada com sutileza e emoção por Somerset Maugham, um dos maiores
ficcionistas da literatura de todos os tempos."
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Deghety 04/06/2023

O Fio da Navalha
Segunda vez que leio este livro e a satisfação foi a mesma.
Maugham narra uma história que tem como principais protagonistas, Elliot e Larry, mas em um contexto geral, se trata de metas e ideiais.
O que torna esses dois personagens especiais em particular, é o fato de que são, a grosso modo, iguais,  mesmo cada qual com ideiais se extremando.
Elliot é aficionado por status, núcleos aristocratas e tudo que o coloque em evidência na sociedade.
Larry é aficionado pelo saber, pelo mundo espiritual e é indiferente às convenções sociais.
O Fio da Navalha que os separa é justamente esses contrastes, porque em seus corações, tirando inevitáveis defeitos, há bondade, solidariedade e honra.
Me parece, que esse é o principal ponto do livro, a importância das sementes, desconsiderando a aparência e como se comportam as cascas.
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Ronaldo.Ruiz 28/11/2022

Em busca pelo sentido da existência
Antes de iniciar a resenha de "O Fio da Navalha", do escritor W. Somerset Maugham, gostaria de contar um pouco da minha jornada para chegar até ele.

A primeira vez que ouvi falar desse livro foi em 2013, há quase dez anos, portanto. Embalado na época pela leitura de "A Montanha Mágica", de Thomas Mann, procurei outros romances com uma pegada mais filosófica. Porém, outros livros foram entrando na minha lista de interesses e "O Fio da Navalha" acabou indo parar no fim da fila.

Recentemente, após a perda de um amigo muito querido, voltei a me interressar nele. "Quem sabe esse romance me dê respostas para as perguntas que eu ando me fazendo", pensei.

LARRY

O livro conta a história de Larry Darrel, um ex-aviador que lutou na França durante a Primeira Guerra Mundial. Ele sofre um grande trauma ao ver seu amigo morrer após este salvá-lo de um ataque de aviões inimigos. Um jovem que, até poucas horas atrás era uma pessoa tão animada, agora jazia no chão sem vida, como um velho fantoche abandonado por seu criador.

Depois de passar algum tempo nos Estados Unidos, Larry decide abandonar a vida confortável e próspera de seu país, inclusive sua noiva Isabel, para procurar respostas para suas dúvidas existenciais, entre elas: por qual motivo existe o mal no mundo?

Essa busca vai levá-lo novamente a França, depois Alemanha e Índia.

Um aspecto interessante da obra é como ela retrata a incompreensão da maioria das pessoas diante de alguém que prefere buscar sabedoria em vez de ganhar muito dinheiro, buscar prazeres, diversões e posses materiais.

Enquanto os demais personagens são atingidos por mudanças provocadas pela passagem do tempo, como crises econômicas, doenças, perda do prestígio social, mudanças de costumes e a morte de entes queridos, Larry parece sempre sereno, como se tivesse compreendido algo que explicasse tudo.

Até há um paradoxo engraçado: quanto mais ele fica desapegado de coisas materiais, mais ele parece tê-las.

HISTÓRIA REAL

Maugham se inclui na história como um personagem menor. Aliás, ele diz que os acontecimentos de "O Fio da Navalha" foram reais. As pessoas que aparecem no livro apenas tiveram seus nomes trocados. Muito do que sabemos sobre elas é contado ao próprio escritor por outros personagens em longos diálogos.

Como eu vinha da leitura de dois livros cheios de ação, demorou um pouco para me acostumar com o ritmo da obra. Há um enredo, mas as coisas acontecem devagar. Aos poucos fui me afeiçoando aos personagens e seus dramas.

(De vez em quando, também gosto e preciso descansar nas páginas de um livro.)

Na verdade, o enredo nem é tão importante assim. O mais interessante neste livro são os temas tratados nele. Apesar de alguns deles serem mais densos e o autor ser contemporâneo dos modernistas, a escrita de Maugham é clara e flui bem.

ÍNDIA E HINDUÍSMO

O capítulo 6 me marcou bastante, por retratar a Índia e falar sobre o hinduísmo, uma religião que sempre me chamou a atenção, mas da qual conheço muito pouco. Durante sua leitura, fiz pesquisas sobre lugares e divindades, o que aumentou a minha vontade de conhecer a Índia algum dia.

Nessa parte, ficamos sabendo como foi a peregrinação de Larry nesse país por meio de uma conversa entre ele e o escritor, que atravessa a madrugada em um café parisiense.

Uma das passagens mais legais acontece quando Larry se emociona diante de um busto de três cabeças com o qual ele se depara nas Grutas de Elefanta (trata-se da trindade conhecida como Trimúrti). Curiosamente, Larry reencontra lá um swami que havia conhecido em um navio e que lhe recomendou visitar o local. Ele explica que a imagem representa a Realidade Final, composta por Brama, o criador; Vichnu, o conservador; e Siva, o destruidor. Você pode até não se tornar um devoto dessa entidade, mas é preciso concordar que se trata de um belo simbolismo para a existência cíclica que envolve todas as coisas do universo.

"O Fio da Navalha" é um livro muito bom e pretendo voltar a ele no futuro. Confesso que não encontrei nele respostas conclusivas para as perguntas que me atormentam. Mas sinto que dei um passo a mais na minha busca.

site: https://marcenarialiteraria.art.blog/2022/11/28/resenha-13-o-fio-da-navalha-de-w-somerset-maugham/
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Lia 31/07/2022

Leia
Peguei esse livro despretensiosamente porque nunca tinha ouvido falar do autor (uma pena) mas achei o título interessante. Amei! A escrita é muito boa e me fez conhecer a fundo os personagens, suas dúvidas, inquietações e desejos.
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Abduzindolivros 27/12/2021

me identifico com os homi do Maugham
Nessa história, Larry é convocado para ser um combatente aéreo na 1ª Guerra Mundial e volta com um trauma após um companheiro sacrificar-se para salvá-lo. Então, começa a se questionar se a vida é só isso mesmo: trabalhar e especular para ficar rico, ir a festas, comprar imóveis, talvez sustentar uma amante, casar-se com uma moça elegante e ter filhos...

Larry então foge do padrão do círculo social em que está inserido: enquanto todos estão ocupados com seus divertimentos e em trabalhar ?duro? para juntar dinheiro, vivendo o american way of life, ele não procura emprego, passa o dia todo lendo obras de grandes filósofos e enfim empreende uma viagem pela Europa e Ásia, trabalhando em minas, fazendas, mosteiros, levando uma vida frugal e contemplativa com o objetivo de encontrar algo que ele sentia que lhe faltava, mas que não estava nos jantares ou nos empregos em escritórios de corretagem.

E ele é duramente criticado por aqueles que vivem desse estilo consumista e elitista. Maugham assume o papel de narrador e personagem dessa história, e apresenta o contraste das pretensões de Larry a partir de descrições do estilo de vida de pessoas importantes para ele, como sua ex-noiva, Isabel, o marido dela, Gray, seu tio Elliot, entre outros. Maugham, como narrador e partícipe, expõe as nuances do pensamento meritocrático dessas pessoas para evidenciar a busca de Larry, e aí nós vemos diálogos revelando falta de empatia, hipocrisia e a dureza desse pensamento do ?se eu fiquei rico foi porque mereci?.

Só que ele não tece julgamentos. Apenas expõe, e não o faz para demonizar quem vive dessa forma. Tampouco santifica o comportamento de Larry. Mostra de forma honesta essas pessoas sendo o que são e conquistando o que desejam, sem romantizar e sem esconder as contradições dos seus pensamentos e atitudes.

Todos os personagens que aparecem nessa grande fofoca têm importância, e ensinam algo ? mesmo os menos relevantes. São jogos sutis mostrando como todas as criaturas estão se esforçando para conseguir a aprovação de seus pares e serem célebres de alguma forma, ou aproveitar a vida, ou buscar a própria destruição como uma forma de vingança às agruras da existência. E todos oferecem contraste a Larry, tornando sua busca abstrata muito mais sólida e nos fazendo aplaudi-lo, por não tentar mudar as pessoas ao seu redor apresentando-se como a solução para os sofrimentos e futilidades, e assumindo a responsabilidade por fazer sua escolha derradeira: ser livre.

Vale muito a pena dedicar um tempo para ler essa obra, o cara manda muito, é um fofoqueiro de mão cheia e sabe como prender a gente do início ao fim. Recomendo fortemente.
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Paula Horn 27/12/2021

Uma grata surpresa!
Comecei o livro sem saber do que se tratava e logo nas primeiras páginas já me vi encantada com a forma da escrita.

O livro é contado em primeira pessoa e narrado por um escritor, que é um ótimo observador, e que nos apresenta a vida de outras pessoas em torno do que no início poderia ser uma história sobre o relacionamento de dois jovens (mas é muito mais). É um livro com tanta riqueza de detalhes (sem ser maçante), com diálogos tão interessantes, personagens tão bem construídos e escrita tão fluida que parece que você está lendo vários livros dentro de um só.

Me apeguei ao livro instantaneamente e não consegui largar enquanto não acabei? também me apaguei aos personagens e agora ficou um vazio e vontade de ler outras obras do autor (que eu não conhecia).

Uma pena esse livro não ser tão conhecido pela nova geração.. eu mesma só li porque achei ele ?sobrando? por aqui? mas vou fazer minha parte e ?espalhar a palavra? pra que chegue em mais pessoas! Kkkkk
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