Bruno Oliveira 25/02/2022
O FOLHETIM RAIZ
A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo é um bom exemplo do que costumamos chamar hoje de “literatura de entretenimento”. Precursor do romance-folhetim no Brasil e, claro, do próprio movimento Romântico por aqui, ele apresenta personagens planos, um enredo simples e cronológico. É divertido de acompanhar todo o hoje clichê de um romance de época (ou de uma boa comédia-romântica): casal aparentemente nada a ver, muito diferentes um do outro, um mulherengo, a outra mais nova e espevitada; personagens coadjuvantes de função cômica; um grande Amor já determinado pelo Destino e afins. É curioso de saber que o romance foi escrito com a linguagem coloquial da época (1844), pois hoje (2022) faz-se necessário um bom dicionário para entender melhor certos vocábulos, expressões e referências. Contudo, isso em nada prejudica uma boa leitura do romance. Brincadeiras, passatempos da época também é muito interessante de acompanhar: as pessoas, dessa classe social, óbvio, pareciam se interessar mais por tudo e todos ali presentes, um bom papo era uma pratica muito comum e muito prazerosa. A escravidão, infelizmente, era coisa habitual: reconhecer isso é dever de todo leitor. Enfim, com 178 anos este romance ainda diverte e faz pensar.