malucpinheiro 24/01/2023
Enredo interessantíssimo. Um clássico!
Um enredo interessantíssimo, capaz de suscitar grandes reflexões filosóficas acerca do amor, da moral, dos valores humanos. Mesmo sendo uma obra datada a uma época, permanece atual no caráter atemporal dos questionamentos e reflexões que suscita.
O amor entre seu romantismo idealizado e a realidade prática da vida. Uma questão eterna.
Aurélia, uma moça forte e senhora de si, vulnerável diante de sua triste história ancestral, pobre e órfã, se decepciona com Fernando em seu idílio amoroso. Se por um lado, o previsível e esperado se realiza na história de Fernando, pondo-o diante das consequências de seus atos. O inesperado e surpreendente da vida traz um revés inimaginado ao destino de Aurélia. A situação se inverte, quem tinha vantagem, a perde. Quem não tinha poder de barganha, se torna senhora do negócio.
Endividado, Fernando rompe com Aurélia, ferindo seu amor, para casar-se com uma moça rica. Aurélia recebe uma grande herança e retoma o noivo através de uma reorganização de pares e uma suntuosa proposta.
E daí desenrola a história, nos perguntando repetidamente: quais os nossos valores? Qual o nosso valor? Tudo tem um preço? Que preço? O que estamos dispostos a pagar? Onde está nossa felicidade? Está ao alcance das mãos? Está perdida junto a oportunidade perdida? Somos condenados pelo destino? Pelo passado? A que estamos presos? A que devemos nos prender? Podemos fazer escolhas diferentes? Perdão? Somos autores da nossa felicidade? Podemos ser? O que escolher?
(Nesse ponto, lembrou-me a leitura recente de Tudo é rio, da Carla Madeira.)
Contudo, a linguagem rebuscada e poética, bonita e prazerosa em muitos momentos, se torna, em vários outros, gongórica, de difícil compreensão da cena e visualização das imagens. Isso torna a leitura lenta e cansativa. Como a obra foi publicada em 1874, e é capaz de permanecer atual, é definitivamente um clássico. Me questionei se essa minha sensação não tem a ver com esse aceleramento do nosso tempo.