Wagner47 21/09/2022
Uma chaminé arrogante
Um livro praticamente com o mesmo passo a passo que o anterior, só que com diferentes protagonistas.
E, apesar da repetição, é muito melhor estruturado.
O livro nos apresenta três principais pontos de vista: Ricardo, Juca e Dondon.
Dividido em duas partes, a obra inicia com a volta de Ricardo ao Recife após muitos anos, depois de ficar preso em Fernando de Noronha.
E que parte mais demorada (e ela tem em torno de apenas 50 páginas). Começa muito bem relatando o cotidiano de Ricardo na prisão, porém parecia que as páginas não passavam depois de ser solto, com vagas descrições e de um baixo astral surreal. Confesso que não reconheci a escrita de Zé Lins ali.
Preciso dar um leve spoiler antes de continuar essa resenha: após a morte de Zé Paulino, houve a divisão de seus bens e, como tinha nove engenhos, Juca (seu filho) agora tem o seu e o resolve transformar em usina. Em resumo, é disso que vocês precisam saber sem pegar spoilers pesados dos livros anteriores.
Batizada como Bom Jesus, a usina de Seu Juca mostra-se muito promissora e a concorrente, a São Félix, não está nada satisfeita.
Doutor Juca, ganancioso e raparigueiro, moverá até mesmo um rio de lugar para que sua usina continue crescendo.
Temos também dona Dondon, mulher de Juca e uma mulher incrivelmente forte em meio a suas fragilidades.
A história abrange principalmente como a vida da população é mudada drasticamente com a vinda da nova usina (já não bastasse uma) e isso não é algo bom para eles.
Acho o livro repetitivo diversas vezes, sempre lembrando porque Ricardo continua ali mesmo não sendo feliz ou passagens no mesmo lugar e praticamente escritas da mesma forma quando citadas anteriormente. Além disso, ficamos sem um pingo de foco em Ricardo por muito tempo, só pra ser retomado no final. Porém quando novamente vira o centro, muito justifica aquela primeira parte da obra e ela acaba ficando melhor.
De coração, eu queria dar até uma nota 4, mas é muito repetitivo com o que aconteceu anteriormente. É muito melhor executado, pois Zé Lins soube desenvolver sociedade e usina simultaneamente, dando ainda mais peso para o final, mas ao final fiquei com a sensação de que no fim das contas só haverá essa saída.