Inácio 15/02/2024
Seguindo os passos de Cristo
"Imitação de Cristo", é uma obra clássica da literatura espiritual, um texto seminal escrito por Tomás de Kempis no século XV, publicado inicialmente no início do mesmo século. A obra, composta por quatro livros, apresenta uma abordagem multifacetada da vida cristã e da busca pela imitação de Cristo. Kempis enfatiza a importância de conceitos como humildade, desapego material e renúncia ao ego como vias para alcançar uma conexão mais profunda com o divino. Através de conselhos práticos e reflexões profundas, o autor encoraja os leitores a adotarem uma vida de oração, contemplação e virtude. O cerne da obra reside na imitação de Cristo como paradigma supremo de conduta e amor. Kempis argumenta que a verdadeira felicidade e paz interior só podem ser encontradas ao seguir os passos de Jesus. Questões como a paciência em face de adversidades, renúncia aos prazeres mundanos e a importância da comunhão espiritual são examinadas. A linguagem empregada pelo autor é caracterizada pela sua simplicidade, direção e profundidade espiritual, transcende o contexto histórico em que foi concebida, mantendo sua pertinência para leitores contemporâneos em busca de uma compreensão mais profunda de sua fé. "Imitação de Cristo" não se restringe a um tratado teológico, mas é também um guia prático para a vida espiritual, fornecendo reflexões perenes sobre a vivência autêntica do cristianismo.
1. **Livro 1 - Conselhos Úteis para a Vida Espiritual:**
Neste livro, Tomás de Kempis oferece conselhos práticos sobre como cultivar uma vida espiritual interior. Ele aborda a importância da humildade, da renúncia ao mundo e do desprezo pelas coisas temporais em favor das coisas eternas. Os capítulos deste livro discutem temas como a imitação de Cristo, a necessidade de paciência e resignação diante das adversidades, a importância da fé e da confiança em Deus, entre outros.
2. **Livro 2 - Conselhos para a vida interior:**
Kempis adverte sobre as tentações do mundo e oferece conselhos sobre como resistir a elas. Ele discute a vaidade da vida terrena, a importância de evitar o orgulho e a busca por honras mundanas. Os capítulos deste livro exploram temas como a importância da vigilância espiritual, a necessidade de renunciar aos prazeres carnais, a futilidade das preocupações mundanas e a importância da modéstia e da simplicidade de vida.
3. **Livro 3 - Consolações interiores:**
Tomás oferece uma série de pensamentos e reflexões para ajudar no aperfeiçoamento da vida interior. Ele discute a importância da oração, da meditação e da contemplação na busca pela união com Deus. Os capítulos deste livro abordam temas como a importância da devoção e do amor a Deus, a necessidade de buscar a vontade divina em todas as coisas, a importância da paciência e da resignação diante das provações, entre outros.
4. **Livro 4 - Sobre o sacramento:**
No último livro, Tomás Kempis oferece conselhos práticos para uma comunhão mais íntima com Cristo. Ele discute a importância da participação nos sacramentos, especialmente a Eucaristia, como meio de fortalecer a vida espiritual. Os capítulos deste livro exploram temas como a importância da humildade e da contrição na recepção dos sacramentos, a necessidade de se aproximar de Cristo com um coração puro e sincero, e a importância da devoção a Maria, mãe de Jesus.
É uma leitura muito tranquila, cercada de lições valiosas, que nos ajudam a entender melhor e contemplar o amor de Cristo por nós. Eu assimilo muito ao livro de Provérbios, que nos oferece instruções morais e orientações práticas, abordando uma ampla gama de questões sociais, oferecendo conselhos sábios sobre como viver uma vida justa e prudente, incentivando-nos a desenvolver um caráter sólido e virtuoso. Falando acerca do temor do Senhor, que é visto como o princípio da sabedoria.
O livro é bem alicerçado em todas as suas partes, mantendo uma linha teológica bem coerente. Somente o quarto livro diverge acerca do meu pensamento sobre a personificação de Cristo na Koinonia, que para o catolicismo romano, existe uma presença real do corpo de Cristo na Eucaristia, enquanto para o movimento protestante (os reformados), a presença de Cristo se dá de forma simbólica, memorial e espiritual.
Outro ponto contrastante surge ao considerar que, embora reconheça o papel de Maria como uma figura significativa na história, a ênfase está firmemente colocada na suficiência de Cristo como o centro da redenção humana. Sua posição é vista como subordinada e secundária em relação a Cristo, de acordo com princípios fundamentais presentes nas escrituras. Portanto, qualquer forma de atribuir a Maria um papel mediador ou intercessor contradiz esses princípios. Além disso, a ênfase na soberania e na glória de Deus desencoraja qualquer prática que possa desviar a devida atenção a Ele para figuras humanas, incluindo Maria. 1 Timóteo 2:5.
A suficiência de Cristo destaca que tudo o que é necessário para a salvação e a vida piedosa já foi providenciado por meio de Jesus Cristo. Não há necessidade de complementar sua obra com mediações humanas, incluindo a intercessão de Maria. A suficiência de Cristo é uma doutrina central que enfatiza a totalidade e a perfeição da obra redentora de Cristo, e qualquer tentativa de adicionar mediações ou intercessões humanas à obra de Cristo contradiz essa doutrina.
Entretanto, essa divergência de interpretação não diminui, de forma alguma, a riqueza e a utilidade deste livro para mim durante esses dias. A mensagem central do livro permanece inalterada e profundamente significativa. Independentemente das nuances teológicas, sou profundamente grato pela sabedoria e pela luz que este livro trouxe à minha vida, enriquecendo minha jornada espiritual.