Biia Rozante | @atitudeliteraria 21/04/2016Passei raiva, mas no final... Só suspiros.Toda menina em algum momento da sua vida já se imaginou em um conto de fadas, encontrar o príncipe encantado e viver o seu feliz para sempre. Entretanto nos esquecemos de ler as entrelinhas e por esta razão perdemos o momento exato em que o príncipe vira o cavalo e sai dando coice por todos os lados. Viva o mundo real, onde homens são apenas homens, com qualidades, defeitos, humanos que erram e acertam, que aprendem e evoluem, que amadurecem. Por que estou falando isso? Porque essa é a definição perfeita do nosso protagonista, Augusto, vulgo monstro.
O GAROTO QUE TINHA ASAS, é uma releitura de A Bela e a Fera, mas poderia facilmente ser comparada a história do Shrek. E não, isso não é uma crítica, muito pelo contrário, até porque ao terminar de ler a obra, eu estava APAIXONADA e rendida aos encantos de um bruto que só queria amar, mas que tinha medo, pois não sabia como lidar com o sentimento e uma jovem que ainda temendo amar a fera, possuía um coração generoso e bondoso demais para o seu próprio bem.
"Nada teria o poder de me preparar para todas as emoções que senti quando ela finalmente ergueu a cabeça e a levantou me olhando nos olhos, estavam vermelhos e repletos de lágrimas e, pela primeira vez, não senti como se ela pudesse ver através de mim, pelo contrário, seus olhos espelhados haviam se transformado em um vidro translúcido, tive a sensação de que era eu quem podia ver dentro dela. Não gostei do que vi."
Augusto me levou a extremos opostos, do amor ao ódio em questão de parágrafos. Arrogante, egoísta, em muitos momentos prepotente e frio. O homem não se importa com o que os outros pensam e infelizmente nem sempre se importa com o que elas sentem também. Vivendo a vida a sua maneira, no melhor estilo doa a quem doer, ele é sincero e explosivo. Entretanto, Augusto é muito mais que isso, ele é doce, carinhoso e INSEGURO. Vou explicar, ele tem medo de amar, tem medo de se envolver e até de ser julgado, assim como ele julga, medo de se decepcionar.
Não sou um anjo, nunca fui. Provavelmente eles têm razão, nunca fiz nada realmente altruísta, nada que não tenha me beneficiado acima dos outros. Claro que não por maldade, não sou mal, apenas alguém que pensa em si mesmo, não há nada de errado nisso. Ou eu pensava que não tinha até escutar minha irmã dizer que vou decepcionar aquela garota.
O que mais me surpreendeu neste personagem, foi que ele se manteve em uma constante. Augusto possui uma personalidade muito forte e inflexível. Por diversas vezes cheguei a pensar que não conseguiria ser conquistada por ele, mas minha genteeee... Não é que se beijar o sapo direito ele vira príncipe, ainda que um príncipe rabugento e mandão. Não deu outra, cai de amores.
Já a garota sem nome, entra na vida de Augusto de maneira abrupta e totalmente inesperada. E ela não vem sozinha, junto a ela uma bagagem que necessita atenção especial e um passado assombroso que a cada dia ameaça sua vida. Ela é cercada por segredos e mistérios, uma moça jovem, mas guerreira, ousada. Solitária e quebrada, necessitando apenas se sentir amada e bem-vinda.
Meu medo é o ar que respiro, é a perna que eu jogo uma em frente à outra, é as braçadas que eu dou no vento ao me movimentar, é o sentimento que me rege, me domina e me cega.
O romance não acontece instantaneamente, é gradual e vai evoluindo a medida que Augusto e a garota sem nome precisam conviver. Augusto acaba tendo sua vida virada de cabeça para baixo, o fazendo questionar suas atitudes, escolhas e maneira de ser. Já a jovem sente seu coração aquecido pela maneira como é acolhida, pela proteção e conforto de se sentir segura. Mesmo sabendo que não deve, que tudo é passageiro e que o único modo de se manter viva é fugindo, ela não consegue evitar que as barreiras de seu coração acabem destruídas.
Relações familiares, amizade e amor. Reviravoltas, segundas chances, descoberta e entrega, tornam O GAROTO DE OLHOS AZUIS, uma leitura intensa e marcante, te fazendo gargalhar, suspirar e se emocionar.
"Ninguém mexe com a minha garota sem nome, assustada e cheia de traumas, ela é só minha e de mais ninguém. Eu vou salvá-la e me apaixonar por ela e finalmente vou aprender a amar, porque eu sei que, se tem alguém que pode me ensinar, esse alguém é ela."
Mais uma vez a autora conseguia gerar aquele caleidoscópio de emoções. Ela não se contenta com pouco, ela quer logo que você experimente tudo. É amor, ódio, raiva, carinho, frustração, empolgação, medo, anseio, dúvidas e por ai vai. Me senti completamente arrebatada pela trama e por esta razão a leitura foi muito rápida e envolvente. Posso afirmar sem medo, que os protagonistas são muito humanos, o que acaba nos fazendo sentir mais próximos, até ousar se colocar em seus lugares.
Preciso dizer que Ian e Barbara, os protagonistas do primeiro livro da série, seguem sendo meus preferidos. Barbara é única e mesmo estando como coadjuvante neste livro, quando ela aparece rouba a cena. Ian segue sendo o típico príncipe que todas sonhamos, o homem doce, amoroso e carinhoso e a filhinha deles não poderia ser outra coisa, se não uma preciosidade fofa.
Também tivemos um vislumbre do que nos aguarda no próximo livro. Augusto está ferrado, e eu estou louca para descobrir o que irá acontecer.
Parabéns Raiza, pelo belo trabalho e pela maneira linda que me fez viajar mais uma vez, através das páginas de seu livro. E cair de amores.
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