Coruja 31/07/2010Meu autor, meu herói: Julia QuinnJulia Quinn não está na minha lista dos dez autores favoritos não porque ela não seja uma das minhas autoras favoritas, mas porque tinha acabado o espaço de dez autores a serem listados (e assim, ela entrou nas menções honrosas).
Acredito que vocês já conhecem de outros posts meu costume de ir à livraria, selecionar um livro qualquer, me escarrapachar no chão e começar a ler. Pois bem, numa das vezes em que visitei a Saraiva (eu juro que não ganho nada fazendo propaganda...), eu me deparei com esse livrinho aí do lado, encantei-me com a capa e pus-me a ler. Agora, eu devo ter chegado na livraria por volta das duas da tarde; quando saí - e só sair depois de engolir o livro inteiro, de uma única sentada - já era noite.
O povo da livraria deve ter pensado que eu era doida, porque fiquei rindo sozinha - e não era rindo baixinho, porque tinha hora que eu mordia os lábios para não explodir em gargalhadas e fazia uns barulhos meio estranhos, como quem está se afogando.
O caso é que, quando terminei The Viscount Who Loved Me, eu saí catando pelas prateleiras de pocket books se tinha alguma outra obra da autora. Achei On the Way to the Wedding e voltei no dia seguinte para passar outra tarde refastelada no chão (porque toda vez que eu vou lá, todas as poltronas estão ocupadas...). Lá pelo final da história, eu me dei conta de que os dois volumes que eu tinha encontrado faziam parte de uma coleção; que eu tinha lido a coisa meio fora de ordem (eles eram o segundo e o último volumes da série, respectivamente) e que eu precisava desesperadamente ter acesso ao resto dos livros.
Uma vez que os livros não tinham sido lançados em português, eu teria de esperar pelo menos umas sete semanas para, comprando-os, eles chegarem pela importadora. Então, é claro, eu fui para o Google.
E passei o mês seguinte acordando de madrugada e passando todas as horas livres que eu tinha lendo todas e cada uma das histórias que a Julia Quinn já tinha lançado, incluindo aí pequenos contos lançados em antologias.
Quando terminei tudo, eu reli meus favoritos. E, agora que fiz a Raven ler e trocar figurinhas comigo, eu saí lendo quase tudo de novo.
Nesse ponto, acho que é bastante válido que eu explique o porquê do meu fascínio com os livros da Julia Quinn.
Todos as histórias criadas por ela são passadas na Inglaterra do período regencial e os personagens de diferentes séries e livros transitam uns pelos outros, de tal forma que se pode dizer que temos uma única obra, um mundo inteiro, dividido em muitos livros.
A recriação dos ambientes históricos é muito bem feita, fazendo alusão, por exemplo, à loucura do Rei George, às guerras peninsulares, e Napoleão. Ela é detalhista o suficiente para que você se sinta dentro do mundo que ela narra.
Aliás, a Quinn é uma das principais inspirações para Ases... junto com Jane Austen. E, esse é outro ponto que me faz gostar dela - há qualquer coisa na maneira como Julia Quinn escreve que faz lembrar a Jane Austen.
Uma Jane com um pouco mais de tempero, no estilo romance de banca, mas uma Jane assim mesmo.
O grande, verdadeiro diferencial da Julia Quinn de outros autores dessa linha de romances, contudo; o motivo, afinal, pelo qual ela entra na minha lista de autores favoritos é o seu humor.
Todos os livros dela, mesmo aqueles em que tenhamos personagens sofridos eque levam a carga do mundo nas costas (Sophie, em An Offer from a Gentleman com filha bastarda de um nobre; a viúva Francesca de When He was Wicked ou o infeliz Nigel, de The Secret Diaries of Miss Miranda Cheever) têm situações divertidas, diálogos rápidos e inteligentes, verdadeiras batalhas de sagacidade em meio à busca por um "grande amor".
E o ápice dessas batalhas é, sem dúvida alguma, meu livro favorito de todos os que já li (e, portanto, todos os que ela já escreveu): The Viscount Who Loved Me - embora It's in his kiss venha numa posição bem próxima como segundo colocado...
O visconde do título é Anthony Bridgerton, cabeça da família Bridgerton e um dos meus amores platônicos bidimensionais. Tudo bem que ele passa boa parte do livro fazendo burradas, mas, ainda assim, ele consegue ser apaixonante.
Podem perguntar para a Raven, tenho certeza que ela concorda comigo.
Em todo caso... Anthony tem uma certeza melancólica de que morrerá antes dos trinta e oito anos, uma vez que seu pai, que era seu modelo e herói, morreu nessa idade e ele tinha absoluta certeza de que não podia ultrapassar o pai em nada; nem mesmo em anos de vida.
Assim é que ao princípio do livro, quando está pela casa dos 30, Anthony chega à conclusão de que é tempo de se casar e produzir um herdeiro para herdar o título. Essa declaração, feita de forma bastante tranqüila, quase mata seu irmão Colin engasgado com uma azeitona.
Inquirindo os irmãos acerca de alguma debutante da sociedade que seja razoavelmente bonita e inteligente, ele chega à conclusão de que irá se casar com miss Edwina Sheffield. Ele não contava, porém, que para chegar a Edwina, teria de passar pela irmã mais velha, Katherine.
E é aí que as coisas começam a ficar interessantes...
A história lembra um pouco A Megera Domada, de Shakespeare (até pelo nome da protagonista feminina) - na verdade, eu tenho quase certeza que Quinn se inspirou no bardo parar compor a relação maravilhosamente hostil entre o visconde e miss Sheffield.
Eu sinto vontade de rir só de lembrar da primeira valsa (e das armações do Colin) ou do passeio com Newton - o cahorrinho de Kate - ou do mortal jogo de Pall Mall (um precursos do críquete).
Ou da abelha... hehe... hehehe... HEHEHEHEHE...
Resumo da ópera... VÃO LER. E depois me digam o que acharam, ok?
Ah, e, se quiserem saber mais sobre a autora, sobre os livros e até algumas curiosidades, dêe uma olhada no site da Julia Quinn. Tem um monte de coisas legais lá, incluindo as trilhas sonoras dos livros - algo que eu mesma sempre faço nas minhas histórias e que acho, simplesmente, maravilhoso.
Recomendado, abolutamente recomendado. Uma excelente dose de açúcar na veia para qando precisarem adoçar um pouco a vida.