Cris 16/02/2024
Será que vou favoritar todos os livros desse autor?
Lançado aqui no Brasil em 2013, 'A cidade do Sol' de Khaled Hosseini, conta-nos a história de vida de Mariam e Laila, duas mulheres afegãs que encabeçam um romance cruel, pesado e, infelizmente, verdadeiro pois retrata ao ocidente a realidade de muitos - especialmente as mulheres - que viveram e ainda vivem em regiões de guerrilha.
A trama ganha peso quando Mariam se vê obrigada a se casar após a abrupta morte de sua mãe. Hashid é, aparentemente, um bom homem e está pendendo para o lado de uma nova união e quem sabe ainda ser pai no futuro, visto que estava se casando com alguém muito mais nova que ele. Contudo, os inúmeros abortos impostos sobre Mariam mudaram a dinâmica do casal, Hashid agora não apenas maltratava sua esposa como também a obrigava sair de casa vestindo uma triste e enegrecida burka.
O Afeganistão na década de 80 ainda estava sendo ocupado pela União Soviética e tinha ocasionalmente bombardeios aqui e acolá, e devido a esse caos bélico, a pequena e recém-órfã Laila é apresentada ao leitor e a Hashid que, na gana de ter mais uma esposa, decide casar-se com ela e enfim poder ser pai pouco se importando com o que Mariam acharia de tal comportamento.
Vou poupar os detalhes das tristes e cruéis brigas familiares que eu li, apenas quero ressaltar que TUDO consegue piorar assim que um Estado Islâmico é instaurado em Cabul, oTalibã. Agora mulheres eram proibidas de exercer qualquer ocupação ou atividade social dificultando assim a tão sonhada liberdade que ambas tanto gritavam em silêncio por anos e mais anos...
(...) De todas as dificuldades que uma pessoa tem de enfrentar, a mais sofrida é, sem dúvida, o simples ato de esperar.
O que dizer desse maravilhoso livro? Ai, gente... que história, que personagens, que desfecho!!!! Há uns anos li 'O caçador de Pipas' do mesmo autor e lembro-me de ter devorado e favoritado tudo, sendo assim, quando comecei 'A cidade do Sol' meio que já tinha Hosseini em alta conta, tinha para mim que me envolveria, sofreria e amaria demais. E não deu outra!É sensacional de tão bom!!!! Todas as etapas que constituem um bom livro estão presentes: construção, desenvolvimento e finalização para ninguém colocar defeito. ?
O livro é narrado em terceira pessoa e tem pontos de vista tanto da Mariam quanto da Laila, então, é fácil fácil se afeiçoar às duas igualmente. Mariam e Laila tiveram suas vidas destruídas por homens maus e pela guerra e ainda assim continuaram de pé provando para todos a fortaleza de espírito que têm. E, por mais que eu esteja falando de uma ficção, o autor traz uma realidade nua e crua acerca da cultura e das mulheres afegãs.
Dizer o que mais gostei durante a leitura é algo impossível pois amei tudo ?. Em nenhum momento consegui desgrudar do livro, e apesar do enredo, às vezes, denotar picos de morosidade, meu envolvimento foi tanto que consegui devorar páginas e mais páginas num piscar de olhos. Hosseini impacta e deixa o leitor emocionalmente todo bagunçado rs, pude me revoltar e ficar triste não sei quantas vezes possíveis. A comoção foi tanta que cheguei a sentir o amargo na boca após ler diversas cenas de humilhações, agressões etc. Entretanto, mesmo havendo muita dor, senti orgulho da trajetória delas, a força que cada uma emanava de dentro era invejável e entregava uma mensagem positiva embora estivesse presente num cenário, completamente, desesperador.
Em suma, seria um baita desserviço não indicar 'A cidade do Sol' por vários motivos, a leitura em si cativa desde o início e entrega tudo o que promete: uma escrita sem defeitos e história que, além de trágica, consegue transmitir beleza e amor sacrificial.
Leiam! Apenas.
(...) Laila jamais teria imaginado que um corpo humano pudesse aguentar ser espancado tantas vezes, com tanta regularidade, e, mesmo assim continuar funcionando.