maria 17/02/2023
"Talvez este seja um castigo justo para aqueles que não tiveram coração: só compreender isso quando não se pode mais voltar atrás."
Li O Caçador de Pipas quando tinha onze anos e se tornou o livro mais especial da minha vida. Aquele livro que mais me mudou como ser humano e, consequentemente, o meu preferido. Apesar disso, só fui ler outra obra do autor dez anos depois, com quase vinte e um anos. E Khaled Hosseini continua impactando a minha vida do mesmo modo.
O enredo é muito bem construído, cada detalhe pensado e colocado ali com um propósito. E é triste. O livro não transmite uma tristeza momentânea, mas uma tristeza duradoura que, talvez, dure uma vida inteira. Como mulher, digo que a história de Mariam e Laila atingiu o que há de mais profundo dentro de mim e parece incompreensível que esse livro tenha sido escrito por um homem, tamanha sensibilidade que ele apresenta.
Os personagens, como em O Caçador de Pipas, são fantásticos. Pode-se dizer tudo sobre Khaled, menos que ele não sabe dar profundidade e complexidade às suas criações. São reais, profundamente humanos SIM, pois as pessoas podem ser extremamente cruéis e maldosas. Até mesmo os secundários são um show a parte, Hosseini os trata com todo carinho, como se fossem principais.
A escrita é belíssima. Um dos únicos autores que li que consegue transmitir tristeza, resignação e solenidade em uma mesma passagem. A história é um soco no estômago e Khaled contribui muito para isso, pois é MUITO bem escrito. Esse homem é genial.
O final, ao mesmo tempo que é muito triste, deveria ser esperançoso. Mas é difícil ter esperanças sabendo que o Talibã retornou ao poder no Afeganistão. Saber que Mariam e Laila, mesmo sendo fictícias, representam milhares de mulheres afegãs que não vivem, apenas aguentam. Milhares de sóis esplêndidos que são escondidos e oprimidos por um governo opressor. Infelizmente, isso não é ficção.