Tiago600 07/11/2022
Shakespeare como Antídoto na Era do Cancelamento Virtual
Existem seres que tencionam retornar para a floresta negra, viver em uma cabana de palha, colhendo cogumelos e viverem totalmente desconexos do digital e não existe problema algum nisso.
Outros tantos, amam o urbanismo, a aceleração, são devotos à tecnologia até mesmo como fetiche e podemos admitir isso sem qualquer resquício de hipocrisia. Também não há problema nisso.
No entanto, a vida exige exame, viver sem auto exame, é se tornar um espectro. Redes sociais são boas, podem ser utilizadas para finalidades ímpar, (eu mesmo gosto delas), ainda assim, redes sociais são simulacros. Simulam algo que todos sabemos não ser real em sua totalidade. Podemos encontrar no Twitter ou no Instagram uma bolha acolhedora e capaz de aquecer, no entanto - ainda -, nada é capaz de superar o calor da carne.
Deixo claro, sou contra toda tentativa de moralização. Que cada um viva como queira, faça o que melhor lhe aprove. Dito isso, apenas não me nego o ato de refletir. Em determinado momento da peça, em um discurso famoso, Marco Antônio sentencia: "O mal que os homens fazem sobrevive depois deles. O bem é quase sempre enterrado com seus ossos.”
Antes de cancelar, linchar alguém virtualmente com o simples ato de clicar em um botão do teclado, é bom ter em mente essa frase, nem que seja por uma fração de segundos. Aquele que cancela, não deve esquecer que amanhã pode ser ele que estará com a cabeça sobre o verdugo do carrasco.