Laís 27/01/2017Convencido de que Tom Ripley era amigo de seu filho Dickie, Herbert, em um ato completamente desesperado, oferece a Tom uma viagem com todas as despesas pagas à Itália, na esperança de que o mesmo convença seu filho a voltar para os EUA e finalmente assumir os negócios da família.
Mas Dickie, que sempre buscou o conforto de uma vida tranquila, nem considera a hipótese de voltar pra casa.
Os dias passam e os laços de amizade entre os dois se desenvolvem, até que Marge, amiga de Dickie, começa a apontar algumas características meio “peculiares” no novo amigo Tom – ele é o famoso “chiclete”: não desgruda, é manipulador e às vezes “duas caras”.
Dickie passa a observar então que Tom não é aquele colega alto astral que pensou e, aos poucos, começa a se afastar – mas ai já é tarde demais. Ripley está completamente obcecado pelo novo amigo e não pretende abrir mão disso tão facilmente.
Tom Ripley é um dos melhores personagens que já li. Um vilão manipulador e completamente paranoico, Ripley possui uma autoestima tão danificada que, sob qualquer ameaça de rejeição, ele passa a agir de forma inesperada. Ele sabe o que quer e não vai medir nenhum esforço pra alcançar o que deseja. E, se você se meter no caminho dele e o pior acontecer, a culpa é totalmente sua.
Mas o livro em si não me agradou completamente. Em minha opinião, faltaram emoção e ação nessa história. Os personagens são bem construídos, o cenário em que se passam as cenas são perfeitamente detalhados, porém faltou suspense e adrenalina, o que caberia redondamente na premissa.
A autora optou por trazer como foco a questão psicológica do personagem, o que, claro, da outro tom ao livro e o torna terrivelmente interessante, porém de fato um pouco cansativo. Minha opinião.
Também senti que o crime não foi investigado de forma real, o que não bateu com a grandeza de Tom Ripley. Então, resumindo: um personagem excelente, digo de um clássico, porém com cenas simples e que beiravam a irrealidade, de bobas. A investigação deixa escapar detalhes óbvios e coisas importantes são ignoradas. É quase como se a autora estivesse realmente torcendo pela vitória de Ripley (vai ver estava mesmo).
Entretanto, não é um livro nem de longe ruim. Ele sustenta o mistério até o fim e prende o leitor de forma que as páginas vão voando de tão delicia que é o texto de Patricia Highsmith.