A Holdford 12/01/2015Aquele que influenciou todas as boas ficções cientificas sobre viagem no tempoImpossível não gostar de filmes de ficção como “De Volta Para O Futuro”; séries como “The Flash” e “Dr Who”; ou, até mesmo, desenhos como “X-men” e “Sailor Moon” – que tratam todos, de alguma forma, sobre um dos grandes enigmas da humanidade: a viagem no tempo. Não há como gostar de uma dessas obras e não se interessar em ler essa obra do H. G. Wells, o pai desta loucura toda.
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Wells é uma figurinha que eu sempre quis ler, pois só as curiosidades que se descobre sobre eles já são intrigantes em si: o pai do “celular”, da “viagem no tempo”, entre outras coisas. Mas eu nunca achava um livro dele para comprar em minha cidade (já que é bem antigo e as editoras pareciam não quererem relançá-lo no Brasil).
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Porém a popularização dos pdfs é uma coisa divina, não acham? Foi assim que enfim eu consegui lê-lo e digo com todas as letras que se achar o livro físico eu compro na hora, não preciso nem pensar, compro no ato.
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Mas você deve estar se perguntando sobre o que diabos essa história fala, não? Pois esse suspense todo cansa, não é? A história pode ser mais antiga que minha avó, mas ela trata de temas que até hoje intrigam a humanidade, tais como: Você imagina como seria viajar no tempo? Mudar as coisa na história do passado afetariam seu futuro? E mudar as coisas no futuro é perigoso? Como a humanidade viveria daqui alguns anos? Será que enfim encontraríamos a paz? Ou será que as guerras acabariam com tudo? E, mesmo que as guerras não acabassem, será que haveria mesmo um fim do mundo alguma hora?
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O livro é até que curtinho para a magnitude de debate que ele apresenta, mas impossível não se viciar na leitura e perder horas lendo, sem nem se dar conta. Ele serviu de base pra todas essas coisas citadas na introdução, mas ele não é um livro cientifico de debate filosófico não, ele é uma história, e como história eu vou falar um pouco de como ela acontece.
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Hells não deu nome aos personagens, ele apenas os chama por sua profissão, não que isso fosse interferir, mas a ideia toda é mostrar já de cara que a intenção e os fatos são mesmo mais importantes que os nomes de seu personagem.
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O “Viajante do Tempo” começa a história contando a alguns amigos que tem a ideia de tentar construir uma maquina do tempo. A princípio ninguém bota muita fé nele, acha que ele piorou, mas ele começa a explicar o como isso é possível.
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Ele explica os conceitos de como o tempo e espaço são coisas relativas, assim como as medidas matemáticas de comprimento, largura e altura. O tempo é uma variante, e assim como as outras medidas, não é fixo. Uma explicação bem bacana dada na história é:
“Esse Espaço, tal como o entendem os nossos matemáticos, é considerado como tendo três dimensões, que podemos chamar
Comprimento, Largura e Altura, e é sempre definível em referência a três planos, cada um em ângulo reto com os outros. Mas alguns espíritos filosóficos têm indagado por que hão de ser necessariamente três dimensões — por que não mais uma direção em ângulo reto com as três outras — e experimentaram construir uma Geometria Quadridimensional. (...) Sabemos como, sobre uma superfície plana, que tem apenas duas
dimensões, podemos representar a figura de um sólido tridimensional. De igual forma, esses pensadores acham que, por meio de modelos de três dimensões, eles poderiam representar um de quatro — se conseguissem dominar a perspectiva da coisa. Compreenderam?
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Essa explicação te lembrou uma coisa, não? Aquela cena mítica de “De Volta Para O Futuro” onde o Dr. Emmett Brown pega uma lousa e tenta explicar para o Marty McFly que o tempo não é algo linear, não? Aposto que você lembra dessa cena! E, sim, ela é totalmente inspirada na primeira conversa do Viajante do tempo com seus conhecidos.
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Outra situação que lembra muito o filme, é que um dos amigos do viajante sugere que se viajasse no tempo (para o futuro,mais precisamente) ele poderia saber o que seria lucrativo, voltaria a seu tempo, aplicaria dinheiro nisso e viveria dos juros no futuro (obviamente dá a entender que ele voltaria para lá para viver). Isso, cm certeza, te lembra que o inimigo de Marty McFly, o Biffy Turner fez, não? Afinal ele pegou a revistinha que Marty trouxe do futuro e usou para ganhar muito dinheiro (pois continha os resultados de todos os jogos que aconteceram). E, sim, no filme isso o deixou milionário! Ou seja, até essa possibilidade de ganho fácil Wells já previu.
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Mas, voltando ao livro, a ideia do “Viajante do Tempo” é mais nobre que isso. Ele realmente tem uma ideia formada de que não pode interferir no passado ou no futuro e até levanta a hipótese de não poder encontrar a si mesmo, prevendo uma catástrofe (isso lembra tudo o que eu remeti ali em cima, até mesmo quando o Rei Endymion adverte a Sailor Moon que ela está desaparecendo do futuro porque ela e Serenity – sua versão no futuro – não podem existir ao mesmo tempo na mesma variante de tempo).
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Mas, sim, ele consegue concluir a criação de sua máquina e faz uma Viagem no Tempo para o futuro, que para ele durou muito tempo, mas a principio parece uma lorota até para quem lê o livro. Já que no dia seguinte ele se atrasa para encontrar seus amigos e simplesmente aparece falando que viajou no tempo e que antes de descer para falar com eles teve que tomar banho e precisava loucamente comer.
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Porém, quando ele começa a descrever o que se passou na tal viagem é que o livro todo se torna ainda mais interessante do que tudo. Afinal, pode ser uma ficção, mas realmente é algo que é tão bem explicado que logicamente parece muito plausível.
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Ele conta que foi até o futuro, onde criaturas bondosas denominadas Elios vivem em perfeita harmonia. Elas parecem todas saudáveis, amigáveis, vestem-se muito bem e parecem desconhecer os maus sentimentos. Ele é bem acolhido entre elas, mas com o passar do tempo começa a ver que nem tudo são flores, já que sua máquina do tempo sumiu e ele tem que encontrar uma forma de reavê-la se quiser voltar ao seu tempo. O pior de tudo: ele não fala a língua dessas criaturas e elas, embora sejam muito amáveis com ele, não parecem poder ajudá-lo em nada.
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Com o tempo ele descobre que essa paz é apenas aparentes. Essas criaturas não estão de fato sozinhas, pois a baixo delas, vivendo na escuridão da terra, em túneis intermináveis e totalmente escuros, vivem os Morlocks (e, sim, esse é o mesmo nome usado em X-men para denominar os mutantes renegados que vivem escondidos nos esgotos).
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Essas criaturas, que na teoria do viajante, na verdade eram a classe dominada, que foi forçada a trabalhar em vivem em baixo da terra, enquanto a classe mais abastada usufruía do bom e do melhor na superfície (inclusive são essas criaturas que fazem as roupas dos Elios e tudo mais, pois os Elios são bons, mas extremamente limitados mentalmente, chegando a ser bem “burrinhos”, já que não são obrigados a pensar em nada, enquanto os Morlocks tiveram que pensar sim, e descobrir um modo de viver e se alimentar ali na escuridão).
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A convivência entre essas criaturas é o que mais intriga na história. Por hora você sente pena de uns e raiva de outros, para depois ver o como “o tiro saiu pela culatra” e a classe que deveria ter sido prejudicada acabou mantendo a outra sob tensão. Mas como? Bem, eu indico que você leia, pois simplesmente não tem como não interessar e muito pelo desenrolar.
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E se há um fim da Terra? Digamos que o nosso viajante não nos deixaria com essa duvida em aberto, ele realmente deu um jeitinho de tentar conferir por nós. :D
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Como um todo foi uma leitura interessante, delicada em alguns momentos e angustiante em outros (mais sinistra do que muito filme de terror, ehehehhe). Achei esse final aberto muito bom, hein? Cara de que o escritor talvez planejasse continuar outra história algum dia (e se o fez, eu não sei) :D