Lerivaldo Cunha 02/01/2018Civilização humana do futuroA Máquina do tempo é um romance de ficção científica publicado em 1895 por H. G. Wells, considerado a primeira obra a propor uma viagem no tempo usando uma máquina. Temos como personagem principal deste romance um cientista denominado no livro como O Viajante do Tempo, sem que seja revelado seu verdadeiro nome. Este personagem cria uma máquina do tempo para comprovar seu conceito da quarta dimensão (o tempo) e que é possível deslocar coisas materiais nesta dimensão.
O interessante deste romance é a crítica social feita pelo autor com relação ao desenvolvimento da civilização humana. O “Viajante do Tempo” demonstrar ser um cientista devotado ao conhecimento e extremamente intelectual. Este acredita que a ciência e a continua busca pelo conhecimento com o objetivo de alcança e resolver as questões da humanidade é o que, de certa forma, compõe a essência humana. Ao viajar no tempo, ele se depara com uma sociedade que a principio pensa ser mais avançada e desenvolvida que a sua, mas que curiosamente se comportam como indivíduos rudimentares e sem capacidade intelectual. A partir desse primeiro contato, ele conclui que o homem enfim alcança seu domínio sobre a natureza. A civilização humana atingiu seu ápice, em uma sociedade onde não existem mais lutas de classes, o sistema capitalista, a busca incessante pela melhoria da vida humana (então alcançada), não mais existe. Não há mais a necessidade de aprender as ciências dos conhecimentos, pois seus objetivos foram finalmente atingidos. É uma humanidade evoluída, mas que como conseqüência dessa nova acomodação do estilo de vida fácil, entra em declínio (principalmente a capacidade intelectual) sobre os seres. A partir do sétimo capítulo, O Viajante do Tempo descobre que sua teoria encontra suas imperfeições. É descoberto que a humanidade está dividida em duas espécies distintas: Uma que tem descendência capitalista, vivendo no conforto do planeta; a outra tem uma essência operária, tendo se adaptado a viver no subsolo criando uma repulsa a qualquer tipo de luz. Há uma divisão de classes extremante radical, já que tais espécies não mantêm uma convivência “conjunta”. Logo, O viajante do tempo descobre que existe uma dependência entre estas duas civilizações, pois existe uma relação de “vassalagem” entre a espécie que vive no subsolo para com a da superfície, garantido seu estilo de vida e suprindo suas necessidades, mas por razões de benefícios próprios: a espécie da superfície (Elóis) está na cadeia alimentar desse espécime deplorável e obscura do subsolo (Morlocks).
O livro faz uma crítica de forma lógica ao desenvolvimento da sociedade, considerando os perigos desse desenvolvimento em longo prazo. A humanidade alcançou toda sua perfeição de conforto, segurança e forma de viver sem que fossem necessários mais esforços. Não houve mais necessidade da aristocracia buscar meios de atingir essa perfeição, uma vez que já a tivesse, esperava-se que pudesse desfrutar dela. A classe operária também não necessitava de mais esforços para manter um estilo de vida enraizada na busca de melhores condições, tinha seus meios de subsistência. Entretanto, ao acabarem os alimentos da classe “operária”, essa passa a se alimentar de seus semelhantes da classe aristocráticas e a “criarem” como um gado que vive feliz em um pasto até que chegue a sua vez de ser abatido para o consumo. Ainda sim, as classes são dependentes uma da outra nesse novo estilo de vida futurista.