Filoctetes

Filoctetes Sófocles




Resenhas - Filoctetes


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Feliky 19/06/2024

Me surpreendeu
Sinceramente, eu não dava muito por Filoctetes. Ela é uma peça chocantemente ignorada mesmo entre os entusiastas de mitologia grega. Entre em um círculo online de pessoas interessadas na Guerra de Troia e eles falarão de Ifigênia em Áulis, a Oréstia, Mulheres Troianas, mas não falarão sobre Filoctetes. Mas me surpreendi, eu genuinamente gostei bastante! Só diria que é aquele tipo de obra que se torna melhor quando você tem conhecimento prévio dos personagens, pois assim há uma maior conexão.

Gostei da relação de Odisseu e Neoptólemo, de Neoptólemo e Filoctetes e de Filoctetes e Odisseu. Gostei das alusões ao eventos da Guerra de Troia. Gostei do debate de honestidade x desonestidade, do questionamento da sociedade e da "selvageria", da confiança e da desconfiança. Neoptólemo aqui me lembra um pouco seu pai, Aquiles, com seu desgosto por mentiras, o que foi interessante (ironicamente, também houve um argumento Aquiles x Odisseu na Grécia Clássica sobre o mesmo assunto desse argumento Neoptólemo x Odisseu). Fiquei surpresa com como Neoptólemo tem uma voz jovem, digamos assim, e gostei disso. Sim, ele realmente é jovem, mas pensei que seria um daqueles casos de personagens mais novos falando como adultos. Mas não, ele realmente parece mais jovem que os outros dois personagens. É verdade que não tem nenhuma ação emocionante ou um drama super chocante, mas é realmente bom.

Além disso, os textos introdutórios e as notas explicativas do tradutor (José Ribeiro Ferreira) foram ótimos!
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Aline Parreira 14/04/2024

Mais uma tragédia de Sófocles.

Mais uma peça do teatro grego, que tal como 'As Traquínias', ainda não conhecia.

'Filoctetes', é um episódio da Guerra de Troia, onde um oráculo determina, que a vitória dos gregos só aconteceria se Filoctetes e o arco de Héracles, que agora lhe pertencia, participassem da guerra.

Filoctetes estava à 10 anos abandonado em uma ilha devido à um acidente que sofreu.

Para buscá-lo, são incumbidos, o herói Odisseu, e Neoptólemo, filho de Aquiles e recém chegado na guerra.

Um dos pontos da peça, é o conflito de caráter dos três principais personagens:

- o "ardiloso Odisseu", que não hesita em mentir em nome da vitória grega.

- Neoptólemo, divido em, provar seu valor e sua consciência diante da tarefa de lubridiar Filoctetes.

- Filoctetes, alimentado pelo rancor, por ter sido traído por seus companheiros.

Achei a tradução de Trajano, aqui, mais tranquila de ler.
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Willian.Izidio 10/04/2024

Fundamental
Essa tragédia de Sófocles não consta entre as mais conhecidas ou lidas, infelizmente.

Temos um personagem muito amargurado pelo fado que sofreu, a saber: ter sido picado no pé por uma serpe quando rumava para a Guerra de Troia em seu início, o que lhe gerou uma chaga terrível e que, além de insuportavelmente dolorosa, é fétida, razões pelas quais seus companheiros se veem obrigados a abandoná-lo no local (uma ilha deserta).

A peça se passa no último ano da Guerra quando, após dez anos de peleja ? por conta do vaticínio de Heleno de que a Guerra só acabaria c/ a presença de Filoctetes ?, os seus antigos companheiros darão cabo de resgatá-lo.

Destaco a nobilíssima postura de Neoptólemo, filho de Aquiles.


À parte, o texto foi um marco para os meus estudos em ciência política, pois antecipa, resguardado o anacronismo, um conceito que Maquiavel explora n'O Príncipe.


PS.: não considero que há spoilers na resenha, uma vez que esse termo só deveria ser aplicado quando apresenta-se o conhecimento de alguma parte da história que estrague o elemento surpresa. Em mitologia, o quanto antes soubermos de algo, tanto melhor, pois nessa tradição literária é incalculável a quantidade de referências mútuas. Deixo a dica também em relação à ideia de ?contradição?: as várias versões dos mitos, muitas vezes incompatíveis em sentido cronológico/genealógico, não o são, necessariamente, em sentido simbólico, digo, podem revelar algo que sua alternativa oculta e vice-versa.
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Gabriel 04/04/2024

Tragédia de Sófocles com personagens bastante próximos do modelo inflexível de heróis que vemos em seus outros textos. Muitíssimo interessante.
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evf684 01/03/2024

Filoctetes
Nessa peça de Sófocles temos a história de Filoctetes, que foi abandonado por dez anos pela frota dos gregos que ia para a guerra de troia por causa um ferimento de picada de cobra.

Quando os gregos descobrem que irão precisar das flechas envenenadas que Filoctetes tinha, eles imediatamente voltam para buscar o homem, que resiste a ir.

Temos três personagens como foco: Ulisses (ou Odisseu), um personagem astuto e sem escrúpulos para buscar a vitória, Neptólemo, que segue as ordens de Odisseu, mas se questiona sobre as mentiras contadas, e o protagonista de nome da peça, que depois de muito tempo sozinho e abandonado, não confia nos outros personagens.

Enfim, a minha opinião: o Odisseu é um personagem desagradável ao longo da peça, também não gostei do Filoctetes ficar o tempo inteiro se vitimizando e lamentando, já o Neptólemo era interessante pelas dúvidas que tinha e sua tomada de decisões ao longo da leitura.

É uma boa peça, mas não chega a ser uma das melhores do Sófocles.
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Joao.Gabriel 27/04/2023

Ótima leitura, deveria ser um mito mais lembrado nos dias de hoje.
Edição muito boa também, trouxe bastante texto de apoio.
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Carlos 09/12/2022

Filoctetes
Drama majestoso contendo o obstinado Filoctetes como peça central, o qual se me mantém convicto aos seus ideais até a aparição daquele devido ao qual recebe seu arco mortífero.
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Paula.Juca 02/02/2022

Abandono
Essa peça se trata de um abandono, alguém que é deixado pra trás. Dá pra se tirar muita lição valorosa com essa peça e uma que me salta aos olhos é a pessoa que encontra o verdadeiro sentido da bondade e da lealdade, da grandeza de caráter. Recomendo a leitura
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lila 04/01/2022

Filoctetes
Primeiro livro grego que leio, confesso que no início achei a leitura um pouco mais complicada, várias palavras estranhas ao meu vocabulário e muitas observações no rodapé.

Contudo, ao decorrer do livro me encantei pela história e escrita. As referências e mitologia por trás da narração apenas deixou tudo mais interessante.
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Hanninha 03/04/2021

Odisseu x Filoctetes x Neoptólemo
A trama gira em torno da manipulação de Odisseu, o vitimismo de Filoctetes e a mediação de Neoptólemo. A história em si se resume a um ambiente. Acredito que o mais interessante na história é justamente a construção de arquétipos que podem ser muito bem aplicados nos dias atuais. Ao fim da história, fiquei com a sensação que cada um de nós tem um pouco de cada personagem dentro de si.
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Kenny 28/06/2020

Confesso que me desapontei um pouco com essa história. Achei bastante monótona e os personagens não conseguiram me cativar o suficiente.
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Mario Miranda 20/02/2020

Homem versus Mundo
Sófocles foi o mais prolífico dos escritores de tragédias gregas: 123 peças, das quais apenas 07 chegaram até nós. Tendo falecido com 91 anos, foi o maior vencedor das Dionisíacas, com 24 concursos vencidos. Filoctetes é sua penúltima tragédia escrita, quando já contava com mais de 85 anos.

Filoctetes é uma Tragédia distinta da concepção tradicional da palavra: não há um fato trágico em si. A obra, que em muito mais se assemelharia a um Drama no sentido contemporâneo, narra a história do personagem-título que, indo à Guerra de Tróia, compunha o exército de Odisseu, Agamenon e Menelau. Durante a viagem a Tróia, ele é abandonado sozinho em uma ilha após ter sido picada por uma cobra enquanto os Gregos tencionavam prestar homenagens a uma deusa local.

Tendo habitado a ilha por 10 anos, Odisseu retorna para salvá-lo para que este os auxilie na guerra de Tróia, após a morte de Aquiles. A importância de Filoctetes se dá pelo seu Arco, legado por Hércules instantes antes de sua morte. O ardil de Odisseu para recuperar Filoctetes consta em usar o filho de Aquiles, Neoptólemo, que deveria aliciar Filoctetes para que este se junte ao exército grego contra os Troianos.

Filoctetes é um exemplo – nos moldes gregos – de pessoa: reto, íntegro, que não abandona os seus ideias independente das promessas realizadas. É um Robinson Crusoé da antiguidade, que viveu de maneira autônoma ao longo de anos. Filoctetes representa o conceito do Realismo contemporâneo, do Homem versus Sociedade, daquele que confronta tudo e a todos por sua crença (aqui se assemelhando muito a “Um inimigo do Povo”, de Henrik Ibsen).

Ao contrário de algumas críticas, achei este texto menos complexo que demais obras traduzidas por Trajano Oliveira. Apesar de ser uma Tragédia relativamente menos conhecida que as demais escritas pelo autor, serve como conexão para melhor compreensão da Guerra de Tróia e do universo Homérico.


site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/?hl=pt-br
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Ale 12/03/2017

A cura grega
A história retrata a tragédia de Filoctetes, arqueiro deixado em uma ilha deserta por seus companheiros em razão de ter adquirido uma "doença", uma perna fétida e pustulenta acompanhada de gritos lacerantes. O livro em si trata desde a chegada de Odisseu e Neoptólemo na lha até a partida.

O arqueiro deixado por sua condição, Filoctetes, dispensado pelos atridas, jogado em uma ilha por não ser suportável acaba sendo indispensável. O feio, o sujo, a doença acaba sendo indispensável. Brilhante, se me perguntarem. Ora, é natural que despojemos aquilo que nos é nauseante, insuportável, que não vemos utilidade, mas e se isto fizer parte da equação final? Após nossos protestos e nossa aceitação, como fazer o rejeitado ajudar? Fazê-lo passar por processo semelhante? Se for Filoctetes, só alguém que consiga ver nele um homem e não o respingo de um vaticínio.

Ao reprimir uma ideia, esta não deixa de existir, como Filoctetes, mas aumenta e aumenta e torna-se perigosa. A repressão já é evidência que ela é perigosa, mas ao trancá-la ela não fica melhor. Para acessá-la, pode-se utilizar os ardis, mas só olhando-a de frente e aceitando-a como parte de si é que ela se mostrará à luz, inofensiva. Até podemos tentar, como Odisseu o fez, tomar o arco e deixar aquele que o carrega: pegar só aquilo que é bom e deixar o podre para trás, mas isso não é possível, porque o bom e o podre andam juntos e são indissociáveis, como Filoctetes e seu arco. Só Neoptólemo, tratando-o como igual, que pode entrar na alma tão protegida de impassividade de Filoctetes.

Ele, claro, é extremamente inflexível. É diametralmente contrário a Odisseu, que se molda a cada situação. Filoctetes prefere morrer de fome numa ilha deserta, mitigado por uma doença terrível, recusando a cura e a vida heroica, para defender suas convicções. São assim as ideias reprimidas, tão difíceis de trazer à luz, farão de tudo para ficar lá, pois assim é mais confortável. Assim o é para Filoctetes, pois teria que se deparar novamente com Agamenon e os aqueus e enfrentar essa situação de frente. Muito difícil. Acredito sim que haja o ponto do conforto em não renunciar à mágoa, pois para isso é preciso muita coragem. Aquiles viveu algo parecido, e só algo muito forte foi capaz de lhe convencer, assim como a Filoctetes.

Falando nisso, a mudança do Aquileu é surpreendente. No começo, obedecia a, como se fosse, uma obrigação civil, uma obrigação de obediência a Odisseu, que é uma força oposta a Filoctetes. Este, em contato com o filho de Aquiles, aplica-lhe força contrária, obrigando-o a tomar uma decisão moral, uma decisão que representa qual caminho moral ele tomará dali para frente. Tomando partido de ambos, diria eu, tomou Filoctetes como herói e homem como os demais, sem olvidar o vaticínio troiano, convencendo-lhe a ir combater e saquear Ílion, mas ouvindo sua tragédia e dando-lhe créditos. Um verdadeiro magistrado.

Trata-se de livro em forma de teatro, podendo incomodar aqueles que não se identificam com essa forma. Não é uma leitura das mais fáceis (pelo menos nesta edição), mas é bastante curta, contabilizando 1470 versos. Para os apaixonados pela guerra de Troia, livro mais que recomendado.
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Aguinaldo 30/01/2012

Filoctetes
Filoctetes (Φιλοkτήτης) é uma peça que tem 2.500 anos e ainda é capaz de impressionar um sujeito. Este livro publicado recentemente pela editora 34 é verdadeiramente completo. Além da peça de Sófocles (em edição bilíngue) encontramos caudalosas notas, sugestões bibliográficas e um generoso posfácio assinado pelo tradutor, Trajano Vieira. Além disto encontramos a reprodução de um poderoso ensaio de Edmundo Wilson, um crítico norte-americano (de quem me lembro ter lido com prazer "Memórias do condado Hecate", mas esta é outra história). Lendo o livro aprendi que os três grandes poetas trágicos da literatura grega clássica (Ésquilo, Eurípides e Sófocles) produziram versões da história de Filoctetes. As versões de Ésquilo e Eurípides se perderam na poeira do tempo. Já a versão de Sófocles sobreviveu aos perigos e chegou até nós (curiosamente uma das solitárias 7 dentre as 123 peças que ele teria escrito). Aqueles familiarizados com os mitos gregos hão de lembrar da menção ao herói grego que fora picado por uma cobra e abandonado pelos colegas em uma ilha deserta. Após dez anos de infrutífero cerco, a queda de Tróia necessariamente depende da volta deste sujeito à frente de batalha, empunhando a arma (um arco invencível) que um dia pertenceu ao poderoso Hércules. A peça se inicia com as instruções que Odisseu (Ulysses) dá a Neoptólemo (filho de Aquiles), com o intuito de resgatar as armas invencíveis de Filoctetes. Odisseu fora um dos responsáveis pelo abandono deste e na prática pretende enganá-lo uma vez mais e apoderar-se das armas. Ele convence Neoptólemo da necessidade deste subterfúgio, fazendo-o mentir, dizendo-se perseguido pelos irmãos Agamemnon e Menelau que, conjuntamente com Odisseu, aprisionaram Filoctetes na ilha. Aliviado, inicialmente Filoctetes fica feliz em poder voltar a sua cidade, mas quando descobre que o plano é levá-lo à força até Tróia ele se revolta e não aceita mais sair da ilha, resignando-se a continuar ali em seu imerecido sofrimento. Odisseu ainda tenta convencer Neoptólemo a ficar apenas com as armas de Filoctetes e rumarem para Tróia, mas este - mostrando-se valoroso e digno - tenta uma vez mais convencer Filoctetes da necessidade de sua volta ao convívio dos aqueus, apesar da traição e dos sofrimentos que padeceu. A peça se resolve através daquele procedimento conhecido como "deus ex machina", muito utilizado no teatro grego, no qual, de forma deliberadamente artificial, um personagem (no caso o próprio deus Hércules, dono original das armas invencíveis de Filoctetes) é introduzido na trama para resolver a situação. Hércules convence Filoctetes a voltar a guerra e ajudar os gregos a derrotar os troianos. No início a leitura é penosa, mas aos poucos nos acostumamos com o ritmo. É um texto bastante interessante. Gostaria de ter a chance de vê-lo representado um dia. [início 11/12/2009 - fim 22/12/2009]
"Filoctetes", Sófocles, tradução de Trajano Vieira, editora 34, 1a. edição (2009), brochura 14x21 cm, 216 págs. ISBN: 978-85-7326-417-3
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