Isa 07/08/2017
Alguém gosta de você
O desajuste é um tema recorrente entre as histórias young adult. Quem nunca se sentiu um peixe fora d’água em algum ambiente, pelo menos uma vez na vida? E, sentindo os impactos dessa disparidade com a realidade compartilhada por muitos, quanto peso conseguimos carregar sem que ninguém saiba? Em Juntando os predaços, através das perspectivas de dois adolescentes, Libby Strout e Jack Masselin, o leitor entrará em contato com uma história sobre amizade, confiança, amor e, principalmente, empatia.
O enredo se passa em Indiana, nos EUA, e conta a história de duas pessoas de realidades completamente diferentes que, após um conflito na escola em que vivem, descobrem possuir mais coisas em comum do que imaginavam. Libby, depois de perder a mãe e de enfrentar uma forte depressão, desenvolveu problemas com peso, o que acabou fazendo com que ficasse presa dentro da própria casa, tendo sido resgatada aos 13 anos, por um guindaste; Jack tem prosopagnosia, uma doença que desconhecia até começar a ler o livro, e que atrapalha a capacidade de um indivíduo de reconhecer rostos, mesmo os que deveriam ser mais familiares.
Como a história é contado através de duas perspectivas narrativas, ou seja, como alguns capítulos são narrados por Libby e outros por Jack, vamos tomando dimensão de que cada pessoa interpreta a vida de um jeito. Às vezes achamos que o outro tem uma vida perfeita, mas só o que estamos vendo é a superfície. Em outras, também, pensamos ter o direito de fazer comentários e de criticar a vida alheia, sem ter a mínima ideia do que ela passa e tem que enfrentar todos os dias dentro de si.
Decidi ler esse livro porque em 2015 tive uma ótima experiência com a autora ao ler seu primeiro romance, Por lugares incríveis, que, por um milhão de motivos, se tornou um dos meus livros favoritos. O que gosto na escrita de Jennifer é, além das personagens e de como ela consegue emaranhá-los e criar uma história verossímil, é o cuidado com as palavras e a sensibilidade que têm pra falar de assuntos muito importantes, sem apelar e sem utilizar de clichês.
Um dos aspectos negativos do livro, foi a articulação de algumas falas, que pra mim soaram forçadas à lá romances água com açúcar, mas nada que não tenha sido superado pelas imagens criadas pela autora, e pela mensagem que conseguiu passar.
A história é bonita de jeitos que não consigo nem explicar, e é uma ótima leitura pra quem, assim como Libby e Jack, precisam aprender a como juntar seus próprios pedaços, e a acreditar novamente que tudo vai ficar bem.
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