Daniely2 23/06/2024
Desabafo pessoal
Esse é um clássico da literatura americana que ficou flutuando em torno de mim há muitos anos pedindo pra ser lido. Talvez fosse um aviso do meu inconsciente sobre o que o futuro estaria me reservando.
Eu sei que esse livro é muito famoso e aclamado por muitos, e tem suas razões pra isso, a escrita dela é muito boa e flui, especialmente depois que você se acostuma com seus floreios. Mas um dos motivos principais pela qual esse livro é muito conhecido é sobre seu tema, de saúde mental, depressão, suicídio e como ele está intrisicamente ligado à história pessoal da autora, que se suicidou com trinta anos.
Talvez muito da polêmica, ao meu ver, se deva à narração da vivência nos hospitais psiquiátricos, que para quem não tem muito contanto com isso, o lado do debate é claro e cristalino como água: internações psiquiátricas deveriam ser proibidas. Livros como esse, que me lembrou muito do filme Garota Interropida, reforçam essa perspectiva. Eu entendo. Até porque nesses tipos de história vemos a visão da paciente, da pessoa com todos esses sintomas, que implora para ter alta, que se pergunta o porquê que ninguém a entende, é a visão que descreve os preconceitos, os medos de tratamentos alternativos e o medo da reintegração à vida "normal", o instinto de fugir, e como todas as pessoas à sua volta querem "prendê-la", mudá-la, "obrigá-la a ser 'normal'".
O que não encontrei até hoje foi a visão de quem foi obrigado a conviver todo o tempo com alguém assim. A visão de um pai ou uma mãe ou qualquer parente próximo que foi obrigado a ser responsável por alguém assim, porque é um sofrimento tão válido e tão horrível quanto a de ser obrigado a ser internado em um hospital psiquiátrico. Como esse livro chega a mencionar rapidamente, não é só o gasto estonteante com o dinheiro que pesa. As várias visitas na clínica, as conversas com os médicos, as tentativas de manipulação emocional por parte do doente, as mentiras que surgem com essas manipulações. Em situações assim você não sabe o que pensar sobre tudo, você não sabe mais o que é verdade, não sabe no quê acreditar, é uma rota muito muito perigosa, qualquer palavra que disser pode e será usado contra você, e qualquer curva ou deslize quem perderá a saúde mental não é o paciente mas e sim o responsável.
Já dizia Nietzche, quando se olha por muito tempo para o abismo, ele olha de volta pra você.