pescemariana 22/08/2024Onde quer que eu estivesse [...] estaria sempre sob a mesma redoma de vidro, sendo lentamente cozida em meu próprio ar viciado.A Redoma de Vidro foi um dos livros mais esperados por mim entre os selecionados para a lista de leitura de 2024. Durante algum tempo, não soube o que pensaria sobre ele, porque o começo me distanciou de alguma forma. No entanto, eu acho que era uma questão de saber o que esperar do livro e ter paciência para que a trama se desenvolva. Agora vejo que o começo do livro era necessário. Ultimamente tenho visto críticas injustas sobre ele na internet. Muita gente tem indicado a leitura como uma obra sobre a crise das jovens adultas que não sabem onde achar o rumo da vida, mas não é sobre isso que - no meu entendimento - a autora escreve aqui e acho que chegar no livro com a necessidade de se identificar com a Esther é algo que, dependendo do caso, pode atrapalhar a leitura. A Redoma de Vidro é um livro sobre adoecimento, sobre estar presa dentro de si, separada do mundo, inadequada, de certa forma. É um livro de conteúdo bastante sensível, claro, somos trazidos para o interior da mente de uma pessoa adoecida. Acho que a autora, até pelo cunho autobiográfico, consegue transmitir muito bem a apatia, o desespero, a insatisfação, a desesperança e a depressão. Gosto particularmente da segunda metade. A meu ver, também existem aqui coisas para se desembrulhar acerca da heterossexualidade compulsória, mas é algo que fica muito implícito. Achei uma obra bastante rica, no entanto não quero deixar de destacar na minha resenha as passagens racistas que infelizmente estão sim na narrativa.