Karina599 05/03/2023Vai sem medo de ser feliz!Antes mesmo de pegar para ler já estava aterrorizada com a ousadia de ler um “*clássico desse nível”.*
A edição que acompanho é a edição de bolso da Editora 34 e estou completamente satisfeita com a linguagem utilizada.
A apresentação de Maria Augusta da Costa Vieira abre com chave de ouro essa edição e já começa se dirigindo àqueles que reconhecem a importância da obra e que adiaram sua leitura, enfatizando que isso na verdade pode ser uma vantagem. Eu logo me senti reconhecida, pois esse era exatamente o meu caso.
Considerei muito proveitosa a apresentação, me situando por contextualizados históricas muito importantes, não somente de Cervantes mas como da própria obra em si e suas diferentes interpretações ao longo do tempo. A professora faz ainda, uma análise de alguns aspectos como o prólogo.
Eu geralmente, gosto dessas leituras de prefácio, posfácio e apresentações porque quebram o gelo e dão uma preparada para o que vamos encontrar na leitura (especialmente uma leitura como essa).
Pois bem, depois vem o famoso Prólogo, que é diretamente endereçado ao leitor: e, como explica a professora Maria Augusta, apesar de ser um Prólogo, claramente ele foi escrito depois das do término da primeira parte das aventuras de D. Quixote.
Em seguida, tem-se os versos preliminares que tive mais dificuldade para conseguir interpretar. Esta parte vem acompanhada de muitas notas com as interpretações.
A partir de então se inicia a história. O começo da leitura foi truncado, compreendendo pouco. Na edição da Editora 34, há muitas notas que atrapalham o fluxo de leitura. Essas notas se referem principalmente às referências de outras novelas de cavalaria, então algumas páginas e eu parei de acompanhá-las para seguir o fluxo da narrativa sem interrupções. Isso tornou a leitura mais fluída e com o passar das páginas fui me habituando com a escrita, como que compreendendo o jeito de Cervantes de contar a história e agora a leitura está fluindo muito bem.
A história possui alguns arcos narrativos curtos em um punhado de capítulos que são gostosos de acompanhar. Um dos que mais me marcou foi o da personagem Marcela, que é uma moça muito bela por quem muitos homens se apaixonam, porém ela escolhe não se casar com ninguém. D. Quixote presencial o velório de um homem que morreu de desgosto por ter sido rejeitado por Marcela e durante o funeral, os amigos do defunto se queixam e falam mal de Marcela. E então ela aparece fazendo um monólogo que considero um grande manifesto feminista. Que deve ser levado em conta que foi escrito por um homem do século XVII. Esse foi um dos momentos mais marcantes da obra pra mim que seria digno até mesmo de um monólogo.