notmuchcompany 10/05/2021
Li esse livro em parceria e, se eu já achava a experiência de ler a Porteclis maravilhosa, em dupla fica ainda melhor.
Em EHM, nos deparamos com algumas palavras em negrito, destacadas, que são títulos de outras histórias da autora. Um deles, inclusive, um spoiler de Androginia, que li em seguida (mas que serviu pra me intrigar durante a leitura). Interessante que além disso, esses destaques servem como subtítulos na história ("Bonecas", por exemplo, trata da infância das personagens). Há também menção à personagens de outras obras, o que é bem legal como Easter egg.
Adoro como há um uso maior do "Tell" do que do "show", mas de uma maneira que funciona e é útil e ainda joga a história pra frente. A autora usa isso através do artifício de uma primeira pessoa falando sobre uma terceira e dessa forma subverte nossas expectativas inclusive em relação ao romance. Estou lendo Esquadros e ela faz isso nesse livro também.
Novamente, não posso deixar de apontar porque é incrível mesmo, o vocabulário pinta imagens lindas na minha cabeça, envolve em tão pouco tempo e faz com que a história permaneça comigo. Algumas vezes durante a leitura, ela soou como uma crônica, por causa do humor e da condução, com punchline e tudo. Ao mesmo tempo que gosto da narrativa curta, fico querendo que ela dure mais e mais!
As músicas também são bem aproveitadas, inseridas na trama, e ajudam a contar a história (ela citou Humberto Gessinger e só aí já teria válido tudo, haha).
EHM não é meu favorito da autora, mas com certeza merece muita atenção. À essa altura, sinto que a autora poderia me conduzir pra qualquer lugar que eu chegaria achando tudo lindo e poético (e eu não sou nada poética!), Hehe.
A ressalva da nota fica por conta das repetições nas mudanças de POV.