O náufrago

O náufrago Thomas Bernhard




Resenhas - O Náufrago


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Mateusmesquita1 24/10/2024

A forma como Thomas Bernhard escreve tinha tudo pra dar errado; é uma repetição absurda da mesma coisa, uma trama recheada de personagens cínicos e insuportáveis inseridos num contexto que vai do nada ao lugar nenhum e mesmo assim consegue ser magistral, uma das melhores coisas que li esse ano
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Mathias Vinícius 22/07/2024

Um comentário sobre: O Náufrago
Este é o meu primeiro contato com o autor, e a impressão que tive foi como estar escalando uma muralha! Não que o texto tenha sido ruim; de forma alguma. No entanto, o que me foi apresentado, em formas de vai-e-vem, deixou-me com uma sensação inicial de futilidade. O leitor é introduzido a um trio de amigos: Glenn Gould, o virtuoso pianista; Wertheimer, o náufrago titular; e o narrador filósofo, cujo nome nunca é revelado. Suas vidas estão entrelaçadas por uma amizade que parece destinada à eternidade, mas que é testada pelos caprichos do tempo e do destino.

A narrativa, marcada por um fluxo de consciência muito bem trabalhado, com acréscimos e digressões, enriquece a história desses três amigos, oferecendo uma visão profunda de suas psiques. No entanto, essa mesma técnica narrativa pode se tornar enfadonha devido às repetições que, muitas vezes, não trazem novas informações. A história é permeada por um sentimento de desesperança e incapacidade de superação, onde o fracasso parece ser a única certeza e a desistência, a única saída. "Que, por um lado, superestimou e, por outro, subestimou suas possibilidades, pensei. Que também de mim sempre exigiu mais do que deu, pensei. [...] Wertheimer nasceu infeliz, isso ele sabia; como todas as demais pessoas infelizes, porém, não compreendia por que ele, como acreditava, tinha que ser infeliz e os outros não; isso o deprimia, não permitindo mais que ele escapasse do desespero. Glenn é um homem feliz, eu sou infeliz, dizia com frequência, e eu lhe respondia que não se podia afirmar que Glenn era feliz, enquanto ele, Wertheimer, seria de fato infeliz."

Bernhard explora temas como inveja, rancor e incapacidade através da perspectiva do narrador sobre seus dois amigos, em contraste com Glenn Gould, cujo talento inigualável talvez devesse ser uma inspiração, mas que, na verdade, é visto como uma fonte de desespero para eles. Isso pode ser compreendido como um reflexo da sociedade. A leitura termina com uma sensação paradoxal: apesar da apreciação pela habilidade literária do autor, o conteúdo em si deixa um gosto amargo, talvez refletindo as próprias frustrações dos personagens.

Embora este livro não seja fácil, acredito que seja necessário, às vezes, que o leitor se exponha a obras que estejam além de sua zona de conforto. Em vez de enfrentar calhamaços de autores famosos com longas páginas, livros menores podem proporcionar bons desafios de compreensão. É possível que eu retorne ao autor no futuro, talvez com a esperança de encontrar algo diferente que me satisfaça mais. Foi bom conhecer um autor que fez tanta troça de seu país de origem, Thomas Bernhard.


site: https://www.instagram.com/um_comentario_sobre/
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Nayara364 04/05/2024

"Vivemos tentando escapar de nós mesmos, mas fracassamos sempre nessa tentativa, quebramos a cara, porque nos recusamos a compreender que não podemos escapar de nós mesmos, a não ser por meio da morte."

Gostaria de ter amado a leitura, a historia é incrível, as personagens defeituosamente humanas que carregam egoísmo, ambiguidade, obsessão, pessimismo e companheirismo, são incríveis de acompanhar. As reflexões são ótimas mas a forma de escrita não me agradou, é muito repetitivo e monótono, apesar de apresentar trechos que são simplesmente sensacionais.
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thaistergilenepilates 28/04/2024

Uma experiência literária marcante
Difícil falar deste livro. Ele deixa marcas e nos faz pensar nele por muitos dias.

Outro dia volto pra atualizar o que penso.
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Gabriel 06/12/2023

Terei que ler a trilogia sobre a arte do Bernhard. Mas talvez nem assim consiga ser capaz de fazer uma resenha. Certamente existe algo aqui fora do comum, extremamente sofisticado. O narrador obsessivo contamina o leitor obsessivo de uma forma incontornável. É um caminho sem volta - (in)felizmente.

Atualização:
A busca obsessiva pela perfeição egóica no campo da arte (e da vida) pode não permitir uma saída pacífica diante do meio que nos cerca. Não há a possibilidade de conexão quando o "fracasso" se apresenta ao sujeito narcísico. Toda uma tentativa de controle expressa uma pulsão de vida. Mas o que pode acontecer quando perde o controle o sujeito obsessivo? A perfeição vaidosa agora já o impede a uma integração fora do mundo ideal. Apesar das tentativas de reconexão, de gestos e contemporização parcial a entropia já tomou conta do espírito; a entropia é o mundo real. Apesar da consciência ainda sim é um caminho sem volta, agir não é uma opção simples. A arte que Tomas Bernhard nos apresenta não é idílica, nem glamurosa; mas cruel, implacável; ela pode aniquilar, se tornar seu próprio demônio.
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Antonio338 23/07/2023

Uma resenha, pensei, em que eu naufragasse um sonho
Meu primeiro contato com a obra do Bernhard não poderia ser melhor, embora seja um livro um tanto áspero para começar.

a prosa do Bernhard em O náufrago é um acontecimento interessante: ela é musical, ritmada, elíptica, pessimista, contraditória e subjetiva. tendo o próprio autor estudado música durante alguns anos da sua vida, isso explica a visão distorcida do sujeito virtuose do piano e do que uma trajetória de sucesso significaria.

esses três primeiros adjetivos não são por acaso, de fato o livro tem uma estrutura e um passo completamente ritmado. os significantes se repetem constantemente de forma elíptica, de maneira cansativa, mas sempre desvelando algo novo, como numa partitura. chega a ser um fluxo de consciência que enfada completamente o leitor nas suas repetições e reformulações.

os dois que seguem também não são por acaso, visto que em muitos aspectos a narração de O náufrago lembra bastante a de Memórias do subsolo, do Dostoiévski. um narrador enviesado, que vomita informações e juízos de valores no leitor na tentativa de ocultar seus pensamentos verdadeiros, o que leva a gente para um outro ponto.

por último, é impossível deixar a subjetividade do relato de lado. assim como é impossível saber a veracidade, a posição da qual o narrador narra os fatos. uma coisa é fato: ao falar de Wertheimer, o narrador fala também de si. é um relato marcado pela culpa pelo suicídio do amigo, pelo mesmos fracasso e frustração descritos pelo narrador ao se referir ao amigo. outro fato: a gente nunca vai alcançar o ideal, a idealização, a perfeição que a gente tanto almeja. e não é por isso que a gente vai desistir, né?

enfim, é uma novela autodestrutiva que deixa a gente completamente à mercê da insignificância humana. um livro que tem que ser lido rápido, num bom humor e com disposição, porque constantemente envolve a gente numa espiral degradante. muito bom.
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Erick.Jonathan 02/06/2023

O Náufrago
O Náufrago. Que experiência literária. Curto, mas denso. Narrativa singular, exagerada, repetitiva, experiência que nos faz abrir a mente para essa diferente forma de narrar, com suas fórmulas, "disse", "pensei", etc.e gostar! demarcando quase que como musicalmente, estabelecendo ritmo. Foi essa a impresão que tive, de estar diante de algo ritmado. Gostei bastante. Que livro. Conhecer essa obsessão do narrador em entender o naufrágio do náufrago, a rica e conflituosa relação entre os três músicos, e ainda, aqui e acolá, colher alguma reflexão sobre a natureza humana, achei filosófico, por vezes, pesado quanto ao tema da morte e do suicído. Vale a leitura.

O que nos incomoda, o cara distante que é muito bom, ou nosso colega que é muito melhor do que a gente? Que nos devasta e arrasa. De como somos, às vezes, por obrigação ou trato social, compelidos a expressar o que não gostaríamos de ter expressado e tolhemos nossa natureza para agradar. E muito mais. Gostei da sinceridade no narrador. Quero mais Thomas Bernhard!
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Eddie.Erikson 27/04/2023

Livro digital escolhido por ser confundido (acreditei que era a história do filme náufrago). Iniciei entretanto com boas expectativas. A história não é de todo mal. Mas avançando, percebo que a escrita deixa a desejar. Enredo todo desenvolvido com pensamento do personagem. As repetições de palavras e até mesmo de trechos e frases são extremamente cansativas.
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Wanderreis 15/03/2023

"...ele disse, pensei."

Não há cristão no mundo com paciência suficiente para prosseguir na leitura de um livro em que praticamente toda frase termina com "ele disse, pensei" ou (menos frequente) "pensei".

Um trecho, apenas como exemplo:

"...ele mergulhou a irmã num complexo de culpa para a vida toda, pensei. Um cálculo assim combina com Wertheimer, pensei. Mas fez dele uma pessoa desprezível, pensei. Tinha partido de Traich já com a intenção de se enforcar numa árvore a cem passos da casa da irmã, pensei. Um suicídio calculado com grande antecedência, pensei, e não um ato espontâneo de desespero. De Madri, eu não teria viajado até Chur para o enterro, pensei, ..." (pag. 46).
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Leonardo 25/02/2023

Mal escrito
Além de não ser dividido em capítulos nem em parágrafos, o discurso deste livro é uma completa desordem. Muito se fala sobre a genialidade de Glenn Gould, suas aulas com Horowitz, do suicídio de Wertheimer, de seus pianos, mas não há profundidade em nada disso direito.
Há tentativas de fazer certos devaneios filosóficos, mas isso é feito de modo extremamente vago.
Foi uma tortura ler este livro para mim.
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Gustavo Guedes 14/02/2023

(In)Variações Goldberg
O exagero é tão ou mais grosseiro quanto a insuficiência. Substancialmente, esse é o problema fundamental de toda elaboração artística - e talvez mais da literatura, que teima em descrever a realidade conforme ela é, informe e defeituosa. (Que também seja ela ilusória, deixemos à conclusão de cada um). Thomas Bernhard, porém, insiste continuamente no contrário, no exagero. Ele acentua, realça e enfatiza em demasia; esquece, se lembra e repete o processo; parece não notar que a condução narrativa à qual empurra o leitor é enfadonha tal como o são seus personagens. Procedimento estilístico! - dirão alguns. Apatia - digo eu. Wertheimer é um pateta. Glenn Gould, um pateta inatingível. Que o livro seja musical, ignora-se. Uma arte não depende da outra. Tampouco Salzburgo depende que lhe descrevam “belamente”. Não há progressão no progresso, nem furor que o justifique. Naufragou o escritor, que te quer afundar junto.
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ludwig2 04/02/2023

Der Untergeher
"Untergehen" é um verbo alemão que significa afundar, cair, ir para baixo. O título do livro, Der Untergeher, é uma palavra criada pelo autor, um substantivo derivado desse verbo, que foi traduzido para "O Náufrago". Em inglês, foi traduzido como "The Loser". Assim, o "náufrago" também é um fracassado, alguém que só vai para baixo, que só decai, um loser.

O livro consiste no monólogo de um narrador não nomeado que está indo para a antiga casa de seu amigo Wertheimer, que recentemente cometeu suicídio, à procura de escritos e anotações que ele porventura tenha deixado.

O narrador foi colega de Wertheimer na universidade (a Academia de Viena e o Mozarteum, em Salzburgo), onde estudaram piano, rumo a uma carreira de "virtuose", ou seja, uma carreira de pianista profissional de renome internacional, que viaja e toca em vários lugares. No Mozarteum, eles conheceram Glenn Gould, um verdadeiro gênio do piano, e os três juntos eram um grupo de amigos. Juntos, fizeram um curso especial com o pianista Horowitz, em Salzburgo; esse curso foi breve, com duração de alguns meses, mas lá eles aprenderam mais do que em todos os anos anteriores de estudos. E, especialmente, o narrador e Wertheimer aprenderam que Glenn era muito melhor que eles no piano. Ele era um verdadeiro gênio, um verdadeiro virtuose, e o seu enorme talento fez com que seus dois amigos acabassem desistindo de seguir a carreira de pianista.

Wertheimer é descrito como o completo oposto de Glenn. Enquanto Glenn é um artista, um gênio da música, e alguém que sabe o que quer e como alcançar seus objetivos, Wertheimer é um "náufrago", um fracassado. Ele é extremamente rico graças à sua família, mas ao mesmo tempo extremamente infeliz; tem uma facilidade, uma tendência à infelicidade. E precisava sempre se comparar a alguém, imitar alguém. Assim, ter visto Glenn Gould simplesmente tocando dois ou três compassos bastou para que Wertheimer percebesse o seu talento, e para que fosse destruído, aniquilado por ele, pois nunca conseguiria ser tão bom quanto Glenn — é impossível competir com um gênio absoluto.

Ao longo do livro, o narrador ora fala de Glenn, ora fala de Wertheimer, ora fala de si. A narrativa vai intercalando memórias, episódios do passado dos três homens, com o presente que consiste no narrador indo em busca das anotações de Wertheimer.

A história faz pensar bastante sobre sucesso, inveja, trabalho artístico, e a maneira pela qual o narrador se expressa me lembrou bastante Memórias do Subsolo, de Dostoiévsky, principalmente quando se refere ao seu "processo de definhamento".

Para concluir essa resenha, deixo um trecho do livro:

"Mas para ser sincero, eu nunca poderia ter sido um virtuose do piano, porque no fundo jamais quis ser um, e sempre tive as maiores restrições a isso, tendo sempre e somente vilipendiado o virtuosismo em meu processo de definhamento, sempre achando o pianista um sujeito ridículo, desde o começo; seduzido por meu talento absolutamente extraordinário ao piano, eu me meti a ser pianista e, de repente, depois de uma década e meia de tortura, reneguei esse mesmo talento, sem qualquer escrúpulo. Não faz parte da minha natureza sacrificar minha vida ao sentimentalismo. Desatei a rir e mandei levar meu piano para a casa do professor, divertindo-me durante dias com minhas próprias gargalhadas por causa desse transporte; essa é que é a verdade: diverti-me com a destruição num único instante de minha carreira de virtuose. E essa destruição súbita de minha carreira de virtuose provavelmente constituiu um estágio importante do meu processo de definhamento, pensei ao entrar na pousada. Nós experimentamos de tudo e nunca vamos até o fim; de repente, jogamos décadas na lata de lixo."





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JP_Felix 07/01/2023

?
Eu estava vendo que estava passando náufrago na TV e pensei "pow, vou ver se tem livro", então cá estamos, eu me sentindo burro.

Como li sem saber nem sinopse, este livro me pegou totalmente desprevenido, e isso foi muito bom, pois o livro é uma maravilha. Não sei se é uma ficção ou uma experiência vivida, e acho que nem quero ir atrás para saber, pois me basta acompanhar tudo como acompanhei e adorei.

Uma jornada fascinante, reflexiva como clássicos britânicos, e também bem irreverente como Bukwoski, se me permitem tentar explicar o sentimento. De fato, uma história que se me perguntassem, eu não saberia explicar ou elaborar bem, mas me senti cativado por cada momento e passagem que lia.
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Felipe 14/09/2022

Why you so obsessed with me?
Romance muito interessante para pensarmos, entre outros assuntos, sobre obsessão e ambição, as quais se materializam, com maestria, na forma do texto, numa narração reiterativa, tensa e incansável.
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Daniel Teles 25/07/2022

Gostei
- É uma história interessante.
- O livro não tem nenhuma quebra de linha. É um bloco compacto de texto e apesar de fino, é mais demorado de ler do que parece.
- Quando se está lendo, o sentimento de morbidez é constante.
Vale muito a pena a leitura.
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