Jaqueline 05/07/2013
Somente anotações
pg 73 " (...) eu pensava em livros que provocaram verdadeiros terremotos, deslocando massas humanas e civilizações inteiras para a prática do mal, para realizar mudanças, para fazer o bem. Quantos milhões não morreram por causa de um livro chamado Minha lita, de Adolf Hitler? Quantas pessoas morreram ou foram escravizadas por causa de um livro chamado O Capital, de Karl Marx? (...)Elmo, não menospreze o poder incendiário de um livro".
pg 165 '"Não se aliem aos queimadores de livros" recomendou ele à plateia. Ele achava que não se podem dissimular erros escondendo a prova de que existem". (nota minha: O erro não pode ser escondido escondendo-o)
pg. 167 "(...) um judeu é perseguido e trancado na ilha do Diabo, e pode-se bradar 'J'accuse!' e sublevar o mundo inteiro por causa de um a única injustiça. O mundo pode identificar-se com um mártir desamparado. Mas, quando seis milhões de judeus foram perseguidos e assassinados na Alemanha, o mundo ficou perturbado intelectualmente, mas emocionalmente calmo, tratando de sua própria vida, porque, ora, que diabo, quem é que pode identificar-se com seis milhões de mortos?" (nota minha: Quando não se tem uma causa, ou elas são difusas, o apoio não aparece")
pg. 178 "(...)A última, redigida recentemente, era para lembrar-lhe o problema básico e insolúvel de toda censura: 'Quem montará guarda aos próprios guardas?' - Juvenal". (nota minha: Guardar os que guardam)
pg. 285-286 "A memória levava-o de volta ao segundo ano de faculdade, quando colecionava epigramas, aforismos, citações, achados inteligentes para aconselhá-lo, orientá-lo e torna-lo mais criterioso. Sentira um prenúncio de realidade ao anotar, tomando de empréstimo a Juvenal, que a integridade recebe elogios, mas passa fome. E tinha havido um compreensão final de si mesmo ao perceber que, tal como o velho marinheiro de Coleridge, ele era
Como aquele que numa estrada solitária
Caminha com medo e temor
E depois de voltar-se uma vez, segue em frente,
E nunca mais vira a cabeça;
Porque sabe que um inimigo terrível
Acompanha-lhe os passos de perto."
pg. 337 '"A perda da liberdade geral viria logo após a supressão da liberdade de imprensa... nenhuma nação, antiga ou moderna, jamais perdeu o privilégio de falar, escrever ou divulgar com franqueza seu sentimentos sem imediatamente perder a liberdade geral e tornar-se escrava".
Pg. 353 '"A lei, tal como é concebida na Declaração de Independência, não é um expediente protetor que assegura a liberdade e as oportunidades de que os homens necessitam para sua felicidade e evolução. A liberdade não é o direito de ser virtuoso; é o direito de fazer o que se quer... limitada apenas quando seu exercício individual arrisca a liberdade alheia, ou quando resulta em ações públicas que a sociedade considera ruinosas para seus próprios objetivos"'.
Pg. 441 "O bar não constava da lista telefônica de Nova York. Uma novidade. Anticonformismo, anticomercialismo, anti-sistema. Barret supunha que isso talvez tivesse alguma lógica para Charles Dodgson, alias,Lewis Carrol. Afinal de contas, o país das maravilhas tinha endereço? E o Éden? E um oásis?"
Pg. 509 '"não existem livros obscenos, apenas homens obscenos com mentalidade obscena (...)qualquer autor pode desnudar o corpo humano, mas poucos têm a ousadia ou o gênio de desnudar o espírito humano (...)'Por eu é que o amor, que forma o assunto principal ou subsidiário em oito de cada dez romances, deve parar na beira da cama, na hora em que caem as cortinas?(...) A maneira de as pessoas fazerem amor é capaz de ser mais reveladora do que qualquer análise da alma humana. Ela revela também uma forma de verdade que é interessante por ser geralmente dissimulada'".
Pg. 593 "Um traço comum parece distinguir os censores das pessoas em geral. Somente os membros dessa estirpe são presunçosos, categóricos e até íntegros em sua crença de que sabem o que é bom e o que é ruim para nós. Um livro como Os sete minutos pode ser nocivo para nós, dizem eles, pode mesmo levar-nos a cometer crimes de violência. Mas por que somos "nós" que temos de ser protegidos, e nunca "eles"? Por que o censor, que está exposto à mesma literatura perigosa que nós, nunca se transforma num estuprador depois de lê-la? Por que goza o censor dessa imunidade, e ninguém mais? Por que serão outros os prejudicados, mas nunca o próprio censor?"
Pg. 603 'Por que vim? John Milton já deu minha resposta há três séculos: "Matar um homem quase equivale a destruir um bom livro; quem mata um homem mata um ser racional, criado à imagem de Deus; mas quem destrói um bom livro destrói a própria razão, a imagem de Deus" (...)'.
Pg. 627-628 'Agora chegamos justamente onde eu queria chegar. Regras. Quem as estabelece? Você? Eu? Frank Griffith? O senador Bainbridge? (...)"A Constituição protege tanto a expressão grosseira como a refinada, e a vulgaridade não menos que a elegância. Um livro sem valor para mim pode transmitir algo válido a meu próximo. Na sociedade livre a que nos destinou a Constituição, cada um escolhe por si mesmo." Elmo, não pode haver árbitros para todos, não em questão de gosto.