Tally 24/10/2022"E não era mar. Era oceano. O oceano de Lettie Hempstock. Lembrei-me disso, e, ao lembrar, lembrei-me de tudo."
Esse livro não é sobre um amor romântico, aqui nós temos uma história real de amizade, superação e crescimento.
Não saber o nome de um personagem é algo que me incomoda muito, mas normalmente eu só percebo quando vou comentar sobre a leitura. Nesse caso aqui, eu só percebi de fato não saber o nome do nosso menino/ homem de meia-idade ao chegar até aqui para escrever essa resenha. E eu li esse livro duas vezes.
Acho que fiz essa releitura justamente porque me sentia como o protagonista desse livro, eu tinha esquecido de sua história, sabia que eu gostava dela, mas não lembrava do porquê. e esse é o ponto desse livro. A gente se esquece das coisas, muitas e muitas vezes nós só lembramos porque voltamos a origem dela.
Neil Gaiman trabalha muito bem com o mistério, com elementos sobrenaturais, nos questionamos sobre o que pode ser realidade ou imaginação. Mas nosso protagonista passa por momentos tão assustadoramente reais que não nos resta dúvida de que aquilo é real.
A Família Hempstock é o centro de todo esse mistério. Constituída apenas por mulheres afinal "Não sei qual seria a bendita serventia de um homem por aqui! Não tem nada que um homem possa fazer nessa fazenda que eu não consiga terminar na metade do tempo e cinco vezes melhor." E aqui também temos efetivamente apenas um nome o de Lettie.
Lettie é a mais nova da família, mas nem de longe ela tem apenas alguns anos de vida, seu corpo está com uma idade realmente jovem, mas ao longo da história nós percebemos que ela é um ser com muitos anos de vida e experiência.
No final das contas o "oceano" é o ponto central de tudo isso, mas ele nunca será o ponto final de nenhuma história. Resta a cada um de nós identificar o papel desse oceano em nossas vidas, sim porque o oceano está em nossas vidas.