Kaka 29/10/2022
O outro lado da moeda
Originalmente, "The Hate U Give", em português: O ódio que você semeia; é o livro de estreia da autora Angie Thomas lançado em 2017.
A obra traz a história da personagem principal Starr Carter que se vê dividida entre dois mundos: o subúrbio, onde mora, e a sua escola particular (frequentada pela elite branca). A personagem principal logo se encontra em uma posição de telespectadora da morte de seu melhor amigo, Khalil, assassinado por um policial sem a mínima justificativa. Após a morte traumática que Starr presenciou, ela vai ter que lidar com a pressão de ser a única testemunha do assassinato, mas, nesse ínterim, sua família e ela são vítimas da ameaça de policiais e dos "chefões do tráfico local. Todos querem saber: o que realmente aconteceu naquela noite?".
E é sob esse acontecimento que a obra se desenrola.
Inicialmente, é importante ressaltar o quão necessário é esse livro a todos. A autora faz uma história majoritariamente protagonizada por personagens pretos e faz uma denuncia sobre o racismo (especificamente norte-americano). Ao decorrer do livro você, leitor, passa a pensar e refletir mais sobre seu entorno. A autora trabalha com uma problemática que é conhecida por muitos mas, ainda pouco trabalhada: a violência policial. A personagem principal, Starr, decide, finalmente, contar o que testemunhou, mas é desacreditada. Longe da ficção, infelizmente, esse cenário é muito frequente, não só nos EUA mas também no Brasil. A obra ilustra bem como na contemporaneidade passou a ser tratado como normal manchetes como: " policial mata bandido". Só que, como diferente seria se fosse a seguinte: " policial assassina homem"; e é aí que a autora acerta. A Engie brilha quando traz a nós, leitores, o outro lado da história.
O objetivo do livro não é de "passar pano para bandido", mas de nos fazer refletir que uma morte (não justificada!) ainda é uma morte. E que, portanto, deve ser tratada como tal. Não podemos ser passivos diante disso. Especialmente quando se é uma situação tão frequente, especialmente, àqueles favelados (* não está se usando o sentido pejorativo da palavra*) , pretos, que são quem realmente sofrem com isso.
Apesar dos aspectos positivos, há também os negativos. O principal deles é a escrita. O livro não foi tão bem escrito quanto poderia ser, a história demorou demais para "acontecer", o livro se tornou chato/ entediante. Além disso, na minha edição houve erros grotescos de diagramação (mas isso acredito poder atribuir a editora).
Por fim, é uma leitura que vale a pena, faz, como já mencionado anteriormente, o leitor (a) refletir sobre o seu entorno (me fez sair um pouco da minha bolha). Sobre a escrita, passamos um pano porque é o primeiro livro da autora.
OBS: o livro tem uma adaptação em filme!