Mariah 24/03/2022
"Com isso deixamos nossa vida sexual no casamento em condições difíceis, provavelmente tendo contrariado a benéfica seleção natural?"
De fato, o mal-estar na civilização é mais esteticamente agradável que o mal-estar da cultura. Digo isso, pois tive a impressão que foi o vocábulo mais lido, o agente, o vilão, como quando em uma ditadura precisam criar um inimigo em comum, a ponto de quase ser possível interpretar a cultura como personificada na obra. Assim, se personificada, como monstruosidade à felicidade do homem moderno: um vilão com o poder de deixar os homens neuróticos quando não são capazes de cumprir suas exigências. Quase que uma esposa que exige demais ao escutar gritos de seu amado perguntando se ela quer deixar ele maluco, se faz aquilo de propósito. Coisas comuns do mal-estar de nossa civilização. De antemão, além do trecho da neuróse no homem, outra parte de destaque para mim foi quando aborda a criação de problemas para resolver problemas, habito da humanidade, como aparece mais comumente na mídia com a problemática de um dono de fazenda que tem uma infestação de um animal x como praga e compra animais y para comerem o x mas o y que vira a nova praga e assim em ciclo. Esse tema delicado, ele trata colocando a baixa da mortalidade infantil fato comumente positivo, mas o colocando em óptica negativa.
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“Não significa nada a medicina ter conseguido diminuir a mortalidade de recém-nascidos e ter reduzido em grande medida o risco de infecção das parturientes, a ponto de se ter reduzido em grande medida o risco de infecção das parturientes, a ponto de se ter prolongado consideravelmente a vida média do homem civilizado? E poderíamos ainda acrescentar toda uma série de tais benefícios, que devemos à tão vilipendiada época de progressos científicos e técnicos — mas neste ponto se faz ouvir a voz da crítica pessimista a advertir que a maioria dessas satisfações seguiu o padrão do “contentamento barato”,(…) E de que adianta ter reduzido a mortalidade infantil se justamente isso nos obriga à máxima contenção na produção de filhos, de modo que, tudo somado, não criamos mais filhos do que nas épocas que antecederam o império da higiene, mas com isso deixamos nossa vida sexual no casamento em condições difíceis, provavelmente tendo contrariado a benéfica seleção natural?”
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Já adentrando na leitura, em algum momento se dará de cara com esse trecho, o qual não tenho nada a acrescentar, apenas a destacar. Há um exagero, mas um exagero engraçado de ser lido, um daqueles que desperta, mesmo que seja apenas uma opinião mais pé no chão, ou até menos negativa.
Além disso, Freud, ao afirmar: “…ou que era proibido — a seus desejos. Pode-se então dizer que esses deuses eram ideais da cultura. Pois agora de tal maneira ele se aproximou da realização desse ideal que ele próprio se tornou um deus. Isso, contudo, apenas uma vez que, segundo o juízo universal dos homens, tais ideais podem ser alcançados.” da atenção a um ponto que pesquisei e não tive resultados de qualquer conexão com o tal god complex, surpreendentemente.
Outros bons cortes que marquei:
"entre sentimento de culpa e a nossa consciência [bewubbtsein]" ...lembrando que em questão se trata da consciência no sentido epistêmico, pela qual se sabe o que se esta fazendo ou pensando. Justamente a: [bewubbtsein].
'Os doentes não nos dão crédito quando lhes atríbuímos um “sentimento inconsciente de culpa”'
“falar de angustia consciente ou — se desejamos ter uma consciencia moral psicologicamente mais limpa, uma vez que a angustia é em principio apenas uma sensacao — de possibilidades de angustia.” —> culpa como demanda erótica.
'A ética assim chamada “natural” nada tem a oferecer a não ser a satisfação narcísica de poder se tomar por melhor que os outros.'
[...] destino da espécie humana como perturbação de convivência representada pela agressividade e pela pulsão de "autoaniquilamento"
“poderes celestiais” = O Eros eterno.
_______ Sobre o Eros no livro.
Ao dizer “libido, pode novamente se aplicar às manifestações de força de Eros, para distingui-las da energia da pulsão de morte. Deve-se admitir que para nós torna-se tanto mais difícil compreender a energia da pulsão de morte, que divisamos” destaca um empecilho: a compreensão da energia de pulsão de morte diante da libido como manifestação do Eros, na pós-modernidade. Problema que estudarei apenas no futuro, então por enquanto vou segurar meus dedos nessa escrita.
_______ Por que 03 estrelas?
Uma obra que da muitas voltas, como ele mesmo diz, fala obviedades no inicio, tanto que quando li "Até agora, nossa investigação sobre a felicidade não muito nos ensinou além do que era de conhecimento geral." na página 41, me trouxe alivio.