Isa 29/08/2024
O livro ?O mal-estar na civilização? aborda as relações entre o indivíduo com a sociedade e os processos que essas relações desencadeiam, focando, principalmente, na psicanálise e no estudo dos sentimentos humanos.
Irei iniciar as minhas impressões com o final da obra, com a frase que, em meu ver, sintetiza o livro por completo: ?A meu ver, a questão decisiva para a espécie humana é saber se, e em que medida, a sua evolução cultural poderá controlar as perturbações trazidas à vida em comum pelos instintos humanos de agressão e autodestruição.?. Essa frase revela a genialidade de Sigmund Freud, pelo fato de, tendo quase passado um século de sua publicação, a obra permanece atual, assim como permanece atual o mal-estar em nossa civilização, à medida que, a sociedade vai evoluindo, e, com o progresso, chegam consequências aos sentimentos e instintos humanos.
Além disso, achei interessante um conceito que, apesar de não ser uma das ideias centrais da obra, chamou-me muita atenção: o conceito de ?prazer barato?. Para Freud, o ?prazer barato? significa um tipo de prazer ?artificial?, em que ele cita como exemplo o tipo de prazer sentido ao retirar um dos pés do cobertor em um dia frio, somente para sentir o prazer de cobri-lo novamente. Ao ler isso, imaginei uma situação que fiz muito nos tempos de escola: colocar o despertador para uma hora antes do que eu deveria acordar, somente para ter o prazer de saber que poderia ter um tempo para dormir um pouco mais.
Outra coisa que chamou minha atenção na obra é a conversa que Freud tem com o leitor e a sua modéstia: muitas vezes, durante a obra, o autor desculpa-se com o leitor por ?não lhe ter sido um guia mais hábil?, o que achei curioso pela descrição e alto teor teórico da obra. O livro é bem curto, somente 90 páginas na edição em que li, mas, certamente, essas 90 páginas me pareceram 300, provavelmente pelo caráter denso e cheio de conteúdo para assimilar.
Finalizando as impressões, sinto que essa leitura me foi muito proveitosa, foi o meu primeiro contato com a obra de Freud, e sinto que foi uma experiência positiva, apesar de sentir que não consegui captar algumas das ideias que o autor passou durante o livro. Assim, considero uma leitura de 4 estrelas (em um critério de até 5 estrelas), muito pelo fato do meu entendimento e também da minha experiência de leitura, pois é notável que o autor é genial e que, se eu não entendi, o problema claramente está em mim e não em Freud. Tendo isso em vista, pretendo reler a obra quando estiver mais velha e mais madura, mas deixo claro aqui que, para mim, mesmo não absorvendo todo o conteúdo, é um livro fantástico.