spoiler visualizarMile linda 26/09/2024
Rebecca
É uma história sensacional.
Personagens muito bem construídos, atribuo este fato à época (romance gótico).
O enredo de Rebecca evidencia o protagonismo, mesmo que póstumo, de Rebecca. Tanto que o nome da atual esposa de Maxim, narradora do livro, nem é citado.
A história é contada por essa nova esposa, bem mais jovem de Maximiliam, que chega a Manderley encantada com tamanha grandeza. Ela tem certa humildade e respeito para com os costumes da casa e pertences da falecida Rebecca, apesar de sua curiosidade.
Evita ao máximo causar grandes alterações na rotina da casa no intuito de não desagradar os empregados e de não apagar o legado da falecida.
Muito embora, de tanto buscar não profanar o lugar que julga sagrado, sente que não é tão amada como a ex-esposa do viúvo era. Com Rebecca era diferente.Todos amavam, admiravam e
elogiavam Rebecca. Era duro ouvir "Você é bem diferente de Rebecca" da sua cunhada. Havia uma gota de ciúmes de Maxim talvez por uma baixa autoestima. Ela, por vezes, duvida do amor de Maxim.
"Não combinávamos. Não éramos companheiros. Não tínhamos sido feitos um para o outro. Eu era muito moça para Maxim, muito inexperiente e, acima de tudo, não pertencia ao seu mundo. Pouco importava que o amasse de maneira doentia, dorida e desesperada, como uma criança ou como um cão. Não era de amor que ele precisava."
Esse trecho explicita bem o seu incômodo, sentia que era tratada diferente. Achava que Maxim casou com ela para preencher o vazio que Rebecca deixou. A protagonista sentia Rebecca por todos os cantos visto que o casarão de Manderley chega a ser a personificação da morta:
"Ele era homem; eu, sua mulher e moça, mais nada.
Maxim não me pertencia, absolutamente. Pertencia a Rebecca. Ainda pensava em Rebecca. Nunca poderia amar-me por causa de Rebecca. Ela ainda vivia na casa, como dissera Mrs. Danvers, naquele quarto da ala oeste, na biblioteca, na saleta, na galeria."
"Rebecca ainda era senhora de Manderley. Rebecca ainda era Mrs. de Winter. Eu nada tinha que fazer ali.
Viera tontamente, qual pobre estouvada, invadir terreno alheio."
Sentia-se invasora/usurpadora daquele lugar que não julgava ser seu. Sentia-se tímida com os criados e amedrontada de estar perturbando qualquer costume ou lembrando Maxim de algum momento com a cônjuge anterior.
"?Sou tão mais velho que você! Parecia sempre ter mais que conversar com Frank, do que comigo. Mostrava-se esquisita comigo, sem jeito, tímida.
? Como poderia procurá-lo, quando sabia que estava pensando em Rebecca? Como podia pedir-lhe que me amasse, sabendo que ainda amava a Rebecca?"
Inclusive, descobri que fizeram dois filmes baseados no livro com o mesmo nome. Já adicionei à lista.
Rebbeca é uma personagem grandiosa. Ora descrita como depravada ora como corajosa, depende do ponto de vista. Muito interessante essa construção.
No final, descobrimos que Maxim não amava Rebecca e a relação deles era conflituosa. Maxim a descreve como uma mulher promíscua, possuía vários amantes incluindo o primo e conta como verdadeiramente ocorreu a sua morte. Após o relato nossa narradora se desprende da insegurança que tinha pois agora sabe que Rebecca finalmente pode ser enterrada no passado.
Um feminicídio se torna um ato heróico e pode ser que Maxim só não é suspeito porque há provas que ajudam a confirmar suicídio e por ele pertencer à elite. Claramente, não houve muito esforço investigativo sobre ele.
Só não dei 5 estrelas pois pode ser plágio de uma autora brasileira chamada Carolina Nabuco.