marixxb 07/03/2023
"É monopólio de vocês o patriotismo?"
Gostei muito mais desse livro do que pensei que fosse gostar. Algumas partes foram bem arrastadas e de difícil compreensão pra mim, principalmente quando ele se torna militar, mas isso não me fez desgostar da obra. Achei realmente muito triste o fim dele e tudo que ele passou. Nem o Albernaz ter ajudado ele no final me deixou MUITO triste. E meu deus o discurso dele no fim do livro sobre nada disso ter valido a pena!!!!! Quase escorreu uma lágrima nessa hora, de verdade. Coitado.
"O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas coisas de tupi, do folclore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
Mas, como é que ele, tão severo, tão lúcido, empregara sua vida, gastara o seu tempo, envelhecera atrás de tal quimera? Como é que não viu nitidamente a realidade, não a pressentiu logo e se deixou enganar por um falaz ídolo, absorver-se nele, dar-lhe em holocausto toda a sua existência? Foi o seu isolamento, o seu esquecimento de si mesmo; e assim é que ia para a cova, sem deixar traço seu, sem um filho, sem um amor, sem um beijo mais quente, sem nenhum mesmo, e sem sequer uma asneira! Nada deixava que afirmasse a sua passagem e a terra não lhe dera nada de saboroso."
Além disso, achei muito interessante o fato da obra retratar muitas questões socioculturais da época, como o casamento na vida da mulher e outras. Mas sobre essa especificamente, A Ismênia adoecendo e morrendo com o vestido de noiva me deixou tão mal, achei uma parte super importante e pesada do livro.
Por fim, toda essa questão de patriotismo retratada no livro é muito atual e todos deveriam ler visto o cenário político brasileiro de hoje. Uma frase que me marcou muito foi a dita pela Olga sobre a revolta que ocorre na história: "E os outros? É monopólio de vocês o patriotismo?". Isso é extremamente atual: o fato de apenas um lado considerar que age por patriotismo quando na verdade os dois lados são brasileiros.
"Além de que, penso que todo esse meu sacrifício tem sido inútil. Tudo o que nele pus de pensamento não foi atingido, e o sangue que derramei, e o sofrimento que vou sofrer toda a vida, foram empregados, foram gastos, foram estragados, foram vilipendiados e desmoralizados em prol de uma tolice política qualquer... Ninguém compreende o que quero, ninguém deseja penetrar e sentir; passo por doido, tolo, maníaco e a vida se vai fazendo inexoravelmente com a sua brutalidade e fealdade."