Robson 28/12/2022
'- O major é um filósofo - disse ele com malícia.'
O querido Policarpo Quaresma passa por poucas e boas ao longo desse romance tão famoso.
Um homem fanático pelo Brasil, mas que ao mesmo tempo demonstra um caráter sonhador, generoso e honesto, apesar de ser taxado como maluco devido às suas ideias excessivamente nacionalistas e terrivelmente excêntricas.
A mania de leitura também não o ajuda e só faz com que a incompreensão geral sobre seu jeito de ser cresça sempre.
O despertar do protagonista sobre a realidade à sua volta acontece devagar e só culmina de vez no último capítulo, em que a injustiça da vida finalmente o acorda. É, inclusive, um capítulo doloroso para o major Quaresma, para seus amigos e também para nós leitores.
O romance é recheado de críticas sociais e políticas dos anos iniciais da república e abrange, principalmente, o governo de Floriano Peixoto. Pessoalmente, fui muito marcado pelas personagens Olga, Ricardo Corações dos Outros, Adelaide e Ismênia.
Aqui há uma obra clássica com escrita deliciosa e simples. Assim como Quaresma, Lima Barreto também não teve grandes alegrias em vida, bem se sabe. Felizmente hoje em dia ele tem o reconhecimento merecido como um de nossos grandes autores e com suas obras que valem demais a leitura.
"E desse modo ele ia levando a vida, metade na repartição, sem ser compreendido, e a outra metade em casa, também sem ser compreendido."