Resenhas - Triste fim de Policarpo Quaresma

Mariana 25/05/2024

06/10
?É preconceito supor-se que todo homem que toca violão é um desclassificado. A modinha é a mais genuína expressão da poesia nacional e o violão é o instrumento que ela pede.?

Paollete 27/05/2024

Que livro bom
Já é de conhecimento de todos que esse livro é um clássico, e logo nos primeiros capítulos da leitura já entendi o porquê.
Extremamente crítico e muito bom de se ler, com um desenrolar as vezes muitos engraçado e outras extremamente trágico, esse livro conquistou meu coração e me fez ter vontade de ler outras obras do autor. História impecável, de verdade.

Aqlabia0 29/05/2024

O Policarpo é um queridão, o coitado só é meio sem noção kkkkk.
É um livro meio lento, mas é até que divertido

rmailbox 14/06/2024

Ícone da Literatura Brasileira
Criticando a falsidade, a estrutura social fantasiosa e ambição desumana, o livro traz características clássicas do Pré-Modernismo e escancara o posicionamento do autor, Lima Barreto, sobre a política do momento. No livro, o autor faz uso de diversas ironias como "Como as pessoas têm tantas terras livres à vista e preferem viver de forma precária nas cidades?", uma clara crítica ao acúmulo e má distribuição de terras, acarretando dificuldades àqueles que realmente precisam ? crítica que poderia ser colocada até os dias atuais.
Eu, particularmente, não gostei muito do livro, por ter um desenvolvimento lento na Primeira e na Segunda parte. Entretanto, a Terceira parte explica a lentidão das duas anteriores, quando põe o contexto socio-político à mostra em forma de revoltas ? as Duas Revoltas Armadas que ocorreram durante a República da Espada. Policarpo é um sábio patriota desiludido e eu gosto como, ao decorrer do livro, Lima Barreto vai fazendo a transição dele: de um patriota fissurado pelo seu país para um triste coitado, preso político, que vê que todo seu esforço foi em vão, qual ele luta contra uma parede, uma vez que um pobre civil não tem posição nenhuma nessa ditadura fria.
Também muito me agrada como ele critica a sociedade patriarcal, a exemplo da morte de Ismenia e das Reflexões de Olga.

Recomendo pra quem gosta de livros clássicos!

Allanamari4 30/06/2024

Bom
É uma história interessante, mas infelizmente não me prendeu. Queria ter gostado um pouco mais desse livro.

Hellas 29/06/2024

O tênue limite da loucura
Senti uma pegada de linear da loucura, igual em ?o alienista?, o livro é sensacional com muitas características brasileiras e situações tupiniquins. Policarpo Quaresma é um brasileiro como vários e vários, que por vezes, são vítimas de suas crenças e mortos por seus líderes célebres. A crença, o patriotismo, o amor a uma nação idealizada, o conhecimento profundo das idiossincrasias não salvaram Policarpo das mãos de homens realistas e nem mesmo sua pátria pode salvá-lo

softshinn 22/06/2024

Gostei muito de acompanhar a história de Policarpo. Um sujeito verdadeiramente patriota, não essas porcarias de hoje que se dizem patriotas e são os piores inimigos do próprio país, com uma visão totalmente errônea do que é o patriotismo. ?????

Por tudo que fez, em nome do seu amor a pátria, fez-se sua desgraça. Desde o tupi ao sítio Sussego, até ser combatente.

Daniel.Tschiedel 20/06/2024

Injustiça é o nome
Diferente do Machado de Assis, o texto do Lima Barreto neste livro é de fácil leitura e compreensão.

Na história você fica agoniado junto ao Quaresma, com ele querendo fazer o certo e o sistema batendo de volta com força nele.

O livro é um retrato da injustiça do nosso país e a cereja do bolo é como os militares são zoados.

Gostei bastante.

Lucas 18/06/2024

"na beleza deste céu, onde o azul é mais azul" ?
Hoje em dia a definição de patriota está muito enviesada. define-se patriota não aquele que escolheu priorizar a sua terra natal e valorizá-la, mas aquele que defende ideias voltadas para um segmento político bastante específico. Policarpo Quaresma é a pessoa que defende sua terra e a exalta de todas as maneiras possíveis. em suas palavras, ?tendo o nacional, não compro o estrangeiro?.

no entanto, o patriotismo exacerbado do major Policarpo (major porque ganhou equivocadamente essa alcunha e não porque está ligado às forças militares) o levou a lugares que nunca visitou, pelo contrário, evitava-os pelo seu estilo de vida.

lendo pela primeira vez um romance de Lima Barreto, meu autor clássico preferido, pude me encantar mais uma vez com a sua literatura tão gostosa. a despeito de muitas palavras não mais cotidianas e pra mim desconhecidas, a narrativa de Lima Barreto flui muito bem. não parecia que eu estava lendo um romance de 1911. antes, eu só tinha lido muitos contos do autor e aqui ele manteve a mesma essência pelo qual o reconheço: críticas à sociedade e comportamentos da época em que são ambientadas suas histórias, narração fluída, ironias mil, introdução de personagens que em alguma medida vão acrescentar pouco - mas não por isso menos cativantes - e certa comédia em determinadas situações.

o primeiro episódio - vexatório - que Policarpo nos apresenta como de explícito patriotismo, é o de quando escreve para a Câmara dos Deputados um requerimento pedindo que o idioma oficial do Brasil mude para tupi-guarani, uma vez que português era uma língua estrangeira e que fomos forçados a aprender quando éramos ainda colônia de Portugal (ele não deixa de estar certo em seus argumentos), mas qual não foi a risadaria quando o requerimento ganhou fama através dos jornais e o melhor passou a ser apontado pelas ruas como motivo de riso geral. esse absurdo causou nele bastante vergonha e tristeza.

pra mim, a literatura não serve apenas com o propósito de entreter, mas sim de fazer pensar também. e assistindo à novela Laços de Família, numa determinada cena, uma personagem ostenta a felicidade de ter sido chamada de 🤬 #$%!& , pois isso pra ela foi um arraso, chamou muito a atenção e ficou comentada. já recentemente, a esposa de um participante do Big Brother se separou enquanto o ex-marido estava confinado, pois ele estava dando em cima de outra participante. inicialmente foi um vexame pra ela, mas em nenhum momento ela pensou em não monetizar o vexame, ganhando muito dinheiro com toda a exposição. e a coisa que eu mais acho deliciosa na escrita de Lima Barreto é como ele consegue se manter tão atual e ao mesmo tempo fazer o leitor refletir a respeito de comportamentos, seja da época em que o texto foi escrito, 1911, ou tempos depois, 2000, ou mais ainda no futuro, 2024.

é praticamente impossível não achar na obra de Lima Barreto semelhanças com o tempo atual. críticas à sociedade e aos governos e governantes são contundentes e assustam, pois faz parecer que seu texto foi escrito ainda semana passada.

?? Eu não posso compreender esse tom divino com que os senhores falam da autoridade. Não se governa mais em nome de Deus, por que então esse respeito, essa veneração de que querem cercar os governantes??

o livro tem uma cadência pouco ágil, mas acredito que isso era uma constante na época em que foi escrito. antigamente, a vida não acontecia da maneira como ocorre hoje e isso talvez explique o ritmo da leitura. Lima Barreto vai contra todo o estilo de uma época ao usar uma linguagem bastante popular, fugindo do academicismo ou do eruditismo que as obras da época apresentam. posteriormente fiquei sabendo que para este livro a intenção era que fosse o mais popular possível, embora eu já estivesse familiarizado com a sua linguagem. apesar de ocasionalmente usar palavras que hoje em dia já não são mais usadas com frequência, em detrimento de outras, a leitura não fica comprometida, pois a edição é recheada de notas de rodapé, o que explica muita coisa e dá muito contexto a respeito do período em que a obra é ambientada.

um ponto histórico para entender a conclusão do livro é a revolta da armada, ocorrida no Rio de Janeiro entre 1981 e 1894, sob a gestão do Mal. Deodoro da Fonseca e depois do Mal. Floriano Peixoto. o primeiro renunciou devido à pressão causada pelos marinheiros que queriam mais participação nas decisões do governo e igualdade salarial com o exército. já o segundo conseguiu sufocar não apenas essa revolta quanto outra que acontecia no sul, chamada Revolução Federalista. por isso, Mal. Floriano Peixoto ficou conhecido como o ?marechal de ferro?, por ser muito violento em suas decisões. eu tinha um professora de história que costumava falar que a história sempre se repete, mudando apenas os personagens e o tempo em que ocorre. por ser contra o autoritarismo de Floriano Peixoto, com quem Policarpo Quaresma tinha relação, ele teve seu triste fim.

eu apenas não esperava que o triste fim do major Policarpo fosse de fato triste. eu esperava alguma coisa menos trágica, mas levando em consideração todo o contexto em que o major estava inserido, qualquer coisa que não fosse o seu fim seria inverossímil. o autor nos lança um questionamento muito contundente na reta final do livro: de que adiantou a Policarpo querer tanto exaltar a sua pátria amada? de que serviu tanta leitura a respeito dos rios, da geologia, da agricultura, política e cultura da nação? em que lhe serviu todo esse conhecimento no derradeiro momento de seu fim? no final de tudo, todo esse conhecimento era algo que apenas ele valorizava, enquanto os demais a sua volta faziam chacota de sua incansável sede de sabedoria brasileira. deixou de aproveitar sua vida, teve poucos amigos e poucas boas lembranças. isso tudo fala a respeito da perseguição incansável e cega de um sonho.

Major Policarpo Quaresma tentou várias vezes vivenciar sua nação em suas potencialidades e possibilidades, mas falhou em todas elas ou virou chacota na maioria. e a cada falha ele morria um pouco por dentro, até que findou aquilo que era insubstituível.

há momentos em que se precisa recalcular a rota, mudar os planos ou mesmo desistir de um sonho. não é nenhum erro ou fracasso desistir de algo que se quer muito. ainda mais quando a vida, como a vida de Policarpo Quaresma, dá sinais de que é melhor parar.

Matheuscko 18/06/2024

Em prol de um sonho inalcançável.
Quaresma, um homem ilustre, dedicado aos estudos, com um forte desejo patriótico em seu peito. Sempre quisera dedicar-se à pátria e assim fez. Dedicou-se aos estudos, sabia de capa a capa a história do Brasil, ingressou em uma empreitada para transformar o idioma tupi em língua oficial, pois acreditava ser o melhor para a nação, porém se frustrou.
Também dedicou aos campos, no seu belo sítio: O Sossego. Acabou se frustando novamente, o solo era pobre, cheio de mazelas e a roça era abandonada pelo governo. A política local visava apenas crescimento próprio, enquanto a comunidade? Era abandonada e esquecida por todos.
Dedicou-se as guerras, de tal forma que foi combatente na revolta da baía. De que adiantou? Viu nestas guerras os crimes hediondos, os atos violentos contra a humanidade, os assassinatos, as perseguições; e todo o desejo patriótico, aquela sede, aquela ambição, onde estava? Não estava em lugar algum.
Estava sendo "diretor" de um cárcere, quando viu que um homem, do Itamarati, entrara reivindicando presos, para levar a ilha do Boqueirão. Para que? Para tortura-los, mata-los... E tudo isso, passou-se a frente dos seus olhos. Decepcionado com o governo, enviou então, uma carta à Floriano, e qual foi a resposta? Cárcere e sentença de morte. Considerado por todos um inimigo da pátria, um rebelde feroz... E então, onde estaria seu sonho? Para onde foi, toda a sua vida, seus estudos, tudo, absolutamente tudo, era em prol do nada?
Se viu assim, desolado, angustiado, sofrido e sem sequer poder se despedir dos seus amigos, Anastácio e felizardos e da sua irmã. Morreu assim, abandonado, largado e esquecido, injuriado, e contrariado, pois seus sonhos nunca atingiram o ideal que esperavam alcançar. É disto que trata, o "Triste fim de Policarpo Quaresma".

Vitor 17/06/2024

Clássico acessível
O Triste Fim de Policarpo Quaresma, apesar de ser um clássico da literatura brasileira, possui uma linguagem super agradável e cativante. Os personagens criados por Lima Barreto provocam muitas emoções ao leitor, sejam elas de afeto, raiva ou mesmo tristeza, no triste final, que o título já anuncia.

O livro é um retrato da sociedade do final dos anos 1890, sendo um reflexo de uma sociedade aristocrata que se preocupa apenas com seus próprios interesses e benefícios e é incapaz de pensar além de si para ajudar outrem. Além de Policarpo, são escassos os personagens que detém algum tipo de compaixão nessa obra, o que reflete também nos desdobramentos que a história toma, quando o protagonista se vê sozinho.

Policarpo, por sua vez, é um sujeito apaixonante. Ama o Brasil como ninguém e lê compulsivamente, somente livros que falam sobre o Brasil. Só consome músicas e comida brasileira, se veste como um brasileiro e odeia qualquer tipo de coisa que seja importada. Essa paixão o vai prejudicando e, em cada uma das três partes do livro, o fim é melancólico.

O nacionalismo exacerbado de Policarpo acaba por prejudica-lo, sua paixão pelo seu país juntamente das suas melhores intenções de tornar o Brasil um lugar melhor para todos, acabaram promovendo o seu fim, ausente de gratidão e sozinho.

É, em suma, um livro tragicômico. É super engraçado e gostoso de se ler em 90% das páginas, mas o final é sempre arrebatador, trazendo um profundo sentimento de tristeza como, novamente, o título já anunciava.

Talvez precisássemos de mais gente como Policarpo, apaixonados pelo Brasil.

bárbara 16/06/2024

Cada louco traz em si o seu mundo.
Adorei como o personagem é considerado louco e morre no final, mesmo tendo lido por causa da escola, foi um livro que me prendeu e eu me envolvi com a história de Policarpo Quaresma.

???

???????????

lacklusterstarchild 15/06/2024

O último devoto do culto verde-e-amarelo
"- É bom pensar, sonhar consola.
- Consola, talvez; mas faz-nos também diferentes dos outros; cava abismos entre os homens... "

Com uma fala teimosamente coloquial, a escrita de Lima Barreto utiliza referências cânones para expor narrativas controversas que não se acanham perante sua condição de pioneiras.

Sua crítica mordaz do casamento e a pressão social com que reduz mulheres à condição de propriedade a ser negociada, seu retrato das influências da cultura negra nos centros urbanos e rurais, assim como seu discurso acerca do egoísmo dos governadores brasileiros, reúnem-se para revelar a insustentabilidade das mentiras que o país ainda conta para si mesmo.

Sem querer querendo, Quaresma se agarra a convicções hegemônicas - desenvolvidas por uma elite para criar algum senso de identidade nacional que unisse a população extremamente diversa em um sentimento de dever aos interesses brasileiros (leia-se, aristocráticos) - até presenciar os sórdidas efeitos de uma desilução repleta de contradições. Pois, como pode o país cujas palmeiras são mais verdes e a terra mais fértil ser assolado pela miséria? Esse é um dos quadros que Policarpo está determinado a reverter respeitando as estruturas de poder vigente, mesmo sendo ignorado repetidas vezes.

Me sinto compelida a pedir um abraço desse homem morto - cujos olhos cintilavam à menção do rio Amazonas e o coração bombeava com a dedicação de seus estudos restritos ao Brasil. Sim, eu sei. Sou uma fraca por me deixar levar por sua naïveté e me comover com seus percalços de homem incompreendido.

Quando suas ilusões são finalmente todas perdidas, o que sobra são a cacofonia e o technicolor da desigualdade e diferença brasileiras que co-existem lado a lado aparentemente inseparáveis e irreparáveis.

mxrilo 15/06/2024

O triste visionário
"Havia ali, naquele mudo laboratório de decomposições, solicitações incompreensíveis, repulsões, simpatias e antipatias; havia túmulos arrogantes, vaidosos, orgulhosos, humildes, alegres e tristes; e de muitos, ressumava o esforço, um esforço extraordinário, para escapar ao nivelamento da morte, ao apagamento que ela traz às condições e às fortunas"

Allan255 03/06/2024

O triste fim de um leitor de o triste fim de Policarpo Quaresma
Toda vez que eu perguntava sobre esse livro, só me falavam ''não li ainda'' e quando eu falava que tinha interesse me falavam ''leia e me conte como é'', odiei, me usaram de bode expiatório, é um livro que tem umas criticas que são muito atuais, esse é ponto mais positivo da historia, mais o ponto negativo, e minha principal critica, é que a historia as vezes é desnecessária, principalmente na segunda parte, foi uma parte muito difícil pra mim ler, tem coisas que ali simplesmente eram enrolação, pura enrolação, posso dizer com certeza que doi mais ler essa parte do que qualquer câimbra em qualquer lugar que você possa imaginar, mas mais uma vez, as criticas que esse livro faz, até hoje são atuais