Esaú e Jacó

Esaú e Jacó Machado de Assis...




Resenhas - Esaú e Jacó


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Quincas Borba 13/10/2023

"Tempo é um tecido invisível em que se pode bordar tudo,
Uma flor, um pássaro, uma dama, um castelo, um túmulo. Também se pode bordar nada. Nada em cima de invisível é a mais sutil obra deste mundo, e acaso do outro."

"Esaú e Jacó" é um romance de Machado de Assis, publicado em 1904. A história segue os gêmeos Pedro e Paulo, que são opostos: um é monarquista, o outro republicano; um quer ser médico, o outro advogado; um idolatra Luís XVI, o outro Robespierre; mas, gostam da mesma moça, Flora, que fica indecisa entre os dois.

Em minha primeira leitura (sim, isto é uma releitura), tinha achado a obra boa. Não achava que chegava do mesmo nível de brilho da tríade machadiana, mas ainda assim, considerava interessante.
Agora, enxergo um potencial dessa obra de se igualar às três grandes, virando um quarteto, mas existem algumas coisas que não me permitem fazer isso. A primeira é que a personagem Flora não é tão bem explorada quanto eu queria; ela não tem um plano de existência fora o mesmo lenga lenga de ficar indecisa entre Pedro e Paulo e, mesmo intencional, acaba sendo meio chato, senti que Flora poderia ter sido muito mais. Outro problema são as divagações do autor; embora sejam bem aceitas em algumas partes, tem outras que já nem tanto e, infelizmente, são significativas, e nem são tão importantes e/ou engraçadas.

Agora, falarei bem da obra. A escrita machadiana continua bem incisa e afiada, apesar de uns escorregões, como já mencionado. Podemos ver o ápice da escrita de Machado em alguns capítulos e trechos, como o capítulo LXXXVIII, um dos meus favoritos de toda a obra machadiana. O destaque vai para a construção de Pedro e Paulo e, logicamente, o meio político da história, com monarquia e república, Pedro I e Miguel, Deodoro e Floriano, etc.
Mesmo discutindo esses meios políticos, somos constantemente relembrados da visão humana dos personagens pelo narrador. Os personagens secundários foram agradáveis (o Nóbrega mostrou-se um pouco irritante, mas perdoa-se), e a história bem construída, principalmente o final, que acaba de uma forma melancólica. Não tão devastadora como alguns romances, mas ainda assim triste.

Enfim, é Machado, esperava o quê? Leia!
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Pâm 10/09/2023

Esaú e Jacó
Machado de Assis é sempre surpreendente. A releitura desse clássico me trouxe vários pensamentos. É impossível ler e deixa de encontrar novos elementos importantes. Nessa história confunde-se vida privada e vida pública, bem transparente a realidade brasileira, inspirada no século XIX entre a transição da monarquia para a República, mas muito atual ainda hoje.
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Sparr 02/09/2023

Não te atreva a entrar!
Esaú e Jacó é um livro que não costuma encabeçar elogios, mas eu gosto demais. A história principal dos irmãos gêmeos e de Flora não parecia ser totalmente o foco do autor à época de sua escrita. É o período do final do Império, início da República além das incertezas que sonhavam a vida no cotidiano, a abolição tinha ocorrido ali bem perto, os efeitos da sociedade escravagista engolindo as emendas e leis, as lutas e as diferenças, precisando aceitar obrigatoriamente pessoas escravizadas como pessoas, transformam a época em um daqueles núcleos que parecem prestes a explodir. Machado tece críticas à Lei do Ventre Livre, ao depois da assinatura da abolição, à maneira como a dita sociedade queria se passar por "melhor" do que homens e mulheres livres, antes escravos. A indignação por ver pessoas protestando, cheia de rancores e ódio ao reconhecimento de escravizados como seres humanos, trazem ao texto de Machado um ambiente onde todos parecem respirar pouco, esperando que o entorno exploda a qualquer momento.
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Os personagens secundários apresentam histórias sólidas e presenças firmes, de maneira que nos afeiçoam até mais do que Flora, Pedro e Paulo.
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Usa a relação entre os irmãos para construir ambiguidades que só essa obra tem. Uma dualidade muito peculiar, que beira o sinistro de tão parecido.
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Para mim, ele foi genial ao retratar a ambiguidade entre a sociedade que diz amar, mas rivaliza e pouca aceita no reconhecer de seus crimes contra seus próprios membros. Diz querer liberdade e se emputece quando acontece a minorias, aquela que briga por reconhecimento e nunca quer reconhecer. Por meio da rivalidade de nascença entre os irmãos, Machado deixa claro que somos nossos maiores rivais. Somos a face oculta de quem idealizamos ser. Somos o verdadeiro olhar, quando ninguém mais está olhando.
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Pode ser um desafio. Tem uma linguagem um pouco mais complexa e essa ambiguidade pode dificultar a atenção, mas vale demais a leitura. Livrão!!
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Arlindo.Ramos 25/08/2023

Esaú e Jacó
Estou lendo os romances de Machado de Assis em ordem cronológica em uma leitura coletiva. Esse em especial não me encantou. Muito chato.
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laurabs29 19/08/2023

Obra atemporal
M.A é maravilhoso, conseguiu escrever uma obra em que ele se conecta e dialoga com o leitor, ainda assim abordando tópicos tão presentes em nossas vidas até hoje. Livro ótimo, me surpreendeu muito.
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Gilda.Lima 15/08/2023

Uma leitura prazerosa e muito interessante. Finalizo os livros de Machado que me propus ler este ano com o coração quentinho e feliz, são obras primas que merecem toda a nossa consideração, vale cada minuto de leitura!
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Maria19642 12/08/2023

"Não, senhora minha, não pus a pena na mão, à espera do que me viesse sugerindo..."
Eu não posso dizer que fiquei cem por cento feliz com o final desse livro. Também não sei se era para ficar feliz ou triste, visto que a ambiguidade é o que deixa esse texto único. Como sempre, Machado de Assis soube fazer uma crítica social de uma maneira tão brilhante que me fazia parar de ler e voltar algumas páginas, gritando "Caramba, não acredito que tal parte significava isso" --- muitas vezes no meio da rua.
Para mim, a história dos gêmeos e Flora ficou em segundo lugar. Não foi o que me saltou os olhos dentro do livro, parecendo mais um detalhe. Não que seja ruim, pelo contrário, gostei de como a personalidade do trio foi trabalhada, bem como a rivalidade "de nascença" de Padro e Paulo permitiu que a obra terminasse não terminando, o que foi um impasse incrível.
O que me saltou aos olhos, entretanto, foi a forma como os acontecimentos históricos e os comportamentos do dia a dia foram sendo despejados em detalhes. A abolição da escravatura, por exemplo, não foi citada genericamente, mas também aconteceram menções à Lei do Ventre Livre e aos posicionamentos dos republicanos e dos monarquistas perante ela.
Flora, Natividade, Santos, Aires e Nóbrega foram os personagens que mais gostei. Talvez eles não sejam os mais corretos ou os mais "honestos", sim, senhor Nóbrega?, mas esses serão aqueles que me lembrarei primeiro quando falar de Esaú e Jacó. O engraçado é que esse grupo para uma constelação que giram em torno de dois dóis gêmeos, cada estrela com a sua lua e comportamento. (Não que eu acredite em signos, por favor)
Por fim, creio que o sentido central do livro não seja, de fato, centralizado. Ele é dividido entre duas pessoas, duas opiniões, dois narradores(o que foi uma jogada tão incrível que vou mandar um áudio pro meu melhor amigo detalhando) (não, ele não leu o livro ainda) e dois interesses. O protagonista, ironicamente, é um só. Porque ninguém me tira da cabeça que o Aires é quem é o dono desse pardieiro.
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Anderson 03/08/2023

Esaú e Jacó parece dispersar seu núcleo dramático um pouco mais que outros romances de Machado. É uma característica do Bruxo nos levar a digressões, sempre com alguma reflexão interessante. Se o enredo possa nos afrouxar um pouco a atenção na leitura, a linguagem precisa, as ironias de sempre e a capacidade de inspeção da "alma" humana continuam como em suas outras grandes obras.
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Katia.Borges 03/08/2023

Ler Machado de Assis é sempre uma boa opção
Você vai ler muitas opiniões negativas sobre Esaú e Jacó. Muitos leitores apostam que esse é o livro mais arrastado de Machado de Assis. Eu mesma posso dizer, as primeiras 30 páginas mal dariam um conto.
Por sorte que eu e a maioria dos leitores são na melhor das hipóteses, leitores medíocres.
E Machado é Machado: escreve como quem costura.
Ele dobra e desdobra a história dos irmãos gêmeos Pedro e Paulo. Alinhava um triângulo amoroso; borda uma mãe, um pai, uma tia, alguns vizinhos, um deles o Conselheiro Aires. Cinge-os ao cotidiano carioca e à política do início do século XX. É o fim do segundo império, o início da República. E o que parece ser só mais um romance atravessado pela crítica machadiana dos costumes, desdobra-se numa reflexão acerca da natureza ambígua do desejo. Mas não tomem essa interpretação como qualquer verdade sobre Esaú e Jacó. É só uma impressão pessoal que nada tem a ver com Machado de Assis. Eu também quando leio trago comigo minha caixinha de costura e muitas vezes, sem a permissão do autor, arrisco algumas agulhadas sobre o tecido.
Como no capítulo da tabuleta, onde lê-se as preocupações de um homem mediano sobre assuntos domésticos; eu, romântica clichê, transbordo numa definição sobre o amor: ?Só se ama verdadeiramente o inútil. O amor é um desperdício de sentidos?.
- Uhhaa acabo de furar o dedo com a agulha, quanto excesso meu Deus. Que Machado me perdoe!

Melhor, esqueça tudo o que dizem por aí sobre Esaú e Jacó. Leia-o por puro deleite. Apenas aprecie a escrita apurada e elegante de Machado de Assis. Construa sua própria impressão. Ou melhor não. No fim, vire a última folha, feche o livro, devolva-o à biblioteca ou esqueça-o no seu dispositivo de leitura digital. Você terá ganhado algumas horas do seu dia lendo Machado de Assis. Isso é muito!

#esaúejacó
#machadodeassis
#literaturabrasileira
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Lucas Rabêlo 31/07/2023

Grandeza dúbia
Obra da última fase de Machado, salta menos aos olhos que as anteriores de estima - Brás e Casmurro. Conduzida por um narrador testemunha, o conselheiro Aires, aflui como ego melancólico do autor: mantém-se a minúcia aguçadura, mas a comédia de ironias dos escritos de antes são substituídas por maior perspectiva social.

Pensado como título ?Ab ovo?, desde o útero, em latim, os gêmeos Pedro e Paulo são descritos como opositores desde a gestação. Tal qual os herdeiros bíblicos de escolha. Também farão parte das oposições do país em vias da alforria monárquica. Um a favor desta, o outro, republicano. A rixa parental ascende ao campo romântico, disputam o amor de Flora, que indecisa entre ambos.

Porém, a falta de desenvoltura dos irmãos em maiores detalhes pelo autor cede espaço a um criticismo quase inédito de Machado em escritos ficcionais, que são caracterizados neste através de seus atores secundários, em mães e pais e amigos, enquanto desvia para longe, quase à conclusão, concentração maior nas aventuras dos gemelares. Isto, no fim, não lhe descredita, mas arrefece a impressão consumada de sua prosa estabelecida pela agudeza. Aqui se estranha a sutileza.
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najuliass 05/07/2023

"Contadas todas as horas de agonia que tem havido no mundo, quantos séculos farão? Desses terão sido tenebrosos alguns, outros melancólicos, muitos desesperados, raros enfadonhos."
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Jonathan153 28/06/2023

Depois de três clássicos machadianos, Esaú e Jacó funciona como uma espécie de anti-clímax. Romance bem tedioso.
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Maximus.Machado 28/06/2023

Simplesmente, Machado de Assis
Enfim, termino um longo ciclo de leitura. Longo não apenas pela densidade da obra e a consequente necessidade de meditar as palavras para entender os tesouros presentes nas entrelinhas, mas também pela preguiça recorrente a adolescentes tentando iniciar uma vida intelectual.
Não foi um fim, senão um começo de uma nova jornada literária. O penúltimo romance do maior escritor da literatura nacional não poderia ser diferente: uma escrita mais leve do que suas obras anteriores, porém com vocabulário rico e preciosas figuras de linguagem; um romance que versa sobre diversos temas universais, a exemplo da antítese entre vício e virtude, o amor, a importância de se expressarem os pensamentos sem receio, além, claro, de trechos que carregam em si a sabedoria da vida, ensinamentos que muitas vezes só a literatura pode nos apresentar.
Incrivelmente, um romance publicado em 1904 - a mais de um século -, tendo por pano de fundo um triângulo amoroso (possível sátira às obras europeias da época, como "O Primo Basílio, de Eça de Queiroz), consegue versar não somente sobre a política externa do Brasil com Portugal e Inglaterra à época, bem como acerca da esfera política atual do país - o que, de maneira preocupante, demonstra a não evolução das noções políticas do povo brasileiro desde os tempos mais longínquos de nossa história.
Por fim, sigo esperançoso em busca de novas e mais profundas águas literárias, nas quais me lançarei sem medo. Afinal, como disse São Tomás de Aquino: "Se a meta principal de um capitão fosse preservar seu barco, ele o conservaria no porto para sempre".
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