Ricardo.Barroso 08/08/2022Clássico essencialHá pelo menos 20 anos ouço falar que essa é uma HQ clássica, que mudou a forma de se fazer quadrinhos. Agora, depois de finalmente ter lido (e com uma bagagem maior de referências), posso entender o porquê. É importante ressaltar que são duas histórias, escritas pelo mesmo grupo criativo, em momentos diferentes.
Cavaleiro das Trevas 1 (1986): Aqui não temos uma HQ tradicional de super heróis. Os personagens estão mais velhos (alguns já se foram), com marcas dos anos em sua forma física e também em sua psicologia. Nenhum deles é idealizado, todos são humanos com suas falhas, apesar dos superpoderes. Temos um Batman de meia idade amargurado, frustrado com o aumento da violência após sua "aposentadoria". Ele tenta retornar à ativa, mas será que agora ele é um herói ou um vilão? Temos um novo(a) Robin, muito mais fiel que os anteriores. Os vilões também envelheceram (coitada da Mulher-Gato...). Mas talvez o que chama mais atenção é o Superman retratado aqui, um "lacaio do imperialismo". A arte também é diferente dos gibis convencionais. Como os personagens já não estão mais em sua melhor forma, vemos seus rostos surrados e distorcidos. Conceitualmente trata-se de uma crítica ao conceito de super heróis estabelecido desde os anos 1930.
Cavaleiro das Trevas 2 (2001): Em termos de roteiro, essa história desfaz o que foi feito na outra, o que diminui muito a qualidade. Tudo é muito exagerado, até mais da metade eu não estava entendendo nada do enredo. A arte utiliza efeitos computacionais que ficaram bastante datados e o nonsense toma conta, às vezes tirando a seriedade (em certos momentos parece que estamos lendo alguma coisa tirada de revistas de humor, como a Mad). É possível entender que o objetivo maior era a crítica à mídia da época, como eram dadas as notícias, o que fazia sucesso na cultura pop, como os heróis eram vistos, mas fica tudo exagerado e repetitivo.
Enfim, mesmo que você não entenda ou não goste, acho que é essencial ler esse material que influenciou muita coisa nos quadrinhos.