Guilherme Ramos 17/12/2019
Profundo, o início da ascenção do Cristianismo e da igreja.
Resenha:
Continuação de Há dois mil anos dos, mesmos autores, 50 anos depois retrata uma era ainda de perseguição aos Cristãos, cujo cultos ao Deus único eram proibidos e quem era adepto dessa fé cultuava seu Deus as escondidas.
Embora Nestório seja a reencarnação do nosso querido Publius Lentulus (Emmanuel) como um humilde escravo cristão, a protagonista dessa belíssima obra é Célia, filha mais nova de Helvídio Lucius (reencarnação de Pompílio Crasso) e enamorada de Ciro, filho do escravo Nestório.
Com Célia, vamos perceber a ascensão da igreja católica primitiva e do crescimento do cristianismo já no primeiro século depois de Cristo, mesmo que ainda às ocultas. Vamos perceber também a notável evolução espiritual desse ser que nessa encarnação muito se dedicou as obras de caridade aos primeiros cristãos e auxílio na propagação do cristianismo, renunciando a vida de luxo e poder, renunciando a paixão do seu amado Ciro, a convivência com sua amada família e até mesmo sua própria identidade. Célia também praticava a cura espiritual aos doentes da época (médium de cura).
Embora os percalços, provas e expiações, Célia é guiada pelo único interesse de amor ao próximo servindo a Deus através dos seus atos, da fé na prática e sendo assim ela contará com o auxílio espiritual de Cnéio Lucius seu avô, Nestório e Ciro.
Em paralelo vamos acompanhando os outros personagens do livro também como suas provas e expiações, ilusões, armadilhas, paixões, ajustes e vinganças. Vamos acompanhar também o principio da fé e sentimento Cristão nascendo em alguns dos personagens mesmo, trazendo luz na consciência de uma nova era.
Conclusão:
Uma estória muito emocionante. Recomendo a leitura com cautela, pois o livro tem uma escrita muito rebuscada, exigindo maior atenção por parte do leitor, principalmente nos primeiros capítulos onde inicia-se um processo de transição na história dos personagens.
O livro chama a consciência do leitor a voltar seus olhos para Cristo, mesmo em época de trevas, em meio às perseguições e qualquer dificuldade nesse sentido, refletindo sobre colocar o amor em prática e despir-se dos sentimentos de orgulho, egoísmo e ganância, que tanto desviam os homens do seu processo evolutivo.
Embora não justifique os erros e equívocos da igreja católica nos séculos passados onde perseguiu o povo pagão de diversas regiões e países através das cruzadas e inquisição, é válido relembrar que o povo cristão nos primeiros séculos foram massacrados, perseguidos de forma violenta e humilhante e fica uma análise, seriam esses mesmos perseguidores os perseguidos da igreja há alguns séculos atrás? Não, o livro não vai falar sobre isso, é apenas uma reflexão. Mas, caso seja isso mesmo e os perseguidores foram os perseguidos de outrora é necessário quebrar a roda e esse ciclo só é definitivamente quebrado quando enfim alcançarmos a graça sublime do sentimento de amor ao próximo, o verdadeiro que vem do coração e da prática, muito além das palavras. Os primeiros cristãos sofreram muito para que hoje pudéssemos ter liberdade de culto da nossa fé e é válido relembrar que nem todo país nesse planeta de meu Deus possui o estado laico e liberdade religiosa e que estando nós encarnados em um país que tem o estado laico é uma oportunidade de crescimento espiritual ímpar, pois através da vivência de nossa fé é que respeitaremos a fé do próximo com amor e resignação.
A passagem do livro que mais me chamou a atenção foi sobre as colunas lactarias, onde as mulheres miseráveis, ou que eram sexualmente abusadas, ou mesmo as mulheres que cometiam adultério abandonavam suas crianças para outras pessoas pegar para criação ou simplesmente tornarem-se escravas quando não escolhidas por alguém. As colunas lactarias vieram alguns séculos depois a virar as famosas “rodas dos enjeitados”, adotada pela igreja católica, onde os bebês e crianças abandonados ficavam disponíveis até os sete anos de idade para adoção, passados esse período viravam criados serviçais da ordem religiosa, tornando na fase adulta, freis e freiras. Ironicamente foi a parte na qual me perdi no livro, tive que retornar algumas páginas para reler novamente, mas, reforço ainda assim foi a que mais me impactou.
Um romance fantástico, mal posso esperar para ler as duas últimas obras do Pentateuco: Renuncia e Ave Cristo.