Fernanda631 31/07/2023
O Herege (A Busca do Graal #3)
O Herege (A Busca do Graal #3) foi escrito por Bernard Cornwell.
Uma inesquecível aula de história. Um final surpreendente. É assim que Bernard Cornwell encerra a peregrinação de nosso anti-herói Thomas de Hookton pelo famigerado Santo Graal. Dessa vez, após um princípio de trégua entre ingleses e franceses, o Conde de Northampton determina que Thomas chefie um grupo de soldados, entre eles Sir Guillaume d’Evecque – que jurou lealdade ao conde inglês – a fim de sitiarem a fortaleza de Castillon d’Arbizon, localizada no extremo sul da França, na esperança de atrair Guy Vexille – primo de Thomas e assassino de seu pai – e encontrar mais pistas sobre o paradeiro do Graal.
Após a invasão do castelo, Thomas encontra, nas suas masmorras, uma bela mulher que está presa condenada à morte na fogueira por bruxaria. A mesma foi acusada de heresia depois de confessar-se, claro, sob terríveis torturas feitas pela Igreja. Imediatamente Thomas e Robbie (o prisioneiro escocês que tornou-se seu grande amigo) apaixonam-se pela herege, o que culmina em uma séria rixa entre ambos e que terá grandes e emocionantes consequências ao longo do livro.
Essa paixão desmedida faz com que nosso protagonista tome uma decisão que irá dividir todo seu exército: ele a liberta, absolvendo-a da punição. Por isso, o mesmo é excomungado e condenado ao fogo do inferno pela Igreja, tornando-se também um herege (daí o motivo do título escolhido do livro).
Cornwell continua nos presenteando com cenas épicas de luta tão detalhadas que as mesmas se passam em nossa cabeça como um filme. Novos personagens se juntam à busca da relíquia sagrada, embora sentirmos falta de saber do destino de outros.
Um fato interessante que aprendemos durante a leitura é que, embora inúmeras pessoas fossem condenadas à fogueira acusadas das mais variadas heresias, a Igreja nunca sujava diretamente suas mãos de sangue. Depois de excomungá-los, ela os entregavam ao poder civil que, de fato, encomendavam as almas dos infelizes.
Cornwell é um escritor que não poupa esforços em colocar seus personagens em constantes riscos de morte. Essas cenas tornam a leitura muito mais dinâmica e emocionante. As batalhas são memoráveis, as perseguições são de tirar o nosso fôlego.
As cenas de luta nos campos de batalha com flechas espirrando pra todos os lados; aquelas espadas e machados enormes partindo elmos e escudos ao meio; valentes guerreiros tentando romper muralhas de escudos, não se incomodando se vão sobreviver ou não; reis lutando ao lado de um exército bem menor do que o do inimigo, simplesmente pela honra de proteger o estandarte com o brasão de seu reino; homens tentando invadir castelos inimigos escalando as íngrimes paredes da construção e correndo o risco de serem escaldados com um banho de óleo fervente derramado do alto das muralhas. Tudo é intenso e essas cenas são do primeiro, segundo e terceiro volume.
Para piorar ainda mais o autor introduz a famosa Peste Negra – praga que assolou toda a Europa no século XIV e que dizimou milhões de pessoas – começa a fazer suas vítimas em ambos os exércitos.
Cornwell encerra sua trilogia da melhor forma possível, ensinando-nos muito mais sobre a Guerra dos Cem Anos do que nas enfadonhas aulas de História Geral que a maioria de nós tivemos na escola.