Van 09/01/2019Um livro essencialA leitura é um importante instrumento de conhecimento, lazer e saúde. Graças a ela, nos aproximamos de realidades que não teríamos oportunidade de conhecer de outra forma, temos a possibilidade de refletir sobre assuntos que são, muitas vezes, negligenciados pela sociedade como um todo, além de servir como companhia para todos os nossos momentos. Assim, para celebrar essa data tão especial, o dia nacional do livro (no Brasil), convidamos a todos vocês – nossos queridos leitores -, para conhecer a obra Fazendo as Pazes com o Corpo.
Atualmente, as redes sociais juntamente com as mídias tradicionais – tv, revistas, rádios; alimentam o imaginário popular com um padrão de beleza irreal, que sabotam diariamente a autoestima das pessoas e fazem muitas cometer diversas loucuras para se adequarem ao “socialmente aceito”, é o que conhecemos como a ditadura da beleza.
“Os grupos funcionam a partir de ideias partilhadas, da procura de modelos de identificação e de uma busca de liderança. Quanto menos críticos somos e quanto mais influenciáveis nos tornamos, maior é nossa tendência a acreditar que existe apenas uma maneira de ver a vida, e essa maneira é aquela ditada pelo modelo atual vigente. Vivemos em uma sociedade em que a imagem vem antes do pensamento. O que nossa sociedade atribui como valor é o dinheiro, a magreza e a beleza estética. Não podemos ser pobres, nem gordos, tampouco velhos. A ditadura da beleza nos impede até mesmo de envelhecermos, como se buscássemos corpos que não denunciam a mazela da finitude da vida.”
É nesse contexto que o livro publicado pela Sextante, Fazendo as Pazes com o Corpo, se faz imprescindível. Nele, a jornalista Diana Garbin, traz um relato cru e verdadeiro, de quem chegou ao fundo do poço e resolver dar um BASTA e tomar para si a rédea da própria vida. Para tanto, ela abdicou das autoagressões com as quais conviveu por anos – dietas radicais, remédios, cirurgias, entre outros – e buscou ajuda especializada; passando a entender melhor a própria doença, transtorno de imagem.
“A beleza é uma convenção, mas tendemos a aceita-la como verdade absoluta. E nos tornamos escravos dela, fazendo barbaridades para atender aos seus padrões.”
Podemos dizer que o livro é dividido em duas partes. Na primeira, acompanhamos a trajetória de vida da autora, com passagens sofridas, nos quais em muitos momentos nos vemos querendo abraça-la e a impedir que tome tantos remédios, desista das cirurgias e pare com as dietas que só mal fizeram. Aqui precisamos enaltecer a coragem com que a autora compartilha seus momentos pessoais mais difíceis e sua força interior em lidar com esse problema delicado, ao mesmo tempo que serve como esperança para milhares de pessoas. Já na segunda parte, Garbin nos conta como foi diagnosticada com o transtorno de imagem e as medidas tomadas para atenuar os sintomas da doença. Nesse momento, graças a experiência que ela possui enquanto jornalista, é apresentado ao leitor dados científicos e diversas entrevistas com pessoas especializadas no intuito de informar e esclarecer sobre os diversos transtornos alimentares que assombram a população – tudo com uma linguagem acessível e de fácil entendimento.
O livro mexeu muito comigo. Por trazer uma escrita de muita sensibilidade, de fácil identificação (se não consigo mesmo, não é difícil encontrar um(a) amigo(a) que esteja passando por uma situação similar) e por dar voz a uma “minoria” que sofre abusos cotidianamente e não sabe a quem recorrer – para você que está lendo essa crítica e sente sozinha, saiba que VOCÊ É MARAVILHOSA DO SEU JEITO, VOCÊ É ESPECIAL, ACREDITE.
O livro Fazendo as Pazes com o Corpo, da Diana Garbin, merece inúmeros elogios pela sua coragem em fazer de um momento difícil, algo pelo qual a sociedade possa refletir e discutir, com o intuito de resgatar a autoestima de milhares de pessoas que se sentem inadequadas e excluídas graças a um padrão de beleza criado socialmente. Leitura indispensável para todas as pessoas.