Biia Rozante | @atitudeliteraria 26/01/2018Maravilhoso...É impossível resenhar esse livro de maneira normal, sendo honesta é impossível resenhá-lo. Porque não se trata apenas de uma leitura comum, é um livro que toca, que esmaga, que inspira, ensina e nos leva a refletir, analisar e até compreender a importância de se prestar atenção sobre como se esta vivendo.
Não tem como negar que o mundo de hoje é voltado à imagem, as redes sociais estão cada vez maiores e mais presentes na vida das pessoas para provar isso. Foi estabelecido um padrão de beleza que convenhamos é praticamente inalcançável, enraizou-se a ideia de que bonita é a pessoa magra, alta, esguia e delicada, e que tudo que foge a isso é inaceitável. A cobrança, a exigência sobre manter a aparência perfeita é enorme e vem de todos os lados, na vida pessoal, dentro da família, na escola, no trabalho, na sociedade. Valoriza-se mais o que está por fora e se esquece do que realmente é importante... SER FELIZ.
Você já sentiu vergonha do seu corpo?
FAZENDO AS PAZES COM O CORPO é um relato, é o abrir de uma alma que enfrentou e amargou a dor de se viver sem controle sobre suas emoções, aprisionada dentro de si, com vergonha. É uma obra que fala sobre o respeito à adversidade, sobre respeitar o fato de que as pessoas podem ser felizes exatamente como são, porque se amam, se aceitam e estão satisfeita com suas aparências. É um grito de BASTA, de tomar as rédeas da sua vida, de recuperar o controle do seu corpo, da sua mente, das suas vontades.
É muito importante ressaltar que a autora não faz apologia à obesidade, muito pelo contrário, a mensagem que ela quer nos passar é a de saúde, paz, harmonia, EQUILÍBRIO, manter uma relação saudável entre o corpo e a mente. Aceitação, entender que você é linda como é. A briga com a imagem distorcida que se está enxergando no espelho começa muito cedo, de maneira inocente, praticamente imperceptível e vai muito além de números na balança. Não precisamos ser escravos do nosso corpo. Precisamos ampliar a visão e ter em mente que a beleza é subjetiva, abstrata e encontrada em todos os aspectos e qualidades.
"Precisamos reaprender a ser amáveis com nós mesmas. Com frequência somos gentis com os outros e cruéis conosco. Quantas vezes você disse a outra pessoa como ela é linda? Por que não consegue dizer a si mesma que é bonita,competente, forte, inteligente, que é suficiente? Trate-se com carinho, com compaixão, gentileza, amor, paciência, delicadeza, generosidade. Você não trata as pessoas que ama dessa forma? Então por que se trata com ódio, impaciência, rigidez? Você chamaria alguém de baleia, porca, gorda, preguiçosa, sem determinação, fracassada, incapaz de conter os próprios impulsos e se controlar? Teria coragem de fazer isso? Então por que faz com você?"
Não sei se essa foi à intenção da autora, mas Daiana Garbin oferece AJUDA ao entregar este livro. Ela nos faz refletir, analisar, pensar sobre o que estamos fazendo conosco. Nos faz compreender que muitas vezes estamos doentes e não sabemos. A dor é invisível, o desespero, a angustia, não fica visível. Não existe um único tipo de transtorno alimentar, não existe apenas uma doença emocional. Depende de cada uma de nós darmos o primeiro passo, ter coragem, força e determinação para pedirmos ajuda, para aceitar que temos sim um problema e que ele pode ser curado, mas que essa luta é constante, é diária e não é fácil, não é rápida, mas é possível.
"Queira ser você! Permita-se ser linda como você é. Queira ter a sua bunda, as suas pernas, o seu rosto e pare de pensar e verbalizar que eles são feios ou defeituosos. Sabe como vai aprender a gostar do seu corpo? Somente no momento em que aceitá-lo como ele é."
A minha vontade é de somente agradecer, chegar na Daiana Garbin e dar um abraço apertado, chamá-la de melhor amiga e dizer que a entendo, porque passo por tudo que ela relatou, porque também já fiz loucuras, já tentei ter anorexia, bulimia e até hoje choro, me tranco em casa e não me olho no espelho de corpo inteiro por vergonha do meu corpo. Há quem pense que isso é frescura, exagero, que basta emagrecer que tudo vai passar, mas não é só isso, não se trata apenas do peso, é muito maior, é mais intenso, é mais complicado. RESPEITE o próximo, RESPEITE as diferenças, se RESPEITE.
Precisamos aprender a nos amar, a amar quem somos, nossos corpos. Fuja desta obsessão, você é melhor do que isso, você é mais que um número, que um tamanho. Você é única e especial, não se deixe engolir por uma sociedade gordofóbica. Não seja cruel com si mesma. Não se maltrate. LUTE, GRITE, VIVA.
Independente do seu tipo físico, LEIA esse livro e esteja ciente que irá chorar, se emocionar e ter suas emoções embaralhadas. O prefácio da obra foi escrito pelo jornalista e marido da autora Tiago Leifert e está incrível, através de suas palavras podemos entender que o problema com a aparência, peso e essa luta não afeta somente quem enfrenta a doença, mas também a todos que estão a sua volta e verdadeiramente te amam.
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