Vidas secas

Vidas secas Graciliano Ramos




Resenhas - Vidas Secas


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Murruga 03/03/2013

Que livro...
Graciliano me impressionou com este livro. Seu modo seco de descrever a vida árida desses nordestinos, abusando de "expressões sertanejas" para mim, é o que torna este livro realmente brasileiro.

O livro nos conta a estória, fictícia não sei até que ponto, de uma família nuclear formada por personagens singulares que vive fugindo da seca do sertão e sonhando com uma vida melhor, uma vida grande. Fabiano é um pai rude, que passa a vida consertando cercas e domando animais; sinhá Vitória é a mãe dona de casa que cuida dos filhos, faz contas com sementes e sonha com uma cama de couro igual a do seu Tomás da boladeira; o menino mais novo admira o pai e as vezes tenta ser como ele; o menino mais velho admira a cachorra, que muitas vezes age como gente, diferentemente de seu pai; Baleia, a cachorra, é, para mim, o personagem mais emblemático da estória. O autor confere a ela características psicológicas e afetivas mais humanas que as dos outros personagens, basta ver que ela tem nome, os filhos não.



A leitura desta obra não foi para mim apenas parte de um hobbie. Em algumas páginas me sentia como um sertanejo de "alpercatas" ao lado de Fabiano, lamentando pela vida seca e me perguntando juntamente com ele: Por que não haveríamos de ser gente?

Como muitos já disseram antes, "não há como ler este livro sem sentir sede". Eu concordo. Me ví sedento muitas e muitas vezes durante estas páginas. Mas aí eu pergunto: Sedento de quê? De vida, com certeza.
Fran 03/03/2013minha estante
"O autor confere a ela características psicológicas e afetivas mais humanas que as dos outros personagens, basta ver que ela tem nome, os filhos não." Muito bem observado, só agora fui prestar atenção quanto a isto. ;)


Esdras Castiliano 11/06/2013minha estante
Deveríamos pagar para ler resenhas como estas.


Enrick 23/08/2013minha estante
Que bela resenha!


Júlia 02/02/2015minha estante
Deveríamos pagar para ler resenhas como essa (+1)


ricardo-rodrigues 10/02/2016minha estante
ótima resenha.


Bonfatti 28/07/2016minha estante
resenhas boas assim que me fazem utilizar o skoob.


Micha 05/10/2023minha estante
Que resenha! Parabéns


Gabriela2248 13/11/2023minha estante
Eu estou odiando esse livro


JosA225 28/12/2023minha estante
Uma das estórias mais tristes que já li.


Melissa814 11/03/2024minha estante
Quero muito ler, mas não estou conseguindo saber como, alguém pode me explicar?


liv.moreno 09/06/2024minha estante
@Melissa814 não dá pra ler no Skoob.


Maria.ingridi 24/06/2024minha estante
Meu amigo ,sua resenha está simplesmente magnífica!


Leila 20/10/2024minha estante
Até o próprio nome de Baleia é irônico, já que os dois animais se divergem tanto por a cachorrinha ser tão magrinha.




Regis2020 11/08/2023

A rudeza de uma existência desumanizada...
No sertão marcado pelas chuvas escassas, onde o descaso do governo é visível, seguimos uma família de retirantes que desloca-se constantemente em busca de uma existência menos árida e miserável.
A família é composta pelo pai, Fabiano; que quase não fala, não sabe que é branco e não sabe ler nem escrever. Sinhá Vitória, mulata esperta que sabia fazer contas com os grãos, Menino mais velho que queria saber ler e queria o significado da palavra Inferno. Menino mais novo, queria ser um vaqueiro como o pai. Cadela Baleia, a personagem mais humana que já vi.

O livro é dividido em 13 capítulos onde uma história sem linearidade é contada com quase nenhum adjetivo, a escrita seca, direta e econômica do autor narra, na terceira pessoa, a trajetória dessa família e com poucos diálogos nos conecta com esses personagens desumanizados pela seca.

Vidas Secas foi publicado em 1938, é um romance que retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos. A obra da segunda fase modernista, conhecida como regionalista é tida como uma das mais bem-sucedidas criações da época.

A história dessa família me fez sofrer por me conscientizar do grau de dificuldade que uma pessoa pode enfrentar apenas por não ter tido acesso à educação, é impossível não se comover com Fabiano se esforçando para organizar os pensamentos para se defender, sem, no entanto, conseguir externar sua frustração e revolta.
As crianças desnutridas, sem alimento sem carinho, tratadas com rudeza, os pais que foram tratados da mesma forma na infância repetem o mesmo tratamento sem compreender que podem ser diferentes. Toda a família sonha com coisas pequenas, acreditando sempre que; caso as tivessem, seriam felizes... Enquanto a cachorra Baleia sonhava apenas com um osso grande e com preás. Pobre da Baleia... coitada da Baleia. O capítulo dela acabou comigo.

Vidas secas nos leva para o sertão nordestino e nos mostra como a vida pode ser realmente dura e cruel.
Recomendo para todos essa leitura.
Fabianne 11/08/2023minha estante
Amo esse livro e suas resenhas


Gessyka.Loyola 11/08/2023minha estante
Resenha impecável e o livro é excepcional! ????


Cleber 11/08/2023minha estante
Adoro suas resenhas! Fico com vontade de ler todos os livros


Vania.Cristina 12/08/2023minha estante
Está na minha meta do ano. Esperando o momento certo, mas desse ano não passa.


Regis2020 12/08/2023minha estante
Obrigada, Cleber. Não vai se arrepender de ler. ??


Regis2020 12/08/2023minha estante
Obrigada, Gessyka. Esse livro é realmente excepcional. ?


Regis2020 12/08/2023minha estante
Obrigada, Fabianne. ??


Regis2020 12/08/2023minha estante
Espero que goste da leitura desse clássico, Vânia. ??


Max 12/08/2023minha estante
Livro maravilhoso, resenha incrível! ?


Regis2020 13/08/2023minha estante
Obrigada, Max. Também achei o livro maravilhoso.


Carolina.Gomes 20/08/2023minha estante
Preciso reler. Um livro q me marcou profundamente.


HenryClerval 04/09/2023minha estante
Amo suas resenhas, Régis! Quando lembro da Baleia...?


Regis2020 08/11/2023minha estante
Obrigada, Leandro!
A pobre da Baleia. ?




Nicole Pazzini 22/05/2024

Acho que jamais esquecerei do momento que estava lendo essa obra. Enquanto no livro se narra a seca, a falta de água e chuva, estamos em meu estado sofrendo a maior enchente da história, momentos em que eu fique receosa, alerta e ansiosa, com medo de ter que evacuar minha residência em face desse desastre climático. A leitura já havia sido iniciada antes de acontecer as enchentes e no meio do caos, eu estava lendo o oposto do que ocorreu aqui.

Enfim, sobre a obra, todos sabemos sobre a Baleia e no momento da descrição, eu pensei: ah, pensei que seria pior... só que meu Deus, foi pior, foi muito pior do que tudo que imaginei, foi doloroso demais para mim. :(

É um livro de fácil leitura que narra a história de uma família nordestina que está a fugir da seca, em busca de água e comida. No início eles já estão a perambular, mas depois de um tempo, a seca para e eles encontram uma fazenda para se instalar, porém pensaram de forma erronea que ela não tinha proprietário. De qualquer forma, ao aparecer o proprietário, o Fabiano (narrador), é contratado e a família passa a viver ali.
Porém, após algum tempo, o seca torna-se um problema novamente e ele acaba, ao fim, como no início. É triste os trechos em que Fabiano menciona que Sinha Vitória, sua esposa, sempre quis dormir em uma cama macia e no fim, ele entende que a possibilidade de esse desejo se realizar é quase impossível.

É uma grande obra, curta e que vale muito o tempo despendido, ainda mais para trazermos como reflexão: a falta de água afeta todos igualmente? Sabemos que não... mas qual o motivo?
Regis2020 22/05/2024minha estante
Realmente são duas situações contrarias que causam danos traumáticos, tanto o livro retratando a seca quanto a situação das chuvas no seu estado. Espero que tudo isso passe logo e que as pessoas possam reconstruir.

Tive a mesma sensação que teve com a pobre da Baleia, Nicole, foi doloroso demais.


Nicole Pazzini 22/05/2024minha estante
Vai e já está passando, tenho muita esperança na reeconstrução.

Muito pesado né? Eu fico muito mal quando animais morrem :( ainda mais da forma que ocorreu com a Baleia e tão detalhada como foi a cena


Margô 07/06/2024minha estante
Um livro pra vida! E nada é mais marcante do que a Cachorra Baleia...sou Nordestina, por aqui a seca já não é mais tão fa


Margô 07/06/2024minha estante
(continuando)... já não é mais tão fatal, mas meus pais e avós conheceram na pele esta tragédia... O Nordeste tem driblado as secas, mas ainda se passa por muitos perrengues por aqui!


Nicole Pazzini 07/06/2024minha estante
Muito marcante mesmo, eu não consegui conter as lágrimas e confesso que só de pensar, me dá uma bad.

Ainda bem que vocês conseguiram contornar essa situação de seca.


Margô 08/06/2024minha estante
Aprendemos a conviver...


Regis2020 08/06/2024minha estante
Meu pai era nordestino, Margô e me contava histórias que sua mãe e avós lhe contava. Ainda bem que as coisas melhoraram, mesmo que não completamente e não para todos igualmente.


Regis2020 08/06/2024minha estante
Também não contive as lágrimas, Nicole, é uma história visceral e marcante.


Margô 08/06/2024minha estante
Ôi Regis! Sim , sabemos que a questão das secas do Nordeste , não é um fator puramente climático, e que , o que precisava mesmo, era uma política de convivência com a seca. E foram estas estratégias de maior assistência , sem assistencialismo que nos converteu no povo que se percebe como criativos e persistentes , e não como sobreviventes!
A situação do RG do Sul, é uma tragédia sem comparação... Situações bem diferentes. Estamos de mãos dadas com os gaúchos...em oração, e solidariedade. Vida que segue!




Celestino 16/02/2021

Fala seca Obra seca Vida miserável
Tive meu primeiro contato com Vidas secas ainda no colégio, e foi o primeiro( e talvez o único) paradidático que eu de fato me interessei, não sei se por conta do fator regionalista dentro de mim ou por ser um livro mais "acessível" linguisticamente falando.

Então, a obra gira em torno de uma família sertaneja composta de cinco personagens em busca de um lugar pra se estabelecer e prosperar mesmo que minimamente. A trama se passa no início do século XX em um nordeste que sofre devido à fortes secas, ao abandono sofrido pelo povo nordestino no geral e ao coronelismo, muito presente também nas obras do Jorge Amado.

Graciliano expõe de forma direta toda a miséria dos retirantes nordestinos, desde a sua miséria financeira até a miséria emocional e o grande expoente de todo esse sentimento é o protagonista Fabiano. Ele é um homem extremamente bruto e ignorante que passa toda a vida servindo a senhores de terra e tentando existir no sertão. É incrível como o autor consegue exprimir o retrato do povo nordestino em uma personagem, um homem que apesar de desafortunado é extremamente resiliente e delicado por dentro, e isso vem a ser percebido nos últimos capítulos com a seu admiração pelas demais personagens, mesmo que de forma discreta.

Os filhos de Fabiano não possuem nome na história, mais uma vez mostrando que eles são apenas "mais uns" em meio a milhares de retirantes. Os diálogos entre as personagens são precisos, devido a toda a ignorância deles a comunicação é realizada muito mais por meio de grunhidos e expressões corporais do que por falas propriamente ditas. Apesar de eu simpatizar muito com o Fabiano devido a sua situação, acho que a personagem que mais me chamou a atenção foi a Sinhá Vitória, mulher inteligente na medida do possível e pilar da família, sendo em diversas vezes vista por seu marido como "uma pessoa de tanto juízo a marchar na terra queimada".

A forma como a cachorra Baleia é retratada também é de se admirar, a cadela mostra-se por vezes ser tão "gente" quanto os demais. Sua representação na obra é linda e sua importância crucial. Por fim, o final do livro é de fazer qualquer um chorar, e exprime a essência do que é ser nordestino. Vale muito a leitura
Davyd 16/02/2021minha estante
Ótima resenha. Faz tempo que quero ler esse livro mais ainda não deu certo. Vamos ver se arranjo um tempo agora. Valeu.

PS: Me lembrou "O 15" da Rachel de Queiroz.


Celestino 16/02/2021minha estante
Você vai gostar muito, e é bem curtinho, dá pra ler ligeiro. Tenho que ler "O 15" e "Grande sertão", vou tentar adiantar nesse ano ainda. Valeu pelo feedback Davyd ;)


Davyd 16/02/2021minha estante
"Grande Sertão Veredas" está aqui na estante, ainda nem tirei embalagem. Hahahaha. Outras coisas na fila. Mas estou super ansioso para lê-lo também.

PS: aguardando suas próximas resenhas. Tmj


Celestino 16/02/2021minha estante
Pois é, o meu tá guardado na estante também hehehe. Queria fazer uma leitura coletiva dele mas não tenho perspectiva nenhuma ainda.
Tmj meu amigo, próxima resenha provavelmente vai ser de um do Bauman ;)


Guga 20/02/2021minha estante
Oi, Celestino! Amei sua resenha, impecável. "Vidas Secas" é de longe meu livro brasileiro favorito. Tem um significado tão profundo para mim. As personagens apesar de serem tão introspectivas são extremamente complexas.


Celestino 20/02/2021minha estante
Valeu Guga, Vidas Secas é um dos meus favoritos também, gosto demais de livros regionalistas, ainda mais quando são daqui do Nordeste. Espero que goste das próximas resenhas também ;)


Bruna 03/03/2021minha estante
Amei a resenha! Li no finalzinho do ano passado e também me apaixonei.
Ps: Baleia é a verdadeira protagonista!?


Celestino 03/03/2021minha estante
Valeuu Bruna :))
Não tem como não se apaixonar né, é maravilhoso. Baleia é um amor mesmo. Obrigado pelo feedback ?




Fer Paimel 29/07/2022

Muito bom!!
Li alguns livros clássicos com a temática das ?agruras? da vida no sertão, mas Vidas Secas foi a história que eu mais gostei.
Os personagens têm muita personalidade, a Baleia então? a história é simples e muito bem narrada e é possível visualizar cada momento: a fome, a seca, a luta pela sobrevivência.
Com poucas páginas, Graciliano diz muito! Quantas pessoas são representadas nesse enredo? Gostei do texto de apoio no final também!!
Não entendo apenas como passei pelo ensino médio sem ler kkkk texto fundamental para entender nosso Brasil!
Joao 29/07/2022minha estante
A história de Baleia me traumatiza até hoje rsrsrs.


Alane.Sthefany 29/07/2022minha estante
Reli O Quinze
Quero ler Os Sertões: Veredas e Vidas Secas (que já li tbm)


O primeiro a publicar foi Euclides, com Os Sertões: Veredas, mas que o livro era muito difícil.
Depois foi Rachel de Queiroz, com O Quinze, bem mais acessível a escrita. E logo depois o Graciliano Ramos, com Vidas Secas, aliás, ele e Rachel de Queiroz se conheciam e discutiram sobre a obra um do outro.


Recomendo para você, caso não tenha lido ainda, Morte e Vida Severina, tem uma animação (ilustração) no YouTube tbm. Muito bom ?


Fer Paimel 29/07/2022minha estante
João, a história da Baleia é diferenciada mesmo kkkk acho que nunca tinha lido um personagem animal com tanta personalidade, eu sinto que a conheço kkk


Fer Paimel 29/07/2022minha estante
Alane, eu já li Morte e Vida Severina, muito bom mesmo!
O quinze li, mas não me envolveu muito? Os Sertões ainda não li, mas pretendo!!


Joao 30/07/2022minha estante
Fernanda, sinto que ela era a mais humana daquela família. Realmente dá pra sentir que a conhecemos hehehe


Fer Paimel 30/07/2022minha estante
Com certeza, João! No texto de apoio, foi comentado sobre a ?humanidade? da Baleia, como o autor foi feliz em fazer esse paralelo? eu amei!!




Gustavo.Romero 27/12/2018

Atual, muito atual...
"Vidas secas" é um dos livros que caiu na armadilha de sua fama: tão anunciado como clássico, ocupou o terrível lugar-comum dos leitores que nunca o leram e que reproduzem indiscriminada e acriticamente um pseudo-conteúdo do livro. Faço esse alerta considerando o número de leitores que declaram te-lo lido e o simultâneo horror que senti ao ler rapidamente as resenhas postadas. Comentários frequentes referem-se a um livro “chato”, do qual foram “lidas apenas algumas poucas páginas” e, mesmo assim, fora avaliado como “ruim”.
Pois bem, é dessa microcosmos de “leitores” que parto para considerar “Vidas Secas”. O método de escrita de Graciliano torna impossível avaliar suas obras sem que elas sejam lidas por completo, pois apresentam um formato cíclico – no caso de “Vidas Secas”, o ciclo é explícito, pois a família começa e termina a narrativa na condição de retirante (aspecto muito bem captado por Candido Portinari). A ideia de ciclo é representativa de uma das preocupações centrais do autor, a repetição da história e das mazelas sócio-políticas que afligem o país, especificamente, e a condição humana, de maneira geral. É essa a principal característica que é menosprezada por avaliações negativas da obra, que ao qualificarem-na rasamente como “chata” desconsideram justamente o que Graciliano está nos alertando – nossa incapacidade de reconhecer o Outro, de reconhecer o sofrimento cíclico de outrem. Não é apenas “chato” que eu viva confortavelmente enquanto um irmão morre de fome, é LAMENTÁVEL, é VERGONHOSO.
Por isso a obra de Graciliano torna-se continuamente atual: o problema do menosprezo pela condição rebaixada do Outro se torna tão mais urgente quanto mais tempo nos acomodamos em sua aceitação, e o quanto essa urgência atingiu seu ápice num ano em que escutamos pelas ruas que o “nordestino é vagabundo”, que “não basta dar o peixe, tem que ensinar a pescar”, que “o Nordeste que se empenhe em melhorar” antes de cogitar sentar à mesa com seus “parceiros do Sul”. Ora, bastava apenas ler “Vidas Secas” (de verdade, atentamente, sentado no sofazinho confortável sob a agradável brisa do ar-condicionado) para se ter um relato absoluto da depreciação de caráter a que chegou o ser humano. Essa depreciação, observe-se, não remete apenas à forçada abstenção material, mas à abstenção de ideia, à subjugação dos personagens do livro à sua própria incapacidade de pensar. Em tempos preconceituosos como vivemos, em que a culpa pelo descaso dos círculos de poder é atribuída à “falta de vontade” do pobre é de suma importância que lembremos porque Graciliano Ramos, assim como Machado de Assis, também é um “mestre na periferia do capitalismo”: quando morrer o bode expiatório de hoje (possibilidade bastante factível), a quem responsabilizaremos por nossa própria recusa do Outro?
Israel145 27/12/2018minha estante
Excelente resenha! Livros como Vidas Secas fazem mesmo parte de um imenso rol de livros resenhados por leitores fútil do tipo "não li e não gostei". Uma leitura que impacta qualquer um que o tenha lido de maneira séria.


Gustavo.Romero 27/12/2018minha estante
Sempre lembro do caso Mario Quintana ou Clarice Lispector, que o pessoal reproduz citações na internet que sequer lhe pertencem. Lamentável.


Thiago 27/12/2018minha estante
Israel, tem um comentário sobre o "Vidas Secas", aqui no skoob mesmo, que o rapaz diz: que tentou, tentou, tentou e tentou, mas parou na 30° página.


Gustavo.Romero 27/12/2018minha estante
Thiago, esse foi um dos comentários qur mais me chocou. 30 páginas não dão conta nem da descrição mínima do ambiente do livro.


Thiago 27/12/2018minha estante
Eu cheguei a dar umas "patatas" no autor dessa pérola, mas eu apaguei depois, não vale a pena esquentar a cabeça com isso. É melhor economizar ódio.


Israel145 27/12/2018minha estante
É uma pena essa alienação literária. Outro problema desse livro é que ele é associado a obra de vestibular e a maioria dos civis já tem um desprezo nato por livros assim.




Renata CCS 20/05/2014

Seca pela falta de chuva, de esperanças, oportunidades, justiça, respeito, educação e civilidade.

“Se a igualdade entre os homens - que busco e desejo - for o desrespeito ao ser humano, fugirei dela.” (Graciliano Ramos)

VIDAS SECAS conta a famosa história de uma família de retirantes impelida pela seca nordestina. Fabiano, monossilábico e rústico, grunhe e resmunga, não tem estudo algum. É branco, ruivo e de olhos azuis, e extremamente seco, A esposa, sinhá Vitória, é quem sabe de alguma coisa, e sua sina é almejar a estabilidade. Ela quer uma vida melhor e expressa isso no desejo de ter uma cama. São acompanhados pelos filhos, o menino mais novo e o menino mais velho. Não são atribuídos nomes aos meninos pelo autor, enfatizando sua total falta de identidade ou raízes. A cachorra Baleia, ao longo de todo o romance, sonha, sente alegria, tristeza e dor, ganha um belo e triste capítulo à parte. Cabe a ela o momento mais dramático da narrativa, e coloca sua “visão” com relação a sua condição humanizada.

Graciliano Ramos não trata apenas dos problemas da seca, ele apresenta as mazelas vividas por homens simples totalmente oprimidos pela natureza e pela sociedade. Estamos diante de um romance triste: cheio de tensões críticas entre o homem e o seu meio, um meio natural, hostil e seco. Muito seco. Mas o livro favorece uma excelente reflexão acerca do que é ser homem e de sua existência em um meio pouco favorável.

A linguagem utilizada é tão concisa e dura quanto é a história escrita. Há um traço pessimista, mas também uma tênue esperança. É uma prosa moderna muito bem delimitada: o romance traz uma concepção geral sobre o que é o Brasil em suas entranhas, suas riquezas e pobrezas, uma cultura própria e original do povo brasileiro. Graciliano Ramos não fez apenas uma literatura que aborda uma região do Brasil, mas a realidade como um todo.

Vozes deslocadas e sem ouvintes, seca e fome andarilhas, diálogos magros em gordas narrativas, onde tudo é ruína, perda. É assim que GR nos presenteia com sua obra e faz-nos encontrar um olhar crítico sobre o mundo que retrata. O livro é daqueles para ser lido e relido, para ser apreciado a cada frase, um livro que fica conosco para sempre.

Por esta obra única e por tudo que represente na literatura nacional, Graciliano é leitura indispensável!
DIRCE18 20/05/2014minha estante
Li há zilhões de anos essa obra, mas me recordo da atmosfera desumana que ela emanava.


Arsenio Meira 21/05/2014minha estante
Li, reli e estou quase "treslendo" por causa de sua resenha, que faz jus ao clássico exemplar literário e humano que Graciliano nos legou.
Abrços


Renata CCS 27/05/2014minha estante
Obrigada pelos gentis comentários, amigos skoobers!


LivreiroFabio 05/07/2014minha estante
Renata, vc também atiçou em mim a vontade de reler Vidas Secas. Mas me resguardo, é coragem e peito pra enfrentar a voz sem grito de Fabiano, que é jogado na vida e vai sendo guiado por qualquer coisa menos um instinto próprio.


Renata CCS 11/07/2014minha estante
Fábio, foi mais ou menos isso que aconteceu comigo. Peguei o livro para reler pq é um dos adotados pelo colégio onde minha irmã é professora. Como ele ficou "passeando" muito na minha frente, acabei sequestrando a obra por alguns dias.




Aquela que tá olhando pro céu 15/01/2022

"Agarrou-se a esperanças frágeis."
Tem gente que nasce em condições bem precárias. Sem acesso à educação, mesmo coisas básicas podem parecer um bicho de sete cabeças. O quão longe vai a marginalização de um espécime humano?

Em Vidas Secas, Graciliano conseguiu, de maneira bastante sensível e primorosa, revelar a realidade dura, cruel e pueril de milhões de brasileiros.

Destacou a maneira como o meio - tanto natural como social e cultural - é capaz de moldar uma pessoa. A precariedade e escassez do local onde a família retratada vive e desloca-se instiga neles um tino de sobrevivência bastante primitivo. Os personagens humanos às vezes agem de maneira semelhante à animais irracionais, pela sede - de sobrevivência, de carinho, de água.

A obra serve, também, como denúncia da penúria imposta pela sociedade a indivíduos incapazes de se defenderem. No último conto, ao narrar o desespero angustiante dos animais da fazenda, quase mortos, sem armas para defender-se dos urubus que avidamente queriam arrancar-lhes os olhos, o fluxo de pensamentos de Fabiano transferem a sua própria angústia e sentimento de fatalidade ao bicho. Era assim que o homem via-se: sabia ser inferior por não ter domínio da língua, não só escrita, como falada. Entendia-se como um bruto, pessoa de trabalhos manuais. As contas eram da esposa. A chiqueza, os livros, e a cama bonita era de pessoas como seu Tomás da Bolandeira.

Fabiano não contestavam a sua realidade cruel e subjugada. Achava natural a sua condição, coisa de épocas, e não via jeito de sair de situação como essa. Não via motivo de procurar melhorar de vida, nem meios. Isso porque o próprio homem nunca havia sido munido com pensamento crítico - não tinha meio de discordar de outros, mesmo quando profundamente sabia estar sendo injustiçado, simplesmente não podia defender-se - não sabia manejar a arma da linguagem e da sagacidade.

Sinhá Vitória, por outro lado, representa uma visão um pouco mais aguçada do mundo. Contestava, sim, o porquê de viverem assim, como animais desolados, sem lugar no mundo, e tampouco com dignidade. Ao longo da narrativa, é perceptível o fato de que, tendo meios de sobrevivência garantidos, o que antes bastava já não era suficiente. *Quando não se matava de trabalhar, conseguia perceber a situação insalubre em que viviam e dava-se conta do quão ávido era seu desejo de viver, de fato, não apenas sobreviver*. Ela sim, esperava uma mudança, nem que fosse para a próxima geração - seus filhos.

Afinal, "o mundo é vasto", repetiam, mesmo sabendo que, "para eles, o mundo era bem pequeno".

A narrativa do livro é bastante intimista, ponto para Graciliano. Ao longo da leitura, narrador confunde-se com personagem, de uma maneira deliciosamente bela. Cada conto/capítulo contém uma perspectiva diferente, tanto no quesito temporal quanto pessoal. Fabiano, sinhá Vitória, os dois meninos e - ênfase - a cadela Baleia, cada qual com os seus desejos, esperanças, medos e angústias, nos pintam um quadro realístico do sertão e de como é esta vida tão dura - e que não mudou muito nestes últimos 80 anos.

Por fim, a obra faz parte da segunda parte do modernismo brasileiro (a geração de 30), com características viscerais de realismo e naturalismo. Incrivelmente bem escrita. Linda. Linda.

E com o personagem animal mais bem representado que vi na literatura até então. O conto sobre a morte de baleia é das coisas mais sensíveis e tocantes que já vi em minha curta vida. Jamais vou superar o último desejo delazinha. Tão simples!
E tão belo.
Manuu 17/01/2022minha estante
Esse livro é uma grande pérola Brasileira e extremamente realista


Aquela que tá olhando pro céu 18/01/2022minha estante
UIIII


Aquela que tá olhando pro céu 18/01/2022minha estante
Falou tudo


Alice.Schelles 18/01/2022minha estante
Agora quero ler tbm! To com desejo de ler mais nacionais esse ano


Aquela que tá olhando pro céu 19/01/2022minha estante
Que legal, Alice! Faça isso. Tem muita coisa boa por aqui :)




maria clara 31/12/2023

Vidas secas
Mais um dos livros que eu li esse ano por causa da escola, então eu já não tava tão animada pra ler por ser mais uma daquelas "leituras obrigatórias", mas devo dizer que acabou sendo bem envolvente a narrativa!
a história em si é muito forte e triste de ser lida, é ainda mais impressionante vc pensar que isso acontece e com frequência ainda no contexto atual. esse livro é o puro caroço do naturalismo e o seu zoomorfismo.
como eu estudei sobre esse livro antes de ler, muitos pontos eu achei de extrema relevância inclusive; o fato dos filhos serem constantemente zoomorfizados e não terem ao menos um nome ? sendo chamados apenas de menino mais velho e menino mais novo ? é de tocar na ferida; em contraponto temos a cachorra baleia, um animal que é muitas vezes personificado, sendo considerado de fato gente da família.
o nome da baleia em si também é bastante instigante; nós conhecemos baleia como um animal enorme, com bastante massa, que vive no ambiente aquático. a baleia de graciliano é um animal pequeno e extremamente magro, que passa fome e vive na seca fulminante do sertão.
é triste quando vc para pra analisar os sonhos de cada membro também: a sinha vitória que sonhava em ter uma cama de couro; o fabiano que muitas vezes ficava deslumbrado com as palavras e tentava repeti-las sem sucesso, querendo que os filhos fossem homens inteligentes, que fossem à escola, diferentes do pai; o menino mais velho que também sonhava em conhecer um vocabulário mais amplo; o mais novo, tão inocente, que sonhava em ser vaqueiro como o pai, e por fim a cachorra baleia, que ao morrer, nos é revelado seu sonho de caçar preás livremente e alimentar sua família. sem palavras, não acha?
por fim, gostaria de dizer que algumas partes eu não compreendi muito bem por causa da escrita e do vocabulário do autor, mas esse livro me ajudou a compreender que o conhecimento pode ser usado de duas formas, tanto para o mal ou para o benéfico, assim como sua posição social, como é visto no soldado amarelo.
amei ler essa obra de graciliano!
JGuSoul 31/12/2023minha estante
Um dos livros que mais marcou durante o período da escola. Até hoje lembro dele as vezes.


Gabi 31/12/2023minha estante
Nunca tinha me interessado por esse livro, mas essa resenha foi tão boa que deu vontade de incluí-lo na minha meta de leitura! Parabéns ?


Ana 31/12/2023minha estante
Esse livro é um dos meus preferidos, as partes que você diz não entender muito bem, sobre o vocabulário, talvez seja por você não ser da região, pois o regionalismo é muito forte nesse livro. Há várias palavras que lemos e automaticamente lembramos dos mais velhos, nossos pais, avós, que sempre falaram e ainda falam daquela forma e de como foram sofridas suas vidas por conta da seca e isso deixa a leitura muito mais intensa. E mesmo assim, mesmo que a pessoa não seja daqui ainda é uma leitura muito dura, muito triste.


maria clara 31/12/2023minha estante
na verdade, eu sou do nordeste, baiana de salvador kkkkkkk! vc tem toda razão, esse livro tem bastante regionalismo mesmo. quando falo da escrita, quero dizer que algumas descrições ficaram um pouco nebulosas pra mim, mas não foram obstáculos pra acompanhar a narrativa de forma alguma. e concordo com vc, independente da nossa região, graciliano tem o poder de tocar nossos corações de forma definitiva


maria clara 31/12/2023minha estante
e gabi, muito obrigadaa! fico extremamente contente por saber que vc gostou da resenha e ainda mais por se interessar tanto ao ponto de colocá-lo na lista, vc não vai se arrepender ??




MD 11/06/2018

QUE LIVRO RUIM
li 30 paginas e larguei, sem condições de terminar essa mer@#. Tentei, tentei e tentei mas realmente não deu. flw
Rez_end_ 17/06/2018minha estante
N é um livro ruim, é um livro entediante


MD 22/06/2018minha estante
entediante e com uma leitura muito complicada. A cada 10 segundos tenho que usar o dicionário, não deu


MD 22/06/2018minha estante
entediante e com uma leitura muito complicada. A cada 10 segundos tinha que usar o dicionário, não deu mesmo pra terminar. cada linha lida era uma vitória


Rez_end_ 23/06/2018minha estante
Realmente é chato kkk


Rez_end_ 23/06/2018minha estante
Mas tem seus méritos




Fernando Lafaiete 11/06/2017

Vidas secas: "Um clássico seco e profundo que todos deveriam ler."

Graciliano Ramos é um dos escritores mais importantes da literatura brasileira e em "Vidas Secas" publicado originalmente em 1938, ele nos apresenta uma narrativa respaldada no realismo crítico.

Neste romance naturalista, acompanhamos a vida de uma família de retirantes composta por Fabiano (o pai), por Sinhá Vitória (a esposa), pelos dois filhos (o mais novo e o mais velho) e pela cachorra Baleia. Todos eles estão enfrentando a seca no nordeste e no desenvolvimento da história, vamos conhecendo personagens ocos e nos deparamos com uma escrita árida.

Diante da situação abordada no livro, Graciliano Ramos Humaniza a cachorra Baleia e animaliza o ser humano. Os personagens se consideram parte de um ambiente o qual eles não possuem nenhum tipo de influência para realizarem algum tipo de mudança em prol deles mesmos. Sendo assim, Fabiano ("o protagonista") se considera um animal que precisa "aceitar" a situação a qual se encontra e busca o tempo inteiro justificativas para entender o tratamento que recebe de outras pessoas; tidas como superiores à ele por ocuparem um espaço social melhor dentro da sociedade que ele e sua família fazem parte.

"[Fabiano] Vivia longe dos homens, só se dava bem com os animais. (...) Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia." p. 20

Diferente dos demais personagens; a cachorra Baleia é nos apresentada logo no começo do livro como uma igual. Em nenhum momento ela é retratada pelo autor como um ser irracional. Ela tem uma capítulo dedicado somente à ela, onde o autor demonstra toda a humanização desta personagem através de uma narrativa triste e racional, onde vemos todo o desdobramento narrativo através dos pensamentos desta emblemática cachorra.

É importante ressaltar, que tal capítulo não é somente genial dentro da minha análise pessoal, como é considerado por muitos críticos literários como um exemplo de perfeição narrativa. Este momento da história é emocionante e dificilmente não irá marcar quem decidir ler esta obra.

O título Vidas Secas é uma escolha mais do que acertada... A secura predomina toda a narrativa e se destaca também nos diálogos apresentados que são simples e secos. Mas a história não é predominada pela desesperança. Os personagens são sim ocos, mas possuem sonhos que se destacam dentro de uma história cheia de injustiças sociais.

Parece ser uma afirmação controvérsia, dizer que os personagens são ocos mas possuem esperança. Por isso é importante entender que os personagens apesar de serem animalizados, possuem desejos (sonhos) "pobres", que para muitos podem vir a não significar nada... Mas este nada significa muito pra quem vive em um ambiente rude e desesperador. Portanto, este vazio nos personagens se dá mais pelos seus comportamentos inativos predominantes em 95% do livro, do que pela falta de sentimentos.

Eu tinha a impressão que ao iniciar a leitura desse clássico brasileiro, iria me deparar com uma escrita arrastada. Mas me enganei, pois além da simplicidade que me foi entregue, devo frisar que a leitura é envolvente, fluída, reflexiva e passa longe de ser cansativa.

Assim como no clássico americano "O Grande Gatsby" onde o verdadeiro protagonista é o capital monetário que manipula os personagens. Aqui, nos deparamos com a seca, que é a grande personagem central da história e que realiza uma manipulação indireta/direta nos "animais racionais" que fazem parte desta obra. É esta manipulação que culmina no final mais do que esperado, mas muito bem escrito e realista.

O renomado autor também não deixa de fazer uma análise mordaz referente à inércia governamental mediante ao problema da seca que assola parte de nosso país. E utiliza dessa crítica mascarada para nos apresentar uma fala enigmática utilizada pelo "protagonista". Essa fala tem como objetivo (pelo menos foi o que eu entendi) frisar que o sistema é muito difícil de der derrotado e que portanto, para muitas pessoas em posição inferior economicamente, só resta se contentar com o mesmo. Pois como o próprio Fabiano diz: "Governo é governo!"

Vidas Secas é um livro enxuto, mas que difere de sua principal característica narrativa. Pois ao terminar a leitura deste livro, fica claro que o vazio está somente nos personagens e na escrita. Pois a crítica realizada pelo autor é tão palpável e atual que o vazio passa longe da reflexão final que o escritor deixa para o leitor.

A vida é dura, mas essa dureza jamais deve se sobrepor a esperança que temos dentro de nós. Pois a rudeza e a esperança caminham lado a lado, basta encontramos o equilíbrio para sempre corrermos atrás dos nossos sonhos.
Vitorugo 11/06/2017minha estante
Maravilha de resenha! Maravilha de obra! Uma das mais envolventes que já li. Parabéns pelo texto fiel e, semelhantemente à obra, nada cansativo!


Mel 11/06/2017minha estante
Um dos meus livros favoritos. Graciliano tem uma forma singular de escrever. Adorei a resenha, parabéns!


Fernando Lafaiete 11/06/2017minha estante
Fico feliz que tenham gostado da resenha. Esse livro é realmente fantástico!! S2


Felipe Guilherm 12/06/2017minha estante
Excelente resenha!!! Ao lado de Guimarães Rosa e Clarice Lispector, Graciliano é um dos deuses da nossa literatura. A secura de seu texto nos leva ao semi-árido nordestino, ao sofrimento do retirante, obra fundamental para se compreender o Brasil. Trabalho com meus alunos do terceiro ano do ensino médio, é um desafio muito gratificante!!!


Fernando Lafaiete 12/06/2017minha estante
Obrigado João... esse livro será pra sempre um que vou morrer indicando! :)




Rodrigo1001 26/02/2023

Que haja preás no céu! (Sem Spoilers)
Título: Vidas Secas
Autor: Graciliano Ramos
Editora: Record
Número de páginas: 174

Pertenço à geração que se viu obrigada a ler os clássicos nacionais por pura pressão escolar, e, mais tarde, por compromissos acadêmicos. Tal obrigação desencadeou um grande efeito colateral em mim: um ranço espesso, grudento e crescente pela Literatura Brasileira, totalmente eclipsada pelo ônus da imposição.

Anos depois, já adulto, resolvi mudar essa perspectiva e, embora muito a contragosto, decidi revisar algumas destas obras.

Comecei com Dom Casmurro e O Ateneu. Avancei para Capitães da Areia, Incidente em Antares, Tocaia Grande, Memórias Póstumas de Brás Cubas, A Morte e A Morte de Quincas Berro D’água e assim por diante.

Pois imaginem o meu espanto ao constatar, completamente deslumbrado, a riqueza desses livros, dos nossos autores nacionais! Todo o ranço caiu por terra! Adulto e amputado das obrigações, só restaram prazer e encantamentos!

Dito isso, de alguma maneira, confesso que Vidas Secas me escapou pelos dedos e pelas obrigações, de modo que este foi o primeiríssimo livro de Graciliano Ramos a pousar em minhas mãos.

A reação? Precisei de duas coisas: de 5 páginas para me ambientar ao estilo de escrita do autor e de um celular para pesquisar termos que nunca ouvira antes.

O resultado? Uma miríade de sentimentos diante de um texto riquíssimo em críticas sociais.

Todo o livro, assim como o título já profetiza, é seco. A miséria extrema, as dificuldades, o analfabetismo, a opressão, a pobreza, o isolamento; tudo contado por uma escrita sofrida e trabalhada, tudo se combinando para jogar o leitor no âmago das agruras dos personagens. É a realidade versus o sonho, o homem que era bicho e o bicho que era homem.

A única umidade veio do capítulo intitulado “A Baleia”. E não foi das páginas, caro leitor, mas sim dos meus próprios olhos...

Pra finalizar, só digo uma coisa: leia. Vidas Secas é curto no tamanho, mas gigante no conteúdo.

Por fim, espero que existam muitos preás no céu....

Leva 5 de 5 estrelas.
edu basílio 26/02/2023minha estante
linda resenha rods. também o li "para fazer prova de literatura", há 300 anos, no ensino médio, e talvez eu precise também revisitar esse clássico já adulto (quase velho). "são bernardo", único outro do graciliano que li, me causou um profundo impacto (a despeito de ter sido "obrigado" por algum exame vestibular; eu já estava um pouquinho menos jovem...).


edu basílio 26/02/2023minha estante
linda resenha rods. também o li "para fazer prova de literatura" no ensino médio, há 300 anos, e talvez eu precise também revisitar esse clássico, agora estando 'cronologicamente maduro'. "são bernardo", único outro do graciliano que li, me causou um intenso, profundo impacto (a despeito de ter sido "obrigado" por algum exame vestibular, há uns 250 anos -- eu já estava um pouquinho menos jovem).


edu basílio 26/02/2023minha estante
linda resenha rods. eu o li "para fazer prova de literatura" no ensino médio, há 300 anos, e talvez precise também revisitar esse clássico, agora estando 'cronologicamente maduro'. "são bernardo", único outro do graciliano que li, me causou um intenso, profundo impacto (a despeito de ter sido 'obrigado' por algum exame vestibular, há uns 250 anos -- eu já estava um pouquinho menos jovem).


edu basílio 26/02/2023minha estante
linda resenha rods. eu o li 'para fazer prova de literatura' no ensino médio, há 300 anos, e talvez precise também revisitar esse clássico, agora estando 'cronologicamente maduro'. "são bernardo", único outro do graciliano que li, me causou um intenso, profundo impacto (a despeito de ter sido 'obrigado' por algum exame vestibular, há uns 250 anos -- eu já estava um pouquinho menos jovem).
PS1: ainda se lê para fazer prova de literatura no ensino médio?
PS2: ainda se lê no ensino médio?
PS3: ainda se lê?


Rodrigo1001 27/02/2023minha estante
Obrigado, Edu! Sabe que fiquei curioso e fui perguntar aos meus sobrinhos? Sim, o colégio ainda pede leituras obrigatórias. O bom é que ambos puxaram o tio babão aqui - logo, são leitores ávidos e interessados (além de lindos, claro)... :-)




Bebella 29/08/2021

Crítica social
Sem dúvidas, pelo menos para mim, não é um livro simples de ler e compreender cada ideia que o autor está querendo nos passar, mas depois de ver algumas análises também, afirmo quão profundo e comovente esse livro é.

A história é sobre uma família de quatro pessoas e um cachorro, se inicia com eles vagando pelo Sertão em plena seca, sem moradia, comida e água. A escrita de Graciliano deixa claro todo o sofrimento deles, quão próximos da morte estão. Mas uma luz no fundo do túnel se acende no final do primeiro capítulo e uma vida nova começa a ser construída, mas a estabilidade é algo distante para essa família.

Muitas injustiças ocorre no livro, Fabiano (o pai) passa por acontecimentos que faz você refletir sobre a sociedade de hoje em dia e os direitos garantidos a cada um. Porém, o que mais me comoveu foi saber o sonho de cada um e a dificuldade de alcançá-lo, saber que eles almejavam coisas tão simples mas tão distante deles.

O livro é interessante para quem quer conhecer mais da literatura brasileira e ainda é pequeno, acho que todos deveriam pelo menos tentar ler.
Pazini 31/08/2021minha estante
CARACA VÉI PIREI


Pazini 31/08/2021minha estante
DEPOIS EU QUEM CRÍTICO MUITO BEM


Pazini 31/08/2021minha estante
Olha pra vccccc


Bebella 31/08/2021minha estante
AAAAAAA????




Kaupert 26/06/2020

Ainda bem que acabou
Eu esperava muito mais! O tema é muito interessante porém a narrativa é um inferno, muito insuportável! Motonia reina, meu sonho era chegar logo no final!
Dei uma estrela pelo título ( brincadeira kkkkkk )
Leitura e . 26/06/2020minha estante
Oii... Boa noitee/madrugada..Tudo bem?... Desculpa por interromper sua leitura, mas gostaria de te convidar a me seguir no Instagram para acompanhar minhas leituras... te espero lá...?
Obrigado.
@leituraeponto


Lore 26/06/2020minha estante
A narrativa é arrastada e as vezes cansativa, exatamente como a peregrinação de Fabiano. Que pena que você não gostou. =/


Gabriela.Tardin 26/06/2020minha estante
Kkkk acho muito chique quem consegue terminar esse livro, sempre abandono ele


Tifanniy 26/06/2020minha estante
Tentei ler mas simplesmente não fluiu, mas tentarei novamente. Mas a narrativa e bem arrastada mesmo. Acho que este foi o motivo de eu desistir.




Pazini 28/08/2021

Vidas Secas- um livro que não pode faltar na sua estande
Já faz um tempo que queira ler essa obra por diversas indicações, e por ser um clássico da literatura brasileira. O livro superou minhas espectativas por ser emocionante, impactante, de fácil leitura e com ótimas personagens. Confesso que mudei muito minha concepção a respeito do sertanejo brasileiros principalmente porque o livro me mostrou que os eles não saem de suas terras em busca de um sonho melhor de vida, mas por uma questão de necessidade, o sonho é simplesmente uma recorrência, revelando uma total inversão dos valores sociais que temos no senso comum. Portanto indico a todos, leitura realmente indispensável.
Bebella 29/08/2021minha estante
Carai


Bebella 29/08/2021minha estante
Que final lindo??????


Bebella 29/08/2021minha estante
Já falei que vc crítica muito bem????


Pazini 30/08/2021minha estante
Acho q sim ?




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