Piter 25/02/2022
O ESPETÁCULO É SANGRENTO MESMO, GENTE KKKKKK e CRUEL
PREMISSA: depois da chacina na sede da Igreja Vermelha, Mia é precocemente posta em várias missões, até que surge um contratante misterioso, e ela é obrigada a ir atrás dele. Para sua surpresa, uma figura traidora aparece, mas também revela segredos sobre o Ministério de Niah que colidem com sua vingança. Para driblar as leis da Igreja, Mia se vende como escrava, indo lutar nos campos de batalha dos Gladiatii, inserida na estirpe do colégio Remus (falcões).
OPINIÃO: se o primeiro livro era perfeito, este é a própria definição da perfeição. Todas as qualidades de Nevernight são melhoradas em Godsgrave desde a primeira linha. Fiquei receoso com o plot dos Gladiatii porque ele dava a impressão de que os acontecimentos do volume 1 tinham sido em vão. Estava errado; novas e velhas informações são usadas de modo coeso. Não tenho palavras para descrever o quanto essa história é incrível. Sem dúvidas, o segundo volume superou seu antecessor e aprofundou ainda mais o clima sombrio/sanguinolento das Crônicas de Quasinoite. Plus: ele ainda é mais rápido de se ler, porque a trama segue frenética a quase todo instante.
Para este segundo livro é necessário ir preparado: mais ação, mais personagens, mais sangue (MUITA TRIPA ROLANDO, MUITAS VÍSCERAS CAINDO, TÔ FALANDO!), mais mortes (SÉRIO, MORR4 GENTE DEMAIS!!!!! e GENTE IMPORTANTE PRO ENREDO!) e mais reviravoltas (a parte 3 de dá no mínimo CINCO tapas de arderem na alma, um atrás do outro. Eu tô bobo até agora). Coisas que já pareciam sólidas para nós tomam rumos chocantes, de cair o c4 da b4nda. A história de Mia e seu passado encontram respostas terríveis para lacunas que NEM ELA sabia da existência!
Novamente, o autor acertou em todos os sentidos. Personagens sensacionais; destaques para Dona Leona, Furian e Larva. A ambientação é impecável — a inspiração na Roma Antiga fica mais clara, principalmente com essa vibe de gladiadores e a política podre. Temos de novo uma protagonista cinzenta repleta de camadas, contradições e desafios. É uma Mia Corvere amadurecida, ponderada, de esperteza assustadora e mais fria. O humor outra vez encontra voz nas falas sarcásticas do narrador nos rodapés, além dos animais de sombras brigando o tempo todo — ficou meio repetitivo depois de um certo tempo, admito.
Godsgrave, tal como Nevernight, tirou tudo de mim! A narrativa me esgotou, arrancou do meu peito todas as emoções possíveis. Me deixou surtado, em cólera, deprimido, atordoado, espantado e às vezes de coração quentinho. Saio dessa leitura com a certeza de que ela foi feita especialmente para mim. Saio sem ter como me expressar, entorpecido pelas palavras, pela escrita visceral e sedutora. Saio querendo um gostinho a mais, pronto para devorar Darkdown o mais rápido possível.
"Escuta-me, Niah. Escuta-me, mãe. Esta carne, o teu banquete. Este sangue, o teu vinho. Esta vida, este fim, minha oferta a ti. Leva-a para perto de ti".