spoiler visualizarLaura4590 30/04/2023
Godsgrave: o espetáculo sangrento
Mãe Negra, pelos dentes da Fauce, que livro bom. Começou morno, bem arrastado. Foi entediante até os vinte porcento, e o que agravava a situação era o estilo de escrita do autor, que é bem complicadinho, o que deixa difícil de engatar mesmo na história. Ele usa muita distorção da linha do tempo, e as notas de rodapé engrossam muito o conteúdo caso você queira acompanha-las.
Foi difícil até meados dos trinta porcento, mas depois, engoli o livro que nem água. Esse livro é ótimo porque o autor não tem pena nem da protagonista nem do leitor. Quando a protagonista está atolada na merda até o pescoço, o autor vai e caba um buraco mais embaixo. E NENHUM conflito se resolve até o último ponto final do livro, na verdade, só piora ao longo do livro, pra ?resolver? no final.
Os relacionamentos que esse livro estabeleceu foram bem importantes, já que a Mia não tinha um aliado que prestasse até agora. Achei muito boa a aproximação dela com o restante dos Falcões, e o plot de traição dela me deixou muito em choque, para depois mostrar que ela na verdade não iria trair ninguém. Uma jogada de mestre do autor para me fazer soluçar de chorar atoa?
A relação dela com o Furian foi bem legal, porque trouxe uma visão maior do que eram
os sombrios, já que o Cassius foi um bosta que não falou nada com merda nenhuma. A cena da morte dele trouxe uma palhinha boa do que a Mia vai enfrentar por aí.
Agora vamos a melhor parte. Ashlinn. Honestamente, o romance das duas era inevitável. Não tinha espaço para a Ashlinn como aliada da República, eu não enxergava como isso aconteceria se sua traição já tinha sido revelada pelo narrador logo no primeiro livro de uma trilogia. Eu sabia que ainda dava tempo durante a saga para ela mudar de lado de novo, era só questão de tempo. Gosto muito do que representa as duas estarem juntas. A Mia passa a reconhecer mais o lado bom das pessoas, e passa a perdoa-las, porque vamos aos fatos, Mia queria fazer birra sobre a Ashlinn, mas as duas são farinha do mesmo saco, e talvez a Corvere seja até pior, então não tinha motivo para esse pandemônio. Mia reconhece isso, e finalmente percebeu que não está na posição de julgar muita gente.
Mia passou a conhecer melhor o campo de relacionamentos e de conexões, já que, se ela quiser vingança, vai ter que ter aliados.
Agora, vamos ao final do livro. Alguém ficou surpreso? Porque eu não fiquei nada. Sinceramente, se o objetivo da saga é concluído em dois livros, não havia porquê ter um terceiro. Não surpreendeu ninguém o fato do Scaeva não ter morrido, até porque vaso ruim não quebra nem a tiro, e, aparentemente, nem a facada. Mas vamos para algo que foi de fato surpreendente nesse final. FILHA DO SCAEVA, A MIA É FILHA DA 🤬 #$%!& DO SCAEVA. Ainda não superei isso.
Esse final colocou em cinzas a imagem de heróis que a Mia tinha dos pais, o que foi essencial pra encorpar a vingança e personalidade dela. Às vezes, lendo esses livros, nós tentamos dar um olhar melhor para o vilão da história, mas essa é a parte melhor do livro, o autor deixa claro que essa vilã não merece ser vista como boa. A Mia, no fim, só é vazia sem a vingança dela, e ela sabe disso, e mesmo agora que ela sabe que a revolução Faz-Rei não tinha nada de nobre na causa, ela continua insistindo em vingar Darius, mesmo que agora ela saiba que nem ele nem a esposa eram pessoas boas.
Agora, Mia não tem mais nobres motivos para sua vingança, só continua porque não sabe o que é sem ela. Amei isso no livro, porque não deixei de gostar da Mia por ser egoista e mesquinha. Mia não precisa ser boa para que gostemos dela, e nem precisa de motivos ou justificativas para fazer o que faz. Ela tem mais coragem do que escrúpulos, e isso é incrível nessa protagonista.
Amei o livro. O narrador não é nada confiável e não deixa a mostra os planos da protagonista, o que nos deixa cada vez mais surpresos conforme os capítulos passam. Ele empilha cada vez mais problemas e pressão sobre a principal, e da um jeito de Mia matar todos os coelhos em uma cajadada só. Cada morte teve um peso inexplicável para a protagonista, mesmo ela sendo ?fria sem coração?. Ele acumulou uma tensão o livro todo, apenas para diluir todas que não eram o conflito principal, que ainda é a morte de Scaeva. Agora, uma tensão extra reside no fato de que o conflito não acabou, e que o adversário está ainda mais munido das armas que precisa para o confronto, com Scaeva e a Igreja reunidos.
Agora, Mia tem que se preparar para enfrentar uma ceita de assassinos e o Imperador de Itreya, com o conflito da coroa da lua ainda à espreita. Uma situação assustadora, que daria medo em qualquer um, mas claro, é Mia Corvere.
Não trema, não tema e nunca jamais esqueça.