Geek Love

Geek Love Katherine Dunn




Resenhas -


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Paola66 22/04/2019

Ascensão e Queda dos Binewski
O final deste livro me deixou com uma sensação de desolação, abandono.

Me pareceu durante toda a leitura que Katherine Dunn já sabia, desde o início, que fim os Binewski levariam, encaixando pequenas dicas ao longo da história.
É o tipo de livro que te agarra e te envolve, fazendo com que você sinta a história junto com os personagens e se desespere com/por eles

Uma leitura prática, com timing perfeito entre os capítulos que se passam no presente e no passado, com a utilização também de "recortes de jornais e cadernos", que ajudam a dar um pouco mais de realidade para a história.

Mesmo lamentando muito, achei o final justo e esperto. Não é um livro para todos.
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Nathan 20/04/2019

"ME FEZ SENTIR VERGONHA DE SER TÃO NORMAL" - Terry Gilliam
Simplesmente um dos melhores livros que já li na vida. Fala de tantas coisas ao mesmo tempo que é impossível resumir tudo não sendo medíocre.

Normalidade e deformidade, incesto, culto, o universo circense, amor e ódio, e principalmente família e a complexidade do ser humano, são algumas coisas que esse livro maravilhoso fala sobre.

Além da história espetacular,extremamente original e criativa, a escrita é excepcional!

Não hesite, leia. Perfeito!
Duda 29/04/2019minha estante
Vi que você citou Terry Gilliam. Gosta de Monty Python? ;)




LewA.Alves 19/04/2019

Fantástico
Finalizei Geek love hoje mesmo, e queria dizer que foi um dos (se não o) melhores livros que já li em minha vida! O livro tem o passado e o presente, cada capítulo digamos que . uma idade da protagonista, uma vivência, e o que está levando a ela daquilo.
Uma escrita diferente e ousada, a parte da Olympia adulta eu não gostei muito, mas a hist enquanto conta dela criança/adolescente, é incrível, a relação dela com os irmãos aaaaa
As últimas 100 páginas foram incríveis, me assustei com aquele "plot", um dos melhores que li (pelo menos o que me assustou)
Recomendo muito!
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et 11/04/2019

Um livro surpreendente
Posso dizer que o sentimento que o livro passa é depressivo.
É a história de uma familia circense - mas cada filho tem uma deformidade física (gemeos siameses, anoes deformados, guelras, etc).
Além das caracteristicas físicas existe uma degeneração moral, psicológica e afins. Na verdade creio que as deformidades físicas foram colocadas
para que o leitor não se atente a parte psicológica até estar 'enredado' demais para desistir
O enredo é até bem construido, Uma dose certa de passado e presente, sem ser chato demais. Tem um bom andamento e a conclusão, apesar de
ser óbvia (pelo menos no que se refere á personagem central) é interessante. Os fatos pretéritos foram uma surpresa no entanto.
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Yasmin675 25/03/2019

E se eu fosse realmente um monstro?
Uma dose de bizarrice aqui, uma dose de humanidade ali, uma colher de humor e uma xícara de complexidade. A receita de Katherine Dunn para a escrita de Geek Love foi infalível e rendeu um livro belíssimo, repleto de personagens incríveis e com uma escrita deliciosa e viciante.
Coisas banais se tornam intrigantes quando postas na perspectiva dos Binewskis, e nas palavras de Terry Gilliam: "Me fez sentir vergonha de ser tão normal".
A verdade é que embora sejam tão diferentes, os Binewskis possuem um lado assustadoramente humano e uma fraternidade imensa e linda (embora meio assustadora). Seu universo gira em torno da família e do circo, e ver como essa família aumenta e se renova a cada parada é instigante e deixa um gostinho de quero mais.
Cada capítulo que se passa é um tiroteio de acontecimentos e bizarrices que sempre superam os anteriores. Em termos de aparência, o livro é todo lindo e instiga o leitor a comprá-lo só pela capa.
O que realmente me impressionou foi ver a evolução de Oly ao sair de um estágio de pura inocência até um ponto onde sua força de vontade era tão grande que ela estava disposta a passar por cima de tudo e todos para provar seu valor.
Geek Love desconstrói a concepção de que o diferente deve ser julgado e isolado, questiona os limites da normalidade e aborda uma série de temas considerados polêmicos, o livro também serviu de inspiração para muitos artistas e com certeza entrou na minha lista de favoritos.
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Alexandre.Fernandes 17/03/2019

Subvertendo a normalidade
Os freak shows (ou shows de bizarrice, em bom português) fazem parte da cultura norte-americana. Vários livros, filmes, quadrinhos e séries de tv exploraram este universo. Um dos expoentes mais famosos é o filme Freaks, de 1932.
O livro de Katherine Dunn é outro expoente deste universo, considerado fonte de inspiração para artistas como Neil Gaiman e Kurt Cobain.
Trata-se da história da família Binewski e seu circo, um freak show itinerante, que percorre todo os EUA.
Narrado em primeira pessoa pela personagem Olympia, acompanhamos a trajetória desta família desde a sua formação, como o casamento de Al e Lil Binewski e a decisão deles de formar o próprio circo, gerando filhos geek utilizando produtos químicos na gestação.
Desde sua origem até ascensão e queda, o livro apresenta a família Binewski e subverte a noção de normalidade. Afinal, para os geeks, bizarro é ser normal, não ter nenhuma anomalia, ser comum e ordinário, igual a todos os demais.
A personagem Oly apresenta a trajetória da família ao mesmo tempo em que, numa narrativa em tempo presente, monitora e procura cuidar da filha Miranda, que foi entregue aos cuidados de um orfanato e não faz ideia da sua origem.
Por conta disso, a narrativa é um pouco irregular. Em certos momentos há um espaço muito grande entre as narrativas no tempo passado e a do tempo presente. Ao mesmo tempo, são inseridas as observações de personagem secundário a trama, tornando a narrativa ainda mais irregular.
Ainda assim, o livro trata de assuntos como ciúmes, amor fraterno, intolerância, culto a personalidade e (como citado) a subversão do conceito de normalidade.
A narrativa não perde fôlego e é envolvente, com personagens exóticos, únicos e marcantes. Be geek, be freak! E boa leitura!
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Mariana 10/03/2019

Confesso que esse foi mais um livro que comprei pela capa (quem nunca?!). As edições da darkside estão cada vez mais deslumbrantes. Essa então, tem uma excelente diagramação, uma lombada toda azul fofa, e alguns desenhos maravilhosos por dentro. Comprei o livro na Black Friday passada, toda empolgada e acabei deixando de lado quando soube do que se tratava a história (não sou fã de circo e por consequência não curto mto histíorias de circo.) Depois daquela desanimada básica, vi que a @maisumapagina_livros comentava sobre um grupo de leitura dele e pra tentar dar aquele gás na leitura... resolvi me convidar na cara dura pra participar (o pessoal foi super receptivo, inclusive).
Bom a história é narrada pela Olympia, a Oly e os acontecimentos que envolvem sua família, os proprietários do grande circo Binewski, um freakshow itinerante. Seus pais, Aloysius e Lilian, percebem que estão em apuros, já que o circo não rende a mesma coisa e está preste a falir. Assim, eles decidem criar o seu próprio mundo freak. A base de muitas drogas durante as gestações, eles conseguem conceber crianças fora do normal. Arturo, Arty, um menino que possui nadadeiras, as gêmeas siamesas Elly e Iphy, a nossa narradora Oly, uma anã albina e caçula Chick que é telecinético.

Não há como definir essa história além de bizarra! A cada capítulo somos apresentados a situações que desafiam o conceito de normalidade. A Oly é uma personagem meiga e inocente, mas que tem tanta garra e tanta força que por vários momentos me deu vontade de dar um abraço pra fazê-la se sentir querida e dar seu devido valor.

Não consigo definir os sentimentos confusos sobre o que essa leitura me proporcionou. Em alhuns momentos, a narração me lembrou mto a literatura fantástica do Gabriel Garcia Marquez e a familia Buendia de Cem anos de solidão, calor que guardando suas devidas proporções. Fiquei por dias a fio, digerindo tudo que essa história estrambólica me proporcionou. Pode parecer estranho (mesmo pq,tudo nessa história pode ser definida como estranho), mas ainda que incômoda, por me tirar da minha zona de conforto, gostei muito da leitura. Achei bem legal questionar o conceito de normal e de bizarro... pra essa família, por exemplo, ser normal era algo extremamente vulgar e inaceitável.
Achei o final meio corrido, mas foi possível perceber a humanidade comum dos personagens, mostrada na fragilidade do amor. Gostaria de ter lido mais sobre os últimos acontecimentos. Ainda que chocante, acredito que valeu mto a pena conhecer essa história.
Laura 11/03/2019minha estante
Vai para lista.


Mariana 12/03/2019minha estante
Tomara que vc goste!




Letícia.Werner 19/02/2019

“Papai, conte como você pensou em nós!”
 Há algo aberrante na capa vermelha, amarela, preta e azul da edição da Darkside de Geek Love. Quem lê o título sem conhecer o conteúdo estranha tal opção, afinal, Geek Love soa como um romance sobre nerds, uma comédia romântica de um casal desajeitado, mas o visual é  de um velho pôster de circo. Quando se descobre que o livro é sobre três gerações de uma família circense que dá novas noções ao conceito de bizarro, o título é que parece estar desajustado. Mas duvido que exista melhor forma de resumir o amor expressado pelos Binewski.

 Aloysius “Al” Binewski e sua esposa “Crystal” Lil lutavam para manter o circo na ativa. Devido a artistas abandonarem a trupe de última hora, Lil teve até mesmo que fazer o papel de geek, que em sua definição original era uma pessoa que se fingia de selvagem e arrancava cabeças de galinhas com os dentes. Em meio a isso e um encontro com rosas geneticamente modificadas, Al percebeu que poderia pôr em prática os conhecimentos que tinha em medicina e criar seus próprios astros.

 A cada gestação, Lil ingeria uma quantidade de drogas e venenos, ou até radiação, para criar filhos tão estranhos que as pessoas pagariam para vê-los.

“Que melhor presente se pode oferecer aos filhos além da capacidade inerente de ganhar a vida simplesmente sendo eles mesmos?” ~Lil sobre os filhos.

 Desses experimentos, os sobreviventes foram Arturo “Arty”, o “Aqua Boy” do circo, um rapaz temperamental com nadadeiras no lugar dos braços e das pernas; Electra “Elly” e Iphigenia “Iphy”, as irmãs siamesas que dividem o mesmo quadril e pernas, com personalidades conflitantes e grande talento musical; Olympia “Oly”, uma tímida faz-tudo anã albina, corcunda e careca; e Fortunato “Chick”, que é um menino aparentemente normal, não fosse pelo segredo da família.

 Essa história, sobre as vitórias e as dores da família durante o crescimento dos filhos, dos horrores causados das rinhas entre irmãos, da forma que pessoas tão diferentes encaram os normais do mundo, ela pertence à Olympia. Escrito como um relato em primeira pessoa da personagem, Geek Love é a expressão de alguém que ficou calado por tempo demais.

 Oly nunca teve um show próprio, já que suas deformações não eram tão interessantes quanto as das gêmeas, nem tinha aptidões como o nado de Arty. Assim, a anã fazia dezenas de pequenos trabalhos, de anunciar os shows com a sua voz forte e vender os ingressos, até oferecer ajuda aos irmãos após o espetáculo. Estando em toda parte sem ser o foco da atenção, Olympia conheceu o circo e a família mais a fundo que qualquer outra pessoa.

 Os capítulos são divididos entre anedotas do passado e as anotações de um período mais recente. O mundo do circo e os elementos mais fantásticos da narrativa são apresentados uma estrutura quase linear, mas em forma de relato, assim eventos futuros e passados são relacionados enquanto as memórias de Oly se encaixam. Enquanto isso, os capítulos mais atuais são sempre sinalizados como “Anotações de Agora”, onde Olympia relata sua vida adulta morando em um apartamento em Portland e cuidando da velha e demente Lil. Aqui a anã se esforça para manter sua identidade um segredo da filha universitária, que foi criada num internato e nunca conheceu a mãe.

“Lily escolhe me esquecer, e eu escolho não dar nenhum lembrete, mas tenho muito medo de notar vergonha ou desgosto no rosto de minha filha. Isso me mataria. Então eu as observo e cuido delas em segredo, como uma jardineira da meia-noite.” ~Oly e sua vida em Portland.

 Pequenos detalhes de um capítulo podem trazer consequências catastróficas nos seguintes, e o estilo sem delicadezas da narrativa é pouco amenizado pelo humor que segue os momentos mais duros.

 Imagino eu que é este impacto que caracterizou Geek Love como um livro da seleção da Darkside: Katherine Dunn é capaz de entregar momentos tão intensos que o livro vai de tragédia familiar para dentro do território do horror.

 Mas talvez a razão principal para o livro relevante 30 anos após o lançamento é a curiosa concepção sobre o que é estranho e quais são os limites da normalidade. Ao acompanharmos esta família incomum, vemos os mesmos jogos de poder, mágoas da infância e desconexão entre pais e filhos que desestabilizam lares mais convencionais, tudo elevado por dez. Isso torna qualquer deficiência física irrelevante perto do psicológico dos filhos Binewski.

 Este conceito ressoou extremamente bem para o então movimento Grunge, que ascendia na época do lançamento. Kurt Cobain era fã da obra, e o Jim Rose Circus, atração circense que viaja com o festival Lollapalooza cuja apresentação é inspirada no livro, teve membros do Nirvana e do Pearl Jam assistindo já na estreia.

  Outro famoso que não poderia deixar de gostar de toda a premissa é Tim Burton. A Warner mantém os direitos da obra para que Burton e Henry Selick (de “O Estranho Mundo de Jack” e “Coraline”) façam uma adaptação em animação do livro. Vendo que os direitos foram comprados ainda nos anos 90, parece difícil o projeto sair do papel.

 Muitos outros nomes terminaram de estabelecer Geek Love como livro cult. Alguns que a edição ressalta na contracapa são o baixista Flea, do Red Hot Chilli Peppers; Neil Gaiman; Terry Gilliam, do grupo de comédia Monty Python; as irmãs Wachowski e Tarantino.

“Tenho vislumbres do horror da normalidade. Cada um desses inocentes na rua é tragado por um terror da própria natureza ordinária. Fariam qualquer coisa para ser únicos.” ~Arturo sobre normais.

 Mas o que afinal seria o amor de um geek? A própria Katherine Dunn afirmava que este não era o título que ela pretendia para a narrativa. Geek Love era uma forma fácil dela se referir ao que ela estava escrevendo quando as pessoas perguntavam sobre o novo livro. Porém, acho que descreve a forma que os Binewski amam como poucas expressões seriam capazes de condensar. É o amor seguido da dor, um fogo que queima tão profundo que vai inevitavelmente destruir o objeto amado. É o ardor do louco que arranca com os dentes a cabeça do animal que afaga.

 Existem livros bons que deixam um gostinho de quero mais ao fim, e livros bons que arrematam todas as pontas soltas daquela história e a sela para sempre. Geek Love pertence à esta segunda categoria. Até Dunn ficou arrasada ao terminar o manuscrito e perceber que nunca mais poderia revisitar aqueles personagens, após dez anos pensando e escrevendo sobre eles. É mesmo um livro que merece um funeral ao ser terminado.

 Enfim, a capa de Geek Love não é somente um velho pôster de circo. Também é um baú de fantasias, um álbum de memórias, a chave de um segredo não compartilhado. É a herança de Olympia Binewski.

site: https://momentodeficcao.wordpress.com
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Sabrina758 15/02/2019

"As pessoas conversam comigo com facilidade. Acham que uma anã corcunda, albina e careca não pode esconder nada. O que tenho de pior já está à vista."
Esqueça o significado atual da palavra "geek". Aqui essa palavra assume seu significado original e muito antigo. "Geek" é nada mais, nada menos, que "um artista de circo ou de festival, apresentado como feroz ou psicótico, que arranca a dentadas a cabeça de galinhas vivas." Dito isso, agora sim podemos ir ao livro.

Conhecemos a família Binewski pelos olhos de Olympia. Narradora da história, ela conta sobre sua vida desde os seus anos infantis no circo itinerante até a idade adulta em que agora se encontra. Por fazer parte da família e pertencer a esta realidade, Oly relata os acontecimentos sem pudor algum e com muitos comentários insensíveis e amargos, dando ao leitor uma visão privilegiada e totalmente crua dos Binewski e de sua trajetória.

Pra mim, esse livro se resume a dramas familiares protagonizados por personagens nada comuns. O livro aborda a concepção de anormalidade e faz uma inversão de ética e valores. É uma história intensa, pesada e sem censura.

A leitura é bem lenta e nem um pouco leve. Há muitas descrições - principalmente de locais - e as coisas parecem demorar para acontecer, mas quando acontecem... é um baque atrás do outro, uma aberração nova por capítulo. E ainda assim, mesmo com esses detalhes excessivos, a autora consegue tornar a escrita implícita em muitas partes do livro. Ao meu ver, ela descreve locais, mas não descreve o que se passa na mente dos personagens. Algumas situações não são descritas explicitamente, deixando muita coisa subentendida nas entrelinhas. Isso foi algo que deu um charme a mais à narrativa e um toque de "horror subentendido".

É preciso estômago ao ler muitas cenas do livro. A maneira como a narrativa aborda temas como incesto, inveja, loucura, promiscuidade e fanatismo pode ser um pouco chocante, o que talvez desagrade muitas pessoas durante a leitura. No entanto, acho que esse é exatamente um dos pontos mais fortes do livro: o ato de chocar.

É um livro pesado e sem censura. Um clássico moderno bizarro e intrigante.

site: https://www.instagram.com/linhaposlinha
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Victor.Carvalho 08/02/2019

Este livro conta a historia de Olympia uma garota que nasceu anã, corcunda, albina e careca que tem vem de uma família circense. Além m dela seus irmãos tambem nasceram com deformações. Mas nada disse impede que eles sejam felizes. Neste livro vemos nossa protajonista crescida e que não mais vive no circo contando com orgulho tudo que aconteceu lá, desde que nasceu ate o momento em que foi obrigada a abandoná-lo.
O livro conta com uma boa combinacao entre o drama e o humor. Este provavelmente será uma obra que não esquecerei tao facil!!!
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David 06/02/2019

Uma aberração itinerante.
Senhores e senhoras, meninos e meninas, atencioso público, bem-vindos ao grande Circo Itinerante dos Binewski!

Não se engane com o título do livro, por mais que "Geek Love" possa remeter a uma história extremamente doce e suave, esse livro passa longe de possuir tal abordagem. No começo do livro, a autora explica que o "Geek" utilizado no livro não é o mesmo geek que conhecemos, a palavra era comumente utilizada para descrever circenses que roubavam todos os suspiros de seu público ao arrancarem a cabeça de galinhas vivas com os próprios dentes, disto isto, não podemos esperar nada de normal desse livro.

Geek Love é uma obra-prima, o livro aborda o grande drama da família Binewski, essa família conta com o mais variado leque de membros, indo de notas altas para notas baixas, é uma verdadeira demonstração do termo “diversificação.” Contamos com Aloysius "Al" Binewski, o pai e chefe de toda a família e circo, Crystal Lil, esposa de Al, Arturo "Arty", conhecido também como Aqua Boy / Aqua Man, o filho mais velho do casal, nasceu com nadadeiras no lugar das mãos e pés, Electra "Elly" e Iphigenia "Iphy", gêmeas siamesas, Olympia "Oly", uma anã corcunda de olhos cor-de-rosa e Fortunato "Chick" o caçula da família com poderes telecinéticos.

Geek Love possuí uma narrativa interessante, toda a história é narrada por Oly, porém essa narrativa é fragmentada em 2 espaços de tempo diferentes, em primeiro momento, Oly narra sobre o presente, comentando sobre a situação que sua vida se encontra atualmente e os problemas que surgem no desenvolvimento da história, e em segundo momento, sendo este o mais frequente no livro, Oly relata toda a história da família Binewski, narrando toda a ascensão e queda da grande família.

O tipo de escrita é simples, o livro não é dotado de termos complicados ou específicos, mas assim como sua própria história, não espere que a normalidade reine nessa horripilante obra. Geek Love pode ter uma escrita simples, mas a mesma é impregnada com palavrões, expressões grotescas e descrições extremamente bizarras em alguns momentos. Isso é um ponto interessante para se levantar sobre a leitura deste livro, ele pende em uma linha tênue sobre o "fácil de ler" e o "difícil de aceitar", a leitura pode ser fácil, mas definitivamente não é para todo mundo.

Durante a intensa narrativa de Oly sobre a família Binewski, é impossível negar um forte envolvimento com aquela história, ela te abraça e sufoca, de algum modo estranhamente bizarro, você fica fascinado por toda aquela exacerbação que é descrita em Geek Love. Uma das coisas mais interessantes é o "Orgulho Binewski", absolutamente toda a família Binewski possuí um GRANDE orgulho por ser “bizarramente especial”, principalmente os filhos (exceto Chick, mesmo sendo o mais especial), ao decorrer do livro é notório que absolutamente nenhum dos filhos trocaria sua bizarrice pela monotonia da normalidade, mas isso é ainda mais notável quando o assunto é Arty, ele é o grande ás do livro, uma pessoa extremamente manipuladora e cruel, mas acima de tudo, egocêntrica.

Arturo “Arty” é responsável por grande parte dos acontecimentos importantes em Geek Love, ele sempre possui um “dedo” de envolvimento em todos os grandes atos que ocorrem ao decorrer do livro, sendo extremamente importante na história de todos os personagens. Arty acaba por ser a ruína de Al, o algoz das gêmeas, especificamente de Elly, o ídolo de Chick e o deus de Oly, ele é uma figura extremamente importante, e sempre faz questão de deixar claro o seu grande repúdio e desprezo pelos normais, exaltando seus traços de bizarrice ao máximo, e sempre que possível, demonstra sua pseudo-soberania sobre o resto do mundo.

O desenvolvimento da história é totalmente cativante, prende seu fôlego a cada página, te envolve em um sentimento de pura euforia, você sente a necessidade de saber o que irá acontecer em seguida. Acompanhamos o amadurecimento individual de cada um dos personagens, percebendo a acidez escondida nas entranhas de alguns, e atribuindo a palavra bizarra a eles, mas não mais para sua aparência, e sim personalidade.

Sem mais, Geek Love é, sem sombra de dúvidas, uma obra incrível. É fascinante como o livro trabalhava um espectro totalmente novo do bizarro, como a visão de bizarro e normal pode ser totalmente variável, afinal, ser normal é bom? Se sim, por quê? A obra questiona absolutamente todos esses pontos, demonstrando que a normalidade nem sempre é bem aceita, tampouco a bizarrice rejeitada.

Ao terminar a leitura, me encontrei preso em um misto de sentimentos diferentes, eu não sabia se estava triste ou feliz com o final, não sabia exatamente o que sentir, mas tive a certeza de que queria mais, é isso que o livro te oferece ao término, o famoso gostinho de “quero mais”. O Fabuloso Circo Binewski é, sem sombra de dúvidas, uma bizarrice itinerante, mas totalmente cativante! Como reflexão final sobre o livro, me dei conta de que o mais bizarro de Geek Love não são as próprias aberrações que são apresentadas, nem os atos repugnantes e hediondos que ocorrem ao longo do livro, e sim a sua incrível capacidade de brincar com nossos conceitos de normal, bizarro, certo, errado e, acima de tudo, sobre o que é moralmente aceito ou não, afinal, quais os limites do ser humano, sendo ele normal ou não?

Recomendo fortemente essa leitura, se você achar que dispõem da coragem necessária para realiza-la.

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Valdirene.Silva 04/02/2019

SINOPSE
Senhoras e senhores, sejam bem vindos ao circo dos Binewskis, um lugar repleto de atrações extraordinárias e seres estranhos que vão surpreender o mais cético dos espectadores. Quando os ambiciosos donos de um circo itinerante se veem diante da decadência de seu próprio negócio, eles decidem mudar o jogo de maneira nefasta. Com o uso de substâncias radioativas e drogas, eles transformam seus filhos em aberrações - um espelho de sua própria moral - para salvar o negócio da família. Suas apresentações pelo país inspiram devoção de alguns e ódio de outros, e as tensões e valores familiares são levados a um novo nível. Geek Love lança sua luz sobre as nossas noções de bizarro e normal, belo e feio, sagrado e obsceno. Fãs da série American Horror Story e do filme Freaks, de 1932, vão se transformar com essa história, também uma das favoritas de Neil Gaiman, e tão singular quanto seus personagens.

Baixe o Livro grátis no Link abaixo:

site: http://livrosonlineaqui.com/2019/02/04/geek-love-o-fabuloso-circo-binewski-katherine-dunn/
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Lea 26/01/2019

Favoritei
Eu nem tenho palavras pra descrever o quanto esse livro é BOM. A história é sensacional, os personagens são únicos e o desenrolar da história é muito bom. Quando terminei fiquei sem reação e até triste, porque queria ler mais. Recomendo d+
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Guilherme.Massih 27/12/2018

Uma leitura diferente e única
Este livro conta a história de uma família dona de um circo que gera suas próprias aberrações. Temos aqui personagens únicos e com uma peculiaridade distinta, onde há duas gêmeas siamesas, uma anã albina e corcunda e um menino com nadadeiras, o aqua boy. Uma leitura muito interessante, bem escrita e totalmente diferente do convencional.
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Paraíso das Ideias 25/12/2018

Monstruosamente belo
Senhoras e Senhores, respeitado publico e leitores, sejam bem-vindos ao espetacular Circo Binewski, onde as monstruosidades são comuns e sua normalidade é repulsiva...

"(...)uma deficiência é, na verdade, um enorme dom."

Não se iluda com o título ou as cores encantadoras, já que de Love e encantador essa obra não tem absolutamente nada... Geek Love foi publicado originalmente em 1989, e seu título condiz claramente com o significado que a gíria tinha naquela época, estranheza, diferente e anormal, nada ligado a jovens nerds.

Em Geek Love vamos conhecer a Família Binewski, e sua trajetória através dos olhos de Olly, a segunda filha de um casal tão excêntrico que beira a loucura! All e Crystal Lil eram jovens e falidos quando decidiram criar sua própria trupe de pessoas anormais, e assim eles começaram experimentos químicos, o objetivo? Gerar filhos que fossem uma monstruosidade, e assim eles conseguiram: Arturo, o garoto que nasceu com nadadeiras no lugar de membros, Olly a Anã corcunda e Albina, Iphy e Elly as gêmeas siamesas e Chick um garoto aparentemente normal, mas com poderes telecinéticos.

Através dos relatos de Olly vamos conhecer sua vida, seus anos no circo e toda sua família, hoje com 38 anos, Olly mora em um quarto dentro de uma pensão que divide com a mãe senil que depois de tantos anos consumindo drogas para seus experimentos, já não serve pra mais nada, e sua filha Miranda, uma jovem que acredita ser órfã e que possui como anomalia uma calda da qual ela pretende se livrar, já que ao contrário de sua família, ela não acredita que ser anormal seja bom.

"Lembre-se sempre de que você tem muita vantagem sobre os normais só por causa da sua aparência física."

Katherine Dum criou uma história pesada e sem censura, em Geek Love a concepção entre normal e anormal é colocada à prova a todo minuto. O questionamento é levantado de forma tão profunda e intensa que o leitor se pergunta o que realmente é normal??? Os personagens, assim como pessoas sem anormalidades se sentem felizes e especiais com suas deformidades, criando um preconceito contra Os Normais... Isso te lembra algo? Pessoas com deficiência são vistas diariamente por pessoas que se dizem normais, com olhos de dó ou preconceito, mas será que as pessoas são piores que nós? Ou se tornam mil vezes melhores graças às suas condições?

Para mim, a personagem mais marcante do livro é a Srta Lick, um tapa na cara da sociedade com seus experimentos. Ela acredita que a beleza é uma maldição, e que mulheres deformadas, encontram na inteligência o conforto se tornando seres extraordinários, e assim ela segue, adotando beldades e as mutilando para enfim trazer à tona sua inteligência.

Geek Love é um romance crítico, pesado e intenso, é preciso estômago e paciência para adentrar suas páginas, cada capítulo uma nova monstruosidade é apresentada: a fé cega representada através dos Aturanos que buscam felicidade arrancando seus membros, incesto, agressão, inveja... tudo isso é apresentado em Geek Love.

"Mas eu venci pela natureza, porque uma verdadeira bizarrice não pode ser inventada. Um bizarro de verdade deve trazer isso desde o nascimento."

A autora conseguiu criar uma obra profunda e diferente de tudo aquilo com o que estamos acostumados, e com uma edição linda e que representa bem o contexto da obra, Geek Love ganha o coração daqueles que conseguem ver beleza naquilo que não é comum ao mundo.

Se você curtiu o musical do ano O Rei do Show, que também lida com o reak Show, mas de uma forma mais amorosa, pode gostar de Geek Love, mas lembre-se, aqui não existe música ou momentos de romance, apenas a dura realidade daqueles que fizeram sucesso com a sua estranheza.

A obra tem inúmeros artistas grandiosos como fãs, incluindo neles Neil Gaiman e Tim Burton, que comprou os direitos cinematográficos do filme, também foi inspiração para a primeira edição do festival Lollapalooza e da série American Horror Story. Só disso já dá pra imaginar o quanto o livro pode cativar os leitores que curtem um dark. A série possui fãs em todos os lugares do mundo, com HQs e ilustrações dos personagens soltas pela internet.

Se aventure no anormal e descubra que realmente é normal ...

site: http://www.paraisodasideias.com
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