Matheus 21/01/2022
Não a história do homem em busca de Deus, mas de Deus em busca do homem
Scott e Kimberly Hahn narram a sua trajetória de volta para casa, como eles mesmo dizem. De protestantes calvinistas a católicos. Um relato bonito, angustiante e recompensador. Ainda, um relato que nos ensina um pouco sobre teologia e sobre a moralidade cristã.
Desde as primeiras páginas, Scott demonstra, ao contar sua história de vida, ser um homem voltado para o estudo e para a dúvida. Nunca se contentou com respostas simples. Melhor, nunca se contentou em não fazer certas perguntas. É comum, mesmo no meio mais intelectualizado, que os próprios intelectuais sequer façam perguntas óbvias, que tratam a respeito do cerne de suas ideias. Scott, pela graça de Deus, sempre fez perguntas; mais do que isso, fez as perguntas corretas. Foram estas perguntas que o fizeram compreender os erros que estão no cerne da doutrina protestante, especialmente a "solda fide", a "sola scriptura" e a doutrina da justificação calvinista-luterana. Compreendendo o equívoco teológico destes pressupostos e estudando a sã doutrina católica, Scott pôde comprovar a veracidade desta última. Assim, seguindo, ainda que de modo inconsciente, a máxima de Platão ("uma verdade conhecida é uma verdade obedecida), ele precisou se converter ao catolicismo. Claro, nem todo aquele que conhece a verdade acaba por obedecê-la. É aqui que damos graças a Deus pela coragem que Scott teve em abandonar as suas antigas convicções e se dobrar à Verdade. Desse modo, como toda conversão tem o seu preço, Scott sofreu bastante: ficou isolado, pois foi abandonado por diversos amigos; teve de abrir mão de boas oportunidades de emprego; pior, quase perdeu a sua própria esposa. Tudo isso valeu a pena, pois o encontro com Cristo é a maior dádiva que alguém pode receber, independente do preço que se pague.
Nesse meio, temos Kimberly. Uma moça criada numa família profundamente evangélica, imbuída da Sagrada Escritura e temente a Deus. De personalidade diferente, a Sra. Hahn também nutria a mesma paixão pelo estudo, apesar de num grau menor daquela de Scott. O seu processo de conversão foi tão doloroso quanto o de seu marido. Enquanto o Sr. Hahn estudava questões teológicas de máxima importância e cada vez mais se aproximava da Igreja fundada sob São Pedro, Kimberly sentia-se traída; mais do que isso, sentia que a pessoa por quem havia se apaixonado, na década anterior, tinha morrido. Após uma verdadeira "via crucis" na vida do casal, Kimberly finalmente encontrou a Verdade, com a ajuda de seu marido. Tudo isso, evidentemente, precisou de uma grande atitude de humildade por parte dela, assim como, anos antes (Scott se converteu primeiro), foi necessário da parte dele.
Agora, por que o título "Não a história do homem em busca de Deus, mas do Deus em busca do homem"? Ora, toda trajetória da família Hahn em direção ao catolicismo foi, na verdade, a trajetória do Cristo em direção à família Hahn. Por todo o livro vemos que Scott se debruçava sobre livros, artigos, conversas com especialistas e muita oração. Nos parece, então, que ele estava buscando o Criador. Porém, na verdade, era o Criador que buscava Scott. Foi o próprio Cristo que suscitou no coração de Scott as dúvidas que o fariam estudar mais. Foi o Cristo que uniu o casal Hahn. Foi o mesmo Cristo que, através do Scott, chegou até Kimberly. Assim, chegou aos filhos do casal. No processo, chegou até mesmo a alguns amigos, que até mesmo chegaram a se converter antes dos dois. Em todo esse percurso, acreditamos que Scott estava à procura de Deus, mas era Deus que estava em busca de Scott.