Memórias de Adriano

Memórias de Adriano Marguerite Yourcenar




Resenhas - Memórias de Adriano


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Otávio - @vendavaldelivros 24/09/2020

“Mas toda tolerância concedida aos fanáticos os faz acreditar imediatamente que se trata de uma manifestação de simpatia pela sua causa.”

Memórias de Adriano é um livro de memórias do Imperador Adriano. Até aí meio óbvio, claro. Mas o que torna esse livro tão espetacular é que Adriano nunca deixou suas memórias escritas. Na verdade, nem perto disso. Então, coube à Marguerite Yourcenar, grande dama da literatura francesa, realizar um trabalho gigante, que levou 30 anos para ser concluído e que nos apresenta aquele que foi considerado um dos maiores imperadores da história de Roma.

Públio Élio Adriano foi imperador romano de 117 a 138 e é considerado um dos “cinco bons Imperadores”. Amante das artes, da paz, da cultura helênica e viajante assíduo, Adriano tem em seu histórico feitos como a pacificação de regiões conflituosas, a diminuição da expansão romana com o foco na consolidação do Império e a criação da Muralha de Adriano nas Ilhas Britânicas. Adorado como um deus após sua morte, Adriano foi referência para pelo menos dois de seus sucessores.

"A meditação sobre a morte não nos ensina a morrer"

Se a figura de Adriano por si já é impactante, a capacidade de Yourcenar em nos fazer entrar na mente do Imperador consegue ser ainda mais. Em determinado momento do livro esquecemos que as memórias que ali estão não foram escritas por ele, mas por ela. Passamos a entrar cada vez mais nos sentimentos e na forma de ver o mundo do Imperador. Seu amor imenso pelo jovem Antínoo é retratado de maneira incrível. É possível sentir com Adriano a dor da perda do seu favorito. Dor essa que o levou a criar para Antínoo um culto no Egito.

Memórias de Adriano não é um livro fácil, mas consegue ser absolutamente prazeroso. Cada frase é uma poesia embebida em filosofia e visão de mundo. Yourcenar nos faz questionar, junto com Adriano, a vida, as religiões, o ser humano e, por fim, a morte. O Imperador toma vida em cada página, assim como o homem. Suas ambições e angústias, suas dúvidas e certezas estão ali, como se Marguerite Yourcenar escrevesse com ele uma mensagem aos tempos futuros. Tempos como o nosso, tão precisados de figuras contrárias ao fanatismo.

site: https://www.instagram.com/p/CFN154BHLiq/
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Isabelle 27/10/2020

Perfeito! Não tenho muito o que falar, um dos melhores livros que já li na vida.
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Alessandro460 04/04/2021

Obra-prima da literatura moderna
Há algum tempo surgiu o interesse de ler "Memórias de Adriano". Eu já tinha visto vários comentários, com elogios ao livro. Mesmo sabendo o que poderia encontrar, esse romance me surpreendeu positivamente.
Não pode dizer que é um livro de leitura fácil. Muito pelo contrário. Já no primeiro capítulo, o protagonista faz uma espécie de tratado estético-filosófico sobre vários assuntos, tais como o amor e a política. Mas, ele faz isso por meio da escrita muito bem elaborada de Marguerite Youcernar. E que escrita! As palavras da autora são lapidadas como se fossem joías preciosas. Percebe-se que a autora as escolheu com muito cuidado, para que cada frase do livro soasse bonita dentro do seu texto.
O livro também surpreende pela forma de narração adotado por Yourcenar. Trata-se de uma autobiografia romanceada, em parte baseada em eventos históricos e em parte inventada, na qual qual a voz de Adriano está presente todo tempo. É sempre por meio de seu ponto de vista nem sempre confiável que conhecemos aspectos importantes da cultura romana e também da visão idealista do protagonista muito influenciada pela herança dos gregos.
Em muitos trechos, Adriano revela uma personagem contraditória. Às vezes demonstra ser por demais egocêntrico, preocupado com questões aparamente fúteis, mas em outros momentos mostra seu lado pacifista e conciliador, preocupado em produzir diversos tipos de melhorias dentro do Império Romano.
Embora não seja uma leitura fácil, é notável a maneira como autora faz com que o leitor entre dentro da mente de Adriano, de modo que tenha acesso aos seus medos, ansiedades e prazeres secretos. De forma ficcional, Youcenar consegue recriar com maestria uma época passada, de modo a resgata-la, principalmente em suas peculiaridades e costumes, que pelo ponto de vista de Adriano que a torna tão interessante e complexa.
Assim como em outros romances históricos há intrigas palacianas, amores trágicos e intensos conflitos bélicos, mas com uma forma de narrativa diferenciada, que privilegia uma visão mais humana. É a profunda humanidade de Adriano que torna o livro fascinante.
Assim, é a construção verossímil e bem elaborada de Yourcenar do olhar do protagonista, atento e sensível ao mesmo tempo sobre sua época que faz do livro uma obra-prima da literatura.
"Memórias de Adriano" consegue ser tudo que se espera de um romance: poético, filosófico, e com personagens muito bem construídos, com destaque para Adriano, um ser complexo e multifacetado, revivido pela prosa sublime de Yourcenar. Leitura altamente recomendada para quem se interessa por eventos históricos.
Sobre a edição : ela vem com dois prefácios, um deles assinado pela historiadora Mary Del Priore. Além disso, também tem como apêndice um caderno de notas, no qual autora comenta a elaboração de sua obra-prima.
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Priscila (@priafonsinha) 29/06/2021

Romance histórico é um dos gêneros literários que mais me atrai, embora Sra. Yourcenar não goste de definir este seu livro assim. Talvez -como diz na contracapa- seja uma espécie de "biografia imaginária". E aqui temos a biografia do imperador romano Adriano, que escreve suas memórias numa longa carta a Marco Aurélio. A leitura foi um tanto enfadonha, começou muito bem, mas ao longo da escrita houve muitas divagações e por vezes se tornou lenta e cansativa. É um trabalho magistral em sua pesquisa (30 anos em pesquisas e para escrevê-lo), foi bom conhecê-lo, mas assim como ela disse precisar de um amadurecimento para escrever, talvez eu também precise deste tempo para apreciá-lo como deve ser...
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Gerson91 03/08/2021

História e poesia
Acho que se o imperador Adriano tivesse escrito essa narrativa, seus feitos teriam sido ainda maiores. Um livro sensacional, realmente a autora te faz pensar como o romano.
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Kênia 04/08/2022

Percepções
Demorei bastante pra pegar o ritmo do livro, mas depois a história fica bacana. Como não há diálogos, na minha opinião fica um pouco cansativo porque não há mudança no tom das conversas.
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MRPLM 25/11/2022

A história de uma vida
Li esse livro para um trabalho da faculdade que busca abordar o amor e a homoeroticidade nos tempos antigos. Esse definitivamente é um livro repleto de amor, mas mais do que isso, é a história de uma vida. Fiquei encantada com as reflexões da autora que ganham vida própria pela voz de Adriano, definitivamente muito mais que um romance histórico. Como toda literatura clássica, o livro é denso, difícil de ser lido, não só pelo vocabulário mais pelo espelho que a antiguidade parece colocar em frente ao mundo contemporâneo. É complexo falar sobre esse livro, a visão de uma mulher lésbica do século XX sobre um imperador romano da antiguidade, realmente eles não têm nenhuma relação e mesmo assim a voz da Marguerite soa como Adriano (que nos é uma figura desconhecida), o que parece mágico de certa forma. Enfim, foi difícil de ler, mas é um livro excelente e que de fato narra a história de uma vida.
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Fernando1355 09/12/2022

Interessante
É um livro muito interessante, mas completamente monótono. O estilo de escrita não é meu favorito, contudo a autora consegue nos prender em alguns momentos.
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Rodrigo 16/12/2022

Clássico da literatura
Este livro acompanha as memórias do imperador romano Adriano, que já no final de sua vida, faz uma retomada e um balanço de sua vida e do império romano enquanto sua obra. A escritora tece uma habilidosa mistura de reflexões, fatos históricos e invenções para desvelar o homem por trás da figura quase divina do imperador. Interessante também é a visão do mundo, das pessoas e das instituições da época que são passadas a partir de seu ponto de vista.
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Fabi Copetti 29/05/2023

Sobre amadurecer
Uma das melhores leituras que já fiz. Estava degustando há meses, sem pressa. Marguerite Yourcenar, com uma elegância ímpar e baseada em muita pesquisa histórica, cria uma carta do Imperador Adriano para Marco Aurélio, futuro Imperador romano. Para orientá-lo, conta toda sua vida, pública e privada; suas conquistas e medos; seus legados e suas ambições. Amores, expectativas, decepções, prazeres, cultura, política... diversos acontecimentos que formaram um dos "cinco bons imperadores". É um convite à reflexão sobre os caminhos e escolhas da vida, sobre amadurecimento. Uma delícia de livro.
"Meu caro Marco,"
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Filipe 12/07/2023

Um romance histórico, de alta qualidade e que reflete de forma poética e bem executada a falta de informações detalhadas a respeito do personagem principal.

É perceptível e louvável as limitações do personagem-autor aqui descrito, a autora soube equilibrar e escolher muito bem onde inserir a ficção e onde deixar que a escrita refletisse a falta de profundidade e detalhamento.

Um homem fascinante, envolto por uma das mais fascinantes mitologias e sociedades que já existiram.
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Rafael 18/10/2023

Uma obra perfeita
Não me surpreenderia se Marguerite admitisse que escreveu o livro por meio de psicografia após conseguir contato com o espírito do imperador Adriano. Aliás, acho que ele não seria capaz de escrever uma autobiografia tão sublime como Marguerite fez. Essas primeiras constatações são suficientes para mostrar, de plano, a magnitude do trabalho ficcional de Marguerite ao biografar essa distinta figura que comandou o Império Romano. A perfeição é tamanha que Marguerite foi capaz, até mesmo, de concretizar, por meio da escrita, o modo de pensar do imperador, ainda que não existam tantos registros históricos a permitirem tal minúcia. É dizer, ao ler o livro adentramos nas reflexões que o imperador Adriano muito provavelmente fez em vida, ainda que não exista nenhum elemento histórico (científico) a comprovar que ele, por ventura, pensasse ou agisse de tal forma. Mas o modo como tudo é exposto é tão genuíno que ficção e realidade possuem uma linha deveras tênue nesse magistral trabalho. Aliás, biografia que se preze é feita de fatos mais ou menos comprovados, isto é, que possuem algum supedâneo no mundo real. Como fazê-lo, então, se se está diante de um indivíduo que não deixou nada mais do que alguns registros históricos? É essa a mágica que Marguerite consegue ao escrever uma autobiografia ficcional. Ou seja, a autora moutrou ser capaz conciliar dois conceitos (biografia e ficção) que são, a rigor, antagônicos. Daí a singularidade desse livro. Não é a toa, pois, que Marguerite gastou quase uma vida para escrevê-lo. Por isso, não espere sua vida passar para ler essa obra-prima literária.
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Hélio 26/12/2023

Romance com filosofia
Uma mistura de romance com filosofia. A grande aventura de Adriano é o caminho do conhecimento que ele adquire sobre a vida, a natureza humana, o poder, os problemas de um homem de Estado, o amor, a morte, enfim... Uma trajetória em direção à sabedoria que só é possível alcançar no fim da vida e que transforma a leitura de suas reflexões num privilégio.
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caiohlp 20/01/2024

Nem Memórias, nem Roma foram feitas em um dia.
Memórias de Adriano é o tipo de romance histórico grandioso e arrebatador, destacando-se tanto pela qualidade de pesquisa como pela habilidade em transpor séculos com o uso das palavras, por meio do talento inigualável a autora resgata através da autoficção biografada e epistolar uma das personalidades mais importantes da história e um dos bastiões da cultura clássica, a quem devemos, hoje, muito do que conhecemos do mundo antigo. Com um fluxo constante, em primeira pessoa, conhecemos Adriano e traçamos o retrato dessa voz sábia, que por vezes chamado senhor do mundo nem sempre fora senhor de si, esse que soube gerir pessoas, estimular as artes, cadenciar alegrias, suportar tristezas e buscar a paz. Aprendemos que não é do dia para noite que se constroem impérios e não à toa essa obra, suprassumo da literatura mundial, seja fruto de 30 anos de esmero, perdoadas as peculiaridades de perspectiva próprias de um texto que transpõe séculos, recebemos de bom grado temas imortais como o amor, ponto em que o secreto e o sagrado se tocam, as artes e as convenções morais de época que nesse relato quase confessional nos permitem acessar o que Roma e esse homem representaram para o Ocidente e o Oriente, para o ontem e, sobretudo, para o hoje.
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Carol 06/02/2024

Impressões da Carol
Livro: Memórias de Adriano {1951}
Autora: Marguerite Yourcenar {Bélgica, 1903-1987}
Tradução: Martha Calderaro
Editora: Nova Fronteira
296p.

Como falar desse livro monumental que é "Memórias de Adriano"? Uma obra escrita, reescrita, pensada e pesquisada por longos 27 anos. Uma vida.

Começo pelo luxo de termos um "Caderno de Notas", como posfácio, no qual Marguerite Yourcenar apresenta o percurso e os percalços enfrentados quando da escrita da narrativa e o porquê de seu fascínio pela figura do imperador romano Adriano:

"Se este homem não tivesse mantido a paz do mundo e renovado a economia do império, suas felicidades e seus infortúnios interessar-me-iam menos." p. 267

Destaco a escolha de Yourcenar em "apagar-se" como voz autoral ao optar pelo registro na 1ª pessoa. É a voz de Adriano que, como mágica, nos conduz pela Roma do século II. Ele narra, num exercício memorialístico, para melhor se conhecer antes de morrer. Ele narra, também, para instruir Marco Aurélio, adotado por ele para sucedê-lo:

"A verdade que pretendo narrar aqui não é particularmente escandalosa, ou melhor, não o é senão na medida em que toda verdade escandaliza. Não espero que teus 17 anos compreendam qualquer coisa disso. Empenho-me, porém, em instruir-te e também em chocar-te." p. 29

Mais que o Adriano histórico, singular pelo papel que desempenhou em Roma, ganha vida o ser humano Adriano, singular pelo que viveu e sofreu. Mais que um romance histórico, "Memórias de Adriano" é um texto de meditação filosófica.

Um dos textos mais bonitos que já li. Uma ode à humanidade, um consolo em tempos de perda de sentido.

"A vida é atroz, nós o sabemos. Mas precisamente porque espero pouca coisa da condição humana, os períodos de felicidade, os progressos parciais, os esforços para recomeçar e para continuar parecem-me tão prodigiosos que chegam a compensar a massa imensa de males, fracassos, incúria e erros. As catástrofes e as ruínas virão; a desordem triunfará de tempos em tempos, no entanto, a ordem voltará a reinar. A paz instalar-se-á de novo entre dois períodos de guerra; as palavras liberdade, humanidade e justiça recuperarão aqui e ali o sentido que temos tentado dar-lhes. Nossos livros não serão todos destruídos; nossas estátuas quebradas serão restauradas; outras cúpulas e outros frontões nascerão dos nossos frontões e das nossas cúpulas; alguns homens pensarão, trabalharão e sentirão como nós: ouso contar com esses continuadores colocados, com intervalos irregulares, ao longo dos séculos, nessa intermitente imortalidade." p. 249

Obra-prima.
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