R...... 25/03/2019
Adaptação infantojuvenil Rideel (2004)
O livro é claramente inspirado no clássico de Defoe (Robinson Crusoé) publicado cerca de um século antes, tendo em comum a exaltação do colonizador europeu no Novo Mundo. Entre as diferenças, a disposição comunitária na empreitada.
Li a edição em texto estendido duas vezes na adolescência e essa adaptação da Rideel serviu apenas para reavivar as lembranças. Não é ruim (enquanto resumo informal), mas também passa por cima de muitas emoções legais da narrativa original. Gostaria de reencontrar a edição onde conheci a história, o que até hoje não consegui (refiro-me à edição da Editora do Brasil, da década de 1980).
A aprendizagem que a obra proporciona é a percepção europeia sobre o Novo Mundo. Um local com potencial em riquezas que estariam à disposição, numa terra de selvagens destituídos de direitos e postos numa situação grotesca de barbárie. Apesar da história ser bonita enquanto aventura, nas entrelinhas transmite a mentalidade posseira, usurpadora e caluniosa do colonizador.
Diferenciando um pouco mais Defoe e Wyss, o Crusoé evoca heroísmo solitário do colonizador, visto como domador do selvagem, num espaço de quase três décadas; enquanto o Suíço evoca a civilização que se instala e transforma o mundo selvagem, num poder de poucos anos, em menos de uma década.
Devaneando um pouco, o colonizador é muito metido com seu falso heroísmo de histórias de propaganda de margarina. Que o diga a turma do Largado e Pelados, do Discovery...
Só algumas bobagens provocadas pela leitura, que foi no vapt vupt proporcionado pela Rideel, mas ainda assim aprazível.