Eduardo 14/05/2017
Entre a iluminação e o mito
O livro tece uma crítica à racionalização do mundo. Começa dizendo que a razão, ao destruir o mito, toma o lugar do mito, tornando-se o próprio mito, uma tentativa de explicar, uma espécie metafísica, alienante e objetificadora, matematizadora, que serve à dominação da natureza interna e externa, responsável por tornar o homem dominado a si mesmo. No texto, é usado o mito de Ulisses, como a ideia do proto-burguês, especialmente na parte das sereias, onde Ulisses prendido ao mastro, não se pode soltar para cair em seus prazeres naturais, por conta da dominação auto-infligida. Uma crítica também ao sistema alienante, que prende tanto os chefes, quanto os proletários, não os liberando. Também ocorre uma crítica às ideias iluministas, onde são separados os burgueses otimistas que viam a razão como uma forma de liberdade e esclarecimento, que derrubaria a velha prisão religiosa e os mitos que faziam os homens temerem e os pessimistas (como Sade e Nietzsche) que mostram, sem medo, os problemas do esclarecimento, em sua frieza e matematização, onde os fracos tornam-se produto de ódio dos fortes, e como a razão em si pode se tornar justificativa amoral de ações que se fundam na dominação e divertimento puro.
Também é tecida uma crítica à Indústria Cultural, como forma de dominação do individuo (sendo esse produto das ideias liberais, uma grande promessa da modernidade, assim como a dominação da natureza e do corpo), o individuo torna-se alienado da indústria, a propaganda, ao cinema, despertando uma forma massiva de agir, de ser, de sentir, que torna os indivíduos apenas produtos de um sistema, onde o próprio processo de individualização é modificado, tornando-se então, uma massa uniforme e previsível...de indivíduos. Ou seja, o sujeito vira produto da indústria cultural.
Termina-se com críticas ao ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, e ao fascismo, como uma forma dialética entre natureza e modernidade, sendo que as duas não se perdem, mas se relacionam de uma maneira onde a primeira se distorce na segunda, mas acaba aparecendo horrorificada e deformada, e que por fim, graças a segunda, os traços naturais se perdem e se encontram apagados. É um livro denso, pessimista (por conta da época em que foi escrito), mas que tem verdades explícitas e que podem ser vistas no mundo de hoje, de uma maneira tão absurda como no mundo de ontem. Em vários pontos, áreas como Psicologia e Literatura foram usadas como exemplos, e argumentos, existe uma crítica ao racionalismo partindo dos instrumentos racionais, seguindo um viés marxista e por vezes iluminista, mas sem se perder por completo em uma visão relativista.