Heidi Gisele Borges 15/05/2020Vemos em Orgulho e preconceito uma história mais madura e melhor desenvolvida, comparada com Razão e sensibilidade, com os bailes e os personagens ainda com mais emoções, mais verdadeiros.
Novamente conhecemos personagens com características bem marcadas, bem humanas. E outra vez a ideia aqui é arranjar bons casamentos - totalmente normal para a época.
E temos uma protagonista forte, com opiniões, mas seu orgulho limita algumas visões além. E o elegante Mr. Darcy, um homem um tanto misterioso que mexe com os nervos de Lizzy.
Essas características nos fazem sentir raiva e carinho (dependendo da pessoa). A Mrs. Bennet é, muitas vezes, irritante, assim como o primo, Mr. Collins, um arrogante, puxa-saco de sua protetora. Suas frases e sua postura para se mostrar como "alguém" são tão cansativas que me imagino virando as costas se conhecesse alguém assim.
Como o Mr. Bennet não teve um herdeiro homem, sua herança será desse Mr. Collins, então o rapaz vai visitá-los para escolher entre suas primas a sua futura esposa, pois um clérigo precisa dar o exemplo, entre outras desculpas citadas pelo sujeito, como a pressão de sua protetora.
Como Jane, a mais velha, já estivesse comprometida, ele pula para Lizzy, que fica chocada. Ele é tão egocêntrico que fala da própria felicidade, não cita a de Lizzy, ou de qualquer pretendente.
O Mr. Bennet é uma figura interessante, não aguenta sua esposa falando o tempo todo, então prefere ficar quieto. Ele diz, logo no início, que suas filhas são…
"Nenhuma delas tem muito o que se lhes recomende - respondeu Mr. Bennet -; são tolas e ignorantes como as outras moças. Mas Lizzy é realmente um pouco mais viva do que as irmãs."
Ele e Lizzy se parecem e se compreendem.
Austen escreve de uma maneira poética, as construções dos parágrafos são um deleite. Não há excessos, os detalhes ficam por conta de rápidas explicações do narrador.
"É certo que eu não tenho um talento que muita gente possui, o de conversar facilmente com pessoas que não conheço. Não consigo encontrar o tom apropriado nem me fingir interessado pelos assuntos dos outros, como vejo acontecer frequentemente", disse o tímido Mr. Darcy.
É um livro tão bem escrito, tão poético.
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