Enzo.Baleeiro 30/09/2020
Maria Firmina e sua Úrsula.
Obra fenomenalmente importante para uma história da literatura afro-brasileiro. Inicialmente é bom ressaltar Maria Firmina e seu romance romântico como um sujeito ao longo da história, aparenta como um ideal de como foi a sociedade passada dos brasileiros pretos e africanos (que foram capturados e vendidos para o Brasil e outros cantos do mundo). Maria Firnima dos Reis, como praticamente a primeira mulher negra a escrever um romance (séc. XVIII) só foi notada sua relevância por volta de 1970-90, infelizmente (para mais detalhes recomendo o famoso Wikipédia). Bem... enquanto a obra em si, notam-se logo de cara personagens pretos, escravos, branco e africanos. O livro é um ultraromance, linguaguem enobrecida em todos os personagens e até não personagens (natureza), então para quem não está acostumado com um texto cheio de pronome "vós", já enfrentará uma certa dificuldade.
Enquanto a trama, já não me caiu muito bem, tudo parece tão mágico e nada realista (claro, romantismo), além de umas falhas (ex: parece que todo mundo anda lendo e recitando Bíblia, coisa que na época não era comum). Mas nada muito grave não, eu estaria sendo chato por considerar esses "erros". Maria termina por escrever um livro além de sua época, cheio de críticas ferozes ao sistema escravista, contendo muitos traços católicos, fez parecer que Deus é um personagem em muitos momentos, esse estando presente do inicio ao fim da narrativa. Outro ponto que me chamou atenção, foi que a personagem Úrsula não tem muito protagonismo na história, claro, ela é um núcleo muito importante, mas enquanto em termos de personagem ativo, que resolve problemas, me pareceu que ela é apenas um objeto sentimental. Esqueçendo os anacronismos, nossa autora tem um estilo narrativo melo-dramático, muito crítico a sua sociedade, considerado um marco histórico cultural, para quem quiser ler, acho que só isso basta.