O primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil, uma mulher negra e nordestina, em nova edição com textos de Preta Ferreira, Conceição Evaristo, Fernanda Miranda e Régia Agostinho, além de mais de 60 artes de Heloisa Hariadne. Durante uma exaustiva viagem pelo cerrado brasileiro, um jovem cavaleiro se acidenta. É encontrado por um negro escravizado que generosamente o resgata e o leva sobre os ombros até a propriedade mais próxima. Além deste laço improvável, outra ligação se forma: entre o cavaleiro convalescente e a bela Úrsula, moradora da casa a que ele foi levado para repousar.
A obra ganha potência e singularidade com os personagens negros e escravizados, como Túlio e Susana, que pela primeira vez na literatura foram retratados como indivíduos de valor e interesse para a narrativa, com um passado rico e subjetividades próprias. Mais que coadjuvantes, esses personagens usam sua voz para ativamente denunciar os horrores do regime escravocrata a que estão submetidos.
Publicado em 1859 pela maranhense Maria Firmina dos Reis, Úrsula foi o primeiro romance brasileiro escrito por uma mulher. Abolicionista, a autora desafiou a sociedade fortemente escravocrata de sua época. Um dos expoentes do Romantismo brasileiro, a obra vem sendo resgatada de um período de mais de um século de apagamento no meio literário.
A nova edição da Antofágica conta com ilustrações de Heloisa Hariadne e apresentação da multiartista e ativista Preta Ferreira. Os posfácios são assinados pelas professoras doutoras Fernanda Miranda (USP), especialista na obra de Maria Firmina dos Reis, e Régia Agostinho, pesquisadora da história econômica das mulheres no contexto da escravidão, e pela renomada escritora Conceição Evaristo.
Extra: Ao escanear com seu smartphone o QR Code presente na cinta, você tem acesso a duas videoaulas, uma para antes de ler e outra para após a leitura, com Lívia Natália escritora e doutora em Teoria da Literatura pela Universidade Federal da Bahia.
Ficção / Literatura Brasileira